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Violência contra a mulher | Absurdo! No DF, um feminicídio ocorre a cada 16 dias. 76,1% dos casos ocorrem dentro de casa.

Em 76,1% dos casos, as agressões ocorrem dentro de casa. Desde o começo do ano, foram cinco casos de morte de mulheres em razão de gênero. Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em 2021, a cada 14 dias, uma mulher foi vítima de femincídio no Distrito Federal e, a cada 24h, outras 45 foram vítimas de violência doméstica. Em 2022, uma mulher é morta a cada 16 dias. Somente a luta das mulheres trabalhadores pode impor justiça e pavimentar o caminho para uma sociedade sem exploração e opressão, de ruptura com o capitalismo!

quarta-feira 23 de março de 2022 | Edição do dia

Imagem: Brasil de Fato/ Divulgação

Neste último fim de semana, mais duas mulheres passaram a integrar as estatísticas da misoginia assassina: uma moradora de Planaltina, em Arapoanga, foi esganada e morta pelo marido, enquanto outra foi esfaqueada pelo ex-companheiro, em Sobradinho, e luta pela vida no Hospital Regional de Sobradinho (HRS).

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Segundo informações da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios (CTMHF) da SSP-DF, desde março de 2015, quando entrou em vigor a Lei do Feminicídio, até o mês de janeiro de 2022, 76,1% dos casos ocorreram dentro das residências (leia Misoginia em números).

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Em 85,9% dos casos, os autores dos crimes eram maridos ou companheiros das vítimas. "Os dados revelam, ainda, que em 84,3% dos casos a motivação foi o sentimento de posse ou ciúme. Em 99,3% dos casos, os crimes foram elucidados com identificação do autor. De março de 2015 a janeiro de 2022, 70,6% das vítimas não haviam registrado ocorrências anteriores de violência doméstica", informa a SSP-DF.

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O caso de Sobradinho 2 combina os elementos desse levantamento. Depois de três meses de separação, um homem de 45 anos esfaqueou a ex-companheira, 41 anos, no abdômen, na Vila Buritis. Segundo o delegado-chefe da 13ª DP (Sobradinho), Hudson Maldonado, o casal teve um relacionamento que durou 13 anos. "Ele dizia para a vítima que se ela arrumasse outro companheiro, ele a mataria", conta Maldonado. A irmã da vítima relatou que o homem era ciumento e tinha episódios recorrentes de violência.

Durante um encontro familiar na casa da ex-companheira, o agressor inconformado com a separação compareceu ao local e ficou sentado em frente à casa, no meio fio. A vítima foi ver o que se passava e o homem a ameaçou. "Em dado momento, [ele] tirou a faca e a agrediu na altura do abdômen", conta. A mulher foi atendida no hospital em estado grave e passou por cirurgia. Apesar de episódios anteriores de agressão, a vítima ainda não havia feito registros de ocorrência policial contra o ex-companheiro.

Em Arapoanga, na manhã do último domingo (20), Silvestre Pereira, 44 anos, matou esganada a companheira Joana Santana Pereira dos Santos, 41 anos, e tentou se matar logo depois. A mulher deixou quatro filhos, entre seis e 19 anos. Segundo informações, o crime aconteceu pela manhã, no quarto do casal, enquanto as crianças menores dormiam nos outros cômodos. Antes de tentar suicídio, Silvestre ligou para um dos irmãos e confessou o crime.

Silvestre ligou para o irmão e disse que estava muito endividado, devendo para agiotas de Planaltina e que eles o estavam ameaçando de morte. E por causa disso teve uma discussão com a esposa (Joana) e disse que tinha feito besteira. Ele contou ao irmão que acabou matando ela e que ia se matar. O irmão acionou a polícia e ligou para outro familiar. Quando a polícia chegou, com os irmãos de Silvestre, encontrou as crianças dormindo sem saberem de nada. No quarto do casal a mulher estava morta, com marcas de esganadura e Silvestre tinha marcas de uma facada no estômago e outra no pescoço, mas ainda respirava.

Esses dados e esses fatos revoltantes atestam mais uma vez como o cotidiano das mulheres é marcado pela violência sistemática de uma sociedade misógina e patriarcal; uma violência que vem desde o trabalho doméstico não remunerado, perpassando a desigualdade salarial, afetando principalmente as mulheres negras, da não punição dos agressores e da falta de assistência mínima para as mulheres que sofrem essas agressões, entre outros absurdos.

Essa ideologia patriarcal perpassa todas as instituições do Estado, e todas essas instituições estão de mãos dadas para promover os ataques contra os trabalhadores e em especial contra as trabalhadoras. Somente a unidade pela base entre homens e mulheres, negros e brancos, organizados em luta nos seus locais de trabalho e de estudo pode dar uma saída, pois para combater a violência de gênero não podemos confiar na burguesia, no Estado burguês e muito menos nas alianças com a direita, como o PT e Lula fazem com Alckmin. Só podemos confiar na luta independente das mulheres trabalhadores para impor justiça e para pavimentar o caminho para uma sociedade sem exploração e opressão, de ruptura com o capitalismo!




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