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TRAGÉDIA EM SP | A ideologia de extrema-direita de Tarcísio e Bolsonaro é responsável pela misoginia e violência contra professoras

terça-feira 28 de março de 2023 | Edição do dia

A tragédia na escola Thomazia Montoro doeu em cada um de nós. A imagem da professora Elizabeth, de 71 anos, está gravada na nossa memória. Assim como a da brava professora Cintia que, num ato de extremo cuidado e entrega ao ambiente escolar e, em última instância, um grande ato de solidariedade de uma professora à nossa classe, se arriscou para salvar uma colega e imobilizar o agressor, tirando de sua mão a faca usada para atacar professores e estudantes e assassinar a professora Elizabeth.

Nas escolas de todo país, na televisão e nos jornais, nos grupos de WhatsApp e redes sociais, esse foi o tema mais importante do dia e certamente continuará sendo. Seguirá nos atos em solidariedade, nas ações em diversas escolas em homenagem às vítimas, na revolta das professoras e professores que já não aguentam mais viver situações trágicas como essa dentro das escolas.

O tema seguirá também na boca e nos planos daqueles que são os mais profundos responsáveis por fabricar tragédias como essa: o Estado brasileiro, seus governos e a sua burguesia. Esses são os que, ano após ano, alimentam o discurso de ódio contra os professores, nos culpam pela precarização do ensino e nos reprimem todas as vezes que lutamos pela educação da nossa juventude. Isso ocorreu nos vários anos de governo do PSDB com Alckmin e só se aprofundou nos anos de avanço da extrema direita, do movimento Escola sem Partido e de governo Bolsonaro. Também são os mesmos que colocaram a educação na mais extrema precarização e degradação com as reformas, principalmente a do Ensino Médio, com as privatizações e os ataques ao conjunto da população, que segue amargando a fome, desemprego, trabalho precário e pobreza. Essas são questões sociais que refletem drasticamente no cotidiano escolar e que também são reveladas no fato da professora Elisabeth, ainda aos 71 anos, ter continuado a trabalhar, como é a realidade de muitas professoras.

O discurso de ódio de Bolsonaro e dos bolsonaristas estimula a violência nesse ambiente e, consequentemente, pavimenta um solo fértil para que ideias como as dessa repugnante extrema direita se desenvolvam enquanto ideologia. Não é por acaso que repressão e policiamento ostensivo dentro das escolas é a resposta dada pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas e pelo privatizador secretário de educação Renato Feder.

Querem que a mesma polícia que reprime, oprime e assassina os jovens nas periferias esteja também no ambiente escolar. Querem que acreditemos que a solução para os problemas e para a crise que eles mesmos criaram, seja seu braço armado, a polícia que espanca professores em greves e mobilizações por melhorias na educação. Vindo do governador Tarcísio de Freitas não é uma novidade, já que a sua única política para a juventude é o encarceramento através da redução da maioridade penal, que defendeu ainda em campanha eleitoral. Para eles a equação é simples: precarizam a vida, esvaziam de sentido a educação e fazem das escolas caldeirões cheios de contradições, prestes a explodir, para depois responder com a militarização e repressão aos estudantes. São incontáveis os casos de violência, assédio e opressão dentro de escolas controladas por militares. Querem nos fazer engolir essa falsa e absurda medida como suposta solução para nossa revolta e tristeza com o que vivemos hoje.

Essa resposta do governo é diretamente a criminalização dos nossos estudantes, de forma a nos dividir dentro das escolas, como se o grande problema desse imenso caos que vivemos fosse da juventude. A situação precária das escolas não é percebida somente nas gigantescas rachaduras das paredes e nos buracos na lousa. Também está na condição de salas de aulas lotadas, na falta de funcionários, na exaustão dos professores e num ensino médio que literalmente empurra os estudantes para fora das escolas para trabalhar e abandonar o ensino. Nas escolas convivemos com a fome, o desemprego e subempregos das famílias, uma educação totalmente esvaziada de sentido, crianças e adolescentes que adoecem psicologicamente sem que a escola possa ser uma base de apoio, com profissionais da saúde e da assistência social, sem boa alimentação.

Como é possível um professor identificar casos de problemas psicológicos ou comportamentais lidando com 40 alunos por sala? Tendo que se dividir em 7, 10, 14, 16 turmas e tendo quase 700 alunos por ano? Mas ainda assim, muitos casos são identificados e as escolas nada podem fazer por não ter a menor condição.
A tragédia na Escola Estadual Thomazia Montoro precisa ser um alerta que nos faça lutar por uma escola com sentido; esse sentido, no capitalismo, esse sistema brutalizante, é o sentido da luta e da nossa união por demandas necessárias, que podem evitar manhãs como essa nas escolas.

Precisamos de contratação imediata de psicólogos e profissionais de saúde e de assistência social que estejam dentro das escolas, para professores e alunos. Contratar mais e efetivar todos os professores, agentes escolares e funcionários terceirizados. Revogar integralmente o desastre chamado Novo Ensino Médio e o conjunto das reformas, conceder auxílios e bolsas aos estudantes, para que não deixem de estudar para trabalhar e principalmente atender alunos em extrema vulnerabilidade social.

A nossa mais profunda e contínua solidariedade às vítimas e à comunidade escolar da Escola Estadual Thomazia Montoro será a nossa união dentro das escolas para colocar de pé a nossa resistência, e levar para fora nossa dor e revolta. Assim podemos fazer jus ao ato de heroísmo da professora Cintia, que nenhum Feder ou Tarcísio de Freitas podem tirar de nós através de demagogias românticas e falsas com a enorme cara de pau de quem criminaliza a educação, a juventude e os professores, e fomenta essa extrema direita policialesca.

Essas demandas só podem ser conquistadas através da nossa mobilização independente dos governos. Por isso, já passou da hora da Apeoesp, Sinpeem e todos os sindicatos da educação organizarem em cada unidade escolar debates, reuniões e ações contra os ataques e constantes perdas que vivemos todos os dias na educação.

Toda a nossa solidariedade à comunidade escolar da EE Thomazia Montoro, à família e aos amigos da professora Elisabeth! Estaremos ombro a ombro em cada luta e demonstração de força que precisamos ter agora para batalhar por nossas demandas, contra a ideologia da extrema direita e a precarização.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil




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