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Eleições 2022 | A mesma PRF que assassinou Genivaldo e Lorenzo impede pessoas de votar no Nordeste

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) que estava impedindo as pessoas de votar no Nordeste é a mesma instituição racista que assassinou Genivaldo com uma câmara de gás improvisada em uma viatura, que arrancou friamente o futuro de Lorenzo, menino de 14 anos que trabalhava como entregador de lanches no Complexo do Chapadão (RJ). Pelo fim das operações policiais: unir a luta negra com trabalhadores e estudantes por justiça por Lorenzo e Genivaldo!

domingo 30 de outubro de 2022 | 21:48

“Até o lanche que o menino vendia falaram que o policial comeu. Isso é covardia!”. Disse um morador do Complexo do Chapadão em protesto, dilacerado com a morte de Lorenzo pela PRF e revoltado com a tragédia cotidiana que atravessa a vida da população das comunidades no RJ, que sofrem com a política de Bolsonaro e Cláudio Castro, inimigos de morte da classe trabalhadora e do povo negro, com suas mãos sujas de sangue! Mesmo estado assassino que matou Marielle e Anderson! O discurso da defesa da PRF é de que Lorenzo atirou contra os policiais, sem comprovação nenhuma de testemunhas, o que reforça a opinião de Bolsonaro expressa no primeiro debate do segundo turno na TV Globo, de que nas comunidades só tem bandido. O rechaço ao povo das comunidades junto com a falsa guerra às drogas são responsáveis por vitimar tantas outras vidas precocemente, como Agatha e João Pedro.

Genivaldo de Jesus dos Santos também foi vítima da PRF este ano em Sergipe. Por pilotar sem capacete sua motocicleta, Genivaldo foi preso no porta-malas de uma viatura policial e assassinado asfixiado dentro de uma câmara de gás improvisada, em plena luz do dia, uma referência direta aos métodos nazistas de tortura! O mais puro suco da base racista do governo Bolsonaro e dessa extrema direita que tem como objetivo atacar negros e todos os setores oprimidos. Os assassinos de Genivaldo seguem impunes, principalmente após o sigilo de 100 anos imposto também pela PRF aos processos administrativos dos policiais envolvidos no caso. Só uma investigação independente é capaz de fazer justiça por Lorenzo e Genivaldo, através dos métodos de auto-organização dos trabalhadores e estudantes junto com o povo negro.

Valéria Muller, trabalhadora e estudante da UFRGS, militante do MRT e fundadora do Grupo de Mulheres Pão e Rosas no RS, denunciou o absurdo da PRF:

Esta é a cara da PRF brasileira que hoje foi responsável por dirigir operações policiais contra os veículos destinados ao transporte público de eleitores. 49,5% é a porcentagem das operações realizadas pela PRF no estados do Nordeste. O destino da maioria das operações na região que mais odeia Bolsonaro e sua corja não é aleatório. Quiseram impedir o Nordeste de votar e o diretor da PRF, Silvinei Marques, que é abertamente Bolsonarista, declarou ontem às vésperas da eleição seu apoio ao atual presidente. Das 549 operações policiais registradas, 272 (49,5%) ocorreram no Nordeste, 122 no Centro-Oeste (22,22%), 59 no Norte (10,7%), 48 no Sudeste (8,74%) e 48 no Sul (8,74%). Em 2018, com as eleições manipuladas, o sequestro de votos do Nordeste através da biometria pelo TSE foi um fator decisivo, em conjunto com a prisão e proscrição de Lula pelo STF.

A extrema direita se mostrou nos últimos dias também através da reacionária Carla Zambelli (PL) que perseguiu um jornalista negro com uma arma na mão em plena luz do dia nas ruas de São Paulo; pelo caso do bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) que é a prova da base do presidente e do que ele produz no país e que teve a liberdade de atirar de fuzil e de jogar granadas contra os policiais. O tratamento ameno e tranquilo recebido pelos dois só demonstra qual a função da polícia no Brasil: exterminar o povo negro e proteger a propriedade privada.

É assustador ver as cenas do assassinato de Genivaldo. É dilacerante olhar a foto de Lorenzo sorrindo e saber que ele entrou pra o número de adolescentes negros vítima da polícia racista que só serve para defender os interesses do Estado burguês, com mais uma mãe vendo seu filho morto no chão depois de guardar a mochila após o trabalho. Mas além de triste, é revoltante! E precisamos transformar nossa revolta e nossa tristeza em luta, por justiça por Lorenzo, Genivaldo, Agatha, João Pedro, Marielle, Anderson, e todos aqueles que pagaram com suas vidas pela manutenção desse sistema capitalista que nasceu no trabalho escravo do povo negro.

O levante do Black Lives Matter nos EUA incendiou o país por justiça por George Floyd e mostrou o caminho de como lutar contra a polícia racista. Que a luta negra junto aos trabalhadores, estudantes, todos os setores oprimidos, organizem a luta pelo fim das operações policiais, contra o avanço da extrema direita que ocupa cada vez mais espaço nas instituições políticas no país, o que ficou ainda mais nítido após o resultado do primeiro turno. Que as centrais sindicais e estudantis da CUT, UNE e CTB (dirigidas majoritariamente pelo PT e PCdoB) organizem a luta em cada local de trabalho e estudo para darmos um golpe central contra a PRF, Bolsonaro e todo o chorume que representam esses setores, sem aliança com a direita e na contramão dos métodos conciliatórios do PT que hoje se une com Alckmin, a FIESP, Febraban e o acusado de trabalho análogo à escravidão, Flávio Rocha, dono da Riachuello.




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