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USP | Carta Aberta ao CeUPES: Organizar uma reunião aberta virtual do curso de Ciências Sociais

A USP se encontra em uma situação crítica hoje e mesmo com as dificuldades devido a quarentena, é fundamental a organização dos estudantes. Por isso, nós do Comitê Esquerda Diário da Sociais USP e da Juventude Faísca chamamos o CeUPES a fazer uma reunião aberta virtual a exemplo da que o CAELL realizou no curso de Letras, para que se possa discutir a profunda crise da pandemia no país e na USP.

quinta-feira 9 de abril de 2020 | Edição do dia

A USP se encontra em uma situação crítica hoje e mesmo com as dificuldades devido a quarentena, é fundamental a organização dos estudantes. Na própria Sociais, estudantes e turmas tomam medidas de fazer abaixo assinados e mandar e-mails aos professores se posicionando contra o Ensino a Distância (EaD). Porém, é necessária uma articulação maior para que possamos enfrentar essa questão. Por isso, nós do Comitê Esquerda Diário da Sociais USP e da Juventude Faísca chamamos o CeUPES a fazer uma reunião aberta virtual a exemplo da que o CAELL realizou no curso de Letras, para que se possa discutir a profunda crise da pandemia no país e na USP, bem como exigir posicionamentos firmes da diretoria da FFLCH contra a implementação do EaD e nos organizarmos para que os estudantes e trabalhadores, efetivos e terceirizados, da universidade sejam tratados com dignidade e não abandonados a sua própria sorte.

A crise, claro, não é só na USP. No Brasil, o SUS está enfraquecido após anos de cortes e, segundo o próprio Ministério da Saúde, deve colapsar ainda em abril. Enquanto a situação piora, Bolsonaro segue em sua cruzada negacionista, buscando acabar com a política de quarentena, mas se encontra cada vez mais isolado no cenário político e afastado das principais decisões do executivo que passam para as mãos de Braga Netto e dos militares de seu governo. Nessa situação, os governadores assumem o protagonismo da “oposição” no país junto ao Congresso com Rodrigo Maia, o STF e agora até Mandetta, apoiando a quarentena e defendendo “a ciência”, mas contido também pelos “árbitros” proeminentes da alta cúpula militar.

No entanto, esses governadores não fazem testes massivos, como até a OMS defende, e temos no Brasil uma subnotificação enorme e pessoas morrendo sem teste. Assim, fazemos uma quarentena às cegas. Esses mesmos governadores não fazem contratações emergenciais de profissionais de saúde, e não fornecem equipamentos de proteção individual (EPIs) suficientes para os que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.

Na universidade, os estudantes do CRUSP estão sofrendo com situações de falta de água, as marmitas oferecidas pela Reitoria já vieram com frutas podres e em quantidade insuficientes, além da falta de internet para se comunicar com suas famílias. A pior situação, no entanto, é das estudantes mães, que estão ficando com seus filhos em apartamentos apertados e impróprios para o necessário isolamento neste momento.

A Reitoria está tentando impor o EaD, e conta com o apoio de diversas diretorias de unidades, algumas das quais já implantaram o sistema e retomaram suas aulas. É um modelo que exclui diversos setores de alunos que não possuem acesso à internet de qualidade ou aos dispositivos para acompanhar o curso, ou mesmo aquelas que neste momento são obrigados a cuidar da casa e da família, ou os que estão sem condições psicológicas se seguir o curso.

Além disso, é um modelo que precariza a qualidade do ensino e da aprendizagem, bem como as condições de trabalho dos professores, alguns dos quais tem contratos precários e podem até ser demitidos, e funcionará como um teste para uma ampliação das matérias que já são em EaD como Libras, para a Licenciatura, significando um passo maior na privatização da universidade com empresas que já atuam dentro da própria USP. Nesse sentido, é fundamental que após a volta as aulas os três setores, professores, funcionários e estudantes, possam decidir como vai ser o calendário no retorno das atividades presenciais e não essa reitoria elitista.

O Hospital Universitário (HU) também vem sendo atacado nos últimos anos, com cortes de verbas que o levaram a fechar o atendimento para a população da Zona Oeste, que é a mais atingida da cidade pela COVID-19. Lá, faltam EPIs fundamentais, como máscaras e álcool gel, para os trabalhadores da saúde, que também faltam para funcionários da USP que ainda estão trabalhando. É preciso defender a contratação emergencial de funcionários para o Hospital para que atenda toda demanda sem sobrecarregar os trabalhadores e que os que se enquadram no grupo de risco possam ser liberados com remuneração integral e que sejam fornecidos os testes e os EPIs para o Hospital.

Os trabalhadores da USP, principalmente os terceirizados, também estão em uma situação muito difícil. Trabalhadoras terceirizadas da limpeza estão sendo obrigadas a trabalhar, e não estão recebendo luvas, máscaras e nem sequer álcool gel. E os trabalhadores terceirizados do bandeijão da Química seguem trabalhando para produzir marmitas para os estudantes, enquanto um trabalhador da EACH já morreu de COVID-19. É fundamental que estes trabalhadores também sejam liberados e os que sejam de serviços realmente essenciais, recebam a proteção necessária.

Mas existe disposição de se enfrentar com essa situação, dos trabalhadores de call-centers que se manifestaram, aos trabalhadores da USP que paralisaram e os casos já citados de estudantes se organizando sozinhos para se opor ao EaD. Por isso, mais que nunca o CeUPES deve funcionar como um espaço de organização para que isso possa se expressar no curso, e para que possamos combater esses ataques que estão vindo e os ataques que virão.

Nós do Comitê Esquerda Diário da Sociais USP nos apoiamos nas ações que as gestões Pulso Latino do CAELL (Letras) e Pra Poder Contra-Atacar CAPPF (FEUSP), onde nós do Esquerda Diário e da juventude Faísca compomos junto a estudantes independentes, que impulsionaram uma campanha de fotos exigindo testes massivos já, participando da ação de distribuição de kits de higiene na comunidade da São Remo, uma arrecadação virtual para as mães do CRUSP e saímos em apoio aos trabalhadores quando estes reivindicaram seu direito de fazer a quarentena ou de ter o mínimo de proteção no local de trabalho e chamamos todos a construírem conosco iniciativas como essa no curso.




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