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REORGANIZAÇÃO | Em reunião, governo de SP prepara "plano de guerra" para desqualificar e desmoralizar ocupações

Em reunião realizada nesse domingo, 29, Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete do secretário estadual de educação Herman Voorwald, reuniu cerca de 40 dirigentes de ensino do Estado de São Paulo para, segundo ele, preparar um plano de guerra que visa "desmoralizar e desqualificar o movimento" de estudantes secundaristas lutando contra a reorganização escolar.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

domingo 29 de novembro de 2015 | 18:53

Em áudio publicado pelos jornalistas livres é possível conferir na integra o conteúdo da reunião do chefe de gabinete do secretário de educação com cerca de 40 dirigentes da rede de estadual de ensino, que ocorreu em plena manhã de domingo. O objetivo central da reunião era preparar um "plano de guerra" para "desmobilizar e desqualificar" o movimento. Segundo o secretário nem sequer passa pela cabeça dos grandes chefes da política do governador recuar em relação a reorganização escolar e por esse motivo era necessário o apoio dos dirigentes escolares.

A regra era continuar com a política de fechamento das escolas e reorganização por ciclos, podendo rever casos pontuais, mas mantendo a essência do projeto que visa precarizar ainda mais o ensino público no estado. Para ele era necessário separar as ações políticas de ações educativas, como se o projeto que o governo quer implementar não fosse uma clara ação política, assim como a resposta dos estudantes ocupando suas escolas.Como se existisse essa separação artificial entre o político e o educativo.

Para barrar a mobilização dos estudantes eles planejam um verdadeiro plano de guerra, entre as estratégias discutidas na reunião está incentivar uma forte de pressão das diretorias, pais e alunos contrários as mobilizações, principalmente nas escolas com maiores dificuldades de articulação. Essa pressão se daria por meio da ida às escolas nessa segunda feira, cujo objetivo seria fazer com que os estudantes desistissem da luta. Disse ainda que independente desta medida, seria necessário pensar uma ação ao longo da semana. Nesses grupos que iriam a escola, o representante do governo fala abertamente de usar a polícia e a juventude do PSDB como tropa de choque.

Os representantes do governo declaram abertamente que a estratégia do governo é fingir que eles estão dispostos ao diálogo, criando a falsa impressão na sociedade de que a intransigência está com os estudantes em luta. Para isso propôs que os dirigentes e ensino entregassem cartas que buscassem ouvir as propostas dos estudantes, claro que utilizando-se daquele filtro artificial de separar questões políticas das questões educacionais e a realização de uma farsa de "audiência pública" que servisse pra ganhar ainda mais aliados. Uma audiência que na prática não serviria pra ouvir os estudantes em luta, mas pra confrontar a opinião do governo com a dos estudantes. Nessa audiência as vagas seriam controladas e os setores favoráveis a reorganização teriam presença garantida.

A ordem geral é utilizar "táticas de guerra de guerrilha" (sim, estes são os termos utilizados) para intensificar a política e de pressão e convencimento dos pais a respeito do projeto do governador e ir consolidando aos poucos a reorganização escolar, divulgando dados e utilizando-se da mídia burguesa pra manipular a opinião pública. Uma verdadeira guerra de informação como colocou o acerbisbo da igreja católica, Dom Odilo Scherer, que procurado pelo governo declarou que esse movimento visava "desviar o foco de Brasília". Quando na verdade boa parte desse movimento também é contra a política de precarização do ensino que vem sendo implementada nacionalmente, seja pelo governador Geraldo Alckmin, pelo governo Dilma e o PT ou pelos demais partidos da ordem. Isso demonstra como o governo do estado vem apelando para todas as forças políticas capazes de mudar a opinião pública e como o alto escalão da igreja católica tem seus interesses vinculados aos governantes.

O objetivo do governo nas palavras do próprio chefe de gabinete é "desmoralizar e desqualificar o movimento". Movimento esse que começou com atos espontâneos desde o anúncio da reorganização e a três semanas desencadeou uma série de ocupações, sendo que hoje quase 200 escolas ocupadas. Essa mobilização conquistou o apoio de diversos setores da sociedade e foi isso que despertou tantas manobras do governador.

A articulação do governo só comprova como se faz ainda mais necessário o fortalecimento do comando de articulação das escolas mobilizadas para dar uma resposta unificada dos estudantes ao governo. Essa articulação permitiria pensar medidas para fortalecer as escolas ocupadas que seriam os alvos prioritários dessa nova medida que o governo quer implementar. Além disso os estudantes unidos poderiam chamar uma coletiva de impressa dando sua versão dos fatos, mostrando com quem realmente está a intransigência nesse caso ou convocar atos unificados, como os que aconteciam no Chile em 2011. Esses atos serviriam para parar a produção e a circulação impactando diretamente no setor econômico, mas também poderia transformar todo apoio passivo de milhões de pessoas em uma ação organizada e coordenanda nas ruas, conquistando dessa forma mais e mais apoio para a luta me defesa da educação de qualidade e gratuita.




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