Reproduzimos aqui denúncias de trabalhadoras da enfermagem que paralisaram e fizeram um ato na última quarta-feira no Rio de Janeiro com centenas de enfermeiras, técnicos e auxiliares. Por questões de segurança, as trabalhadoras preferem não se identificar.
quinta-feira 15 de setembro de 2022 | 13:46
Trabalhadora 1:
“Eu acredito que posso falar de toda a enfermagem que a palavra que define é desrespeito. Largamos nossa família em casa para cuidar de outras famílias e no momento em que a gente teria oportunidade de ser valorizado depois que muitos perderam suas vidas seria o momento para sermos valorizados, o momento da valorização, mas nem isso fez valer a pena o nosso trabalho. É um desrespeito, deixamos de sermos os heróis da saúde que chegamos para lutar em meio à pandemia de covid, CTI de covid, vendo milhares de pessoas morrendo, de ser essas pessoas essenciais para sermos aqueles que “não são isso tudo mais”, isso que temos escutado. “Eles não são isso tudo, tem outros profissionais que tiveram importância”, isso é verdade, mas não quer dizer que não temos nosso devido valor”.
Trabalhadora 2:
“Trinta anos que estamos sem aumento, estou começando agora nessa profissão, mais ou menos um ano e estou lutando por toda a categoria. Não foi só na pandemia, a gente sempre esteve de frente, sempre saiu das nossas casas para cuidar do próximo, sempre deixou filho, deixou mãe. Isso foi aprovado por pura política, desse Ministro Barroso, que por conta de política vetou o piso. A minha indignação está sendo essa. A favor da enfermagem e da população. Se a gente parasse 24 horas de fato aí queria ver como ficaria. Seja em uma unidade de emergência, ou em uma clínica da família, onde trabalho, nós deixamos 4 funcionários lá e não está funcionando do mesmo jeito. Para tentar conseguir o piso, apesar de não concordar pela forma como foi aprovado, mas é o que temos que conseguir nesse momento”.
Trabalhadora 3:
“Sou da área da saúde há quinze anos. Quinze anos como técnica, eu sou da atenção primária. Sou completamente desvalorizada, sem proteção nenhuma, a verdade é essa, e no momento que a gente quer reivindicar sobre o nosso piso salarial, é um direito nosso. Se um médico ganha vinte e cinco, trinta mil, o que é um técnico? Ganhar três mil trezentos e trinta e cinco. A enfermagem vai parar, isso que eu tenho a dizer, ela já parou, sem enfermagem o mundo não funciona”.
Nós do Esquerda Diário nos solidarizamos com a luta pelo piso salarial e repudiamos esse ataque do ministro do STF Luis Barroso.
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