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Metrô de SP | A luta em defesa da sede do Sindicato dos Metroviários de SP: um balanço necessário

No dia 15/12 os metroviários de SP realizaram sua última assembleia do ano. O tema principal foi a sede do sindicato, e o Movimento Nossa Classe defendeu a unificação da luta em defesa da sede histórica com as lutas pelos steps, equiparação e contra a terceirização no metrô.

sexta-feira 23 de dezembro de 2022 | Edição do dia

Por 494 votos a 347 votos, venceu a proposta da maioria da diretoria de entregar a sede histórica do nosso sindicato para a construtora que comprou o terreno num leilão viciado. Foi aprovada também a compra de um novo espaço. Com o argumento de que a justiça determinou o pagamento de um aluguel caro que pesaria para o sindicato, as demais correntes que compõem a diretoria do sindicato (Resistência, PSTU, CST, MES, LS) defenderam aceitar um acordo proposto pela construtora, que ofereceu a anistia de 6 meses de aluguel, mais 500 mil reais, pela entrega da sede até março. Mas ao mesmo tempo defenderam comprar um prédio para uma nova sede, o que também pesará financeiramente para o sindicato. Sobre isso argumentaram que teríamos agora uma sede que é nossa - mas nós já temos uma sede que é nossa, como viemos argumentando em todos os materiais do sindicato no último ano, os trabalhadores construíram esse prédio e o ocuparam por 30 anos, ele é nosso! É a justiça que nega isso, e nossa luta é para impor pela força que ela reconhecesse esse fato, não podemos nós “reconhecer o contrário” e afirmar que essa sede não é nossa.

Mas o pior argumento foi o de que entregando a sede agora poderíamos nos concentrar melhor na luta contra os ataques à categoria como o calote dos steps e das equiparações, e que essa deveria ser a prioridade. Esse argumento repete o erro que nos trouxe até aqui: em 2021 o ataque à sede foi anunciado logo antes de nossa campanha salarial e da greve que fizemos. Naquele momento a maioria da diretoria do sindicato, a começar pela burocracia da CTB (PCdoB/PSB) e da CUT (PT), mas também as demais correntes da atual diretoria, defenderam que não se deveria misturar a defesa da sede com nossa campanha salarial e nossa greve, com a hipótese que a empresa ameaçava a sede para colocar um “bode na sala” e depois usá-la como moeda de troca para negociar a retirada de direitos. Nós do Movimento Nossa Classe defendemos que a luta pela manutenção da sede histórica do nosso sindicato fosse parte da campanha salarial e da greve por nossos direitos, porque são ataques que de conjunto buscam enfraquecer a categoria atacando por um lado nossa capacidade de organização sindical e por outro levando a frente o projeto privatistas de desmonte do metrô estatal e ataque às condições de trabalho. Se provou que o ataque à sede era para valer, e se perdeu a oportunidade de aproveitar o momento de maior mobilização dos últimos dois anos para responder ao ataque à sede, que vinha justo naquele momento. Até no tribunal, após a greve, foi dito por um desembargador que a sede do sindicato não poderia ser tratada ali porque não era pauta da greve.

Tudo isso também deixa muito clara a demagogia dos setores da burocracia sindical, da recente Chapa 1 (PCdoB, PSB, PT e UP) de se colocar contra a entrega da sede só para desgastar a atual diretoria, sendo que foram os principais responsáveis por essa política. Além disso, os setores majoritários deste grupo (PCdoB/CTB) dirigem historicamente esse sindicato na maior parte das últimas 3 décadas, e em nenhum momento atuaram para impor à empresa e à justiça o reconhecimento de que a sede é nossa

Por isso, na assembleia defendemos fazer mais uma tentativa de defesa da sede, unificando essa pauta com a luta pelo pagamento dos Steps, pela PR e contra a terceirização, no início do ano.

Veja a defesa de Felipe Guarnieri, do Movimento Nossa Classe, minoria da diretoria do Sindicato dos Metroviários:

Consideramos um erro importante a maioria da atual diretoria ter defendido a entrega da sede, dada a importância política da defesa de nossa sede histórica, dita há anos pelas mais diversas forças políticas como a “casa dos trabalhadores”, espaço construído pela classe operária e terreno de tantas lutas. Não testaremos na prática a força que poderia ter no ano que vem uma luta unificada pelos steps, PR e contra as terceirizações aliada a luta pela manutenção da sede, que tem o potencial de atrair muitos aliados, desde parlamentares, movimentos sociais e o movimento sindical que por diversas vezes se pronunciou em defesa do espaço do sindicato.

Entraremos esse próximo ano com o governo de extrema direita de Tarcísio de Freitas, que se elegeu apoiado em Bolsonaro e que aponta para se tornar uma grande referência da extrema direita no país, ainda mais governando o principal estado da federação que buscará que seja a vitrine do projeto ultra neoliberal e privatizador. Por isso, neste ano será mais importante do que nunca buscar a unificação das lutas, dentro e fora do metrô, começando por unificar as áreas para responder de maneira conjunta a todo ataque e buscando aliados em outras categorias do estado como os trabalhadores da CPTM, rodoviários e demais categorias assim como construirmos fortemente essas lutas em aliança com a população que mais sofre com a privatização e precarização dos serviços promovida pelos capitalistas.




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