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Bonapartismo judiciário | Alexandre de Moraes autoriza buscas contra empresários bolsonaristas, mas não é um aliado

Alexandre de Moraes como peça chave do bonapartismo judiciário, com autoritarismo e nova localização no cenário político eleitoral, determinou buscas nos endereços de empresários bolsonaristas por alusões golpistas. Porém, longe de ser uma alternativa de combate à extrema-direita, encarna o fortalecimento repressivo de um pilar do regime que, como em suas medidas contra o PCO, logo irá se voltar contra a esquerda e os trabalhadores.

terça-feira 23 de agosto de 2022 | Edição do dia

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é peça chave do autoritarismo judiciário, determinou que a polícia federal cumprisse com os mandados de busca e apreensão no endereço de oito empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo de um app de mensagens.

Esta manhã em 5 estados brasileiros foram realizados os pedidos de mandado, a decisão na verdade foi tomada na sexta-feira (19), mas apenas hoje eles foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Santa Catarina. O ministro também determinou que junto as buscas que os investigados tenham:

  •  bloqueio das contas bancárias dos empresários;
  •  bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais;
  •  tomada de depoimentos;
  •  quebra de sigilo bancário.

    Os empresários investigados e alvos da operação de hoje são:

    Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu); Ivan Wrobel (W3 Engenharia); José Isaac Peres (Multiplan); José Koury (Barra World); Luciano Hang (Havan); Luiz André Tissot (Sierra); Marco Aurélio Raymundo (Mormaii); Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).

    É preciso investigar e combater todos esses empresários, árduos defensores do pior do bolsonarismo. Porém, o STF e o poder judiciário não pode substituir a mobilização e luta da classe trabalhadora nessa batalha. Já demonstraram inúmeras vezes que não estão do nosso lado da barricada, com autoritarismo e medidas anti-operarias de forma cada vez mais aberta, desde o golpe institucional em 2016, passando pela prisão arbitraria de Lula, que sempre denunciamos aqui (mesmo sem prestar apoio político ao PT), ao endosso das reformas capitalistas, ameaças de censura de aplicativos de conversa, assim como o ataque ao PCO, que teve o próprio Moraes à frente, supostamente contra as "fake news".

    Moraes promoveu uma posse no TSE com a presença de Bolsonaro, Temer, Lula, Dilma, Sarney, além de muitos governadores e figuras asquerosas do regime. Uma imagem que representa uma política de repactuação do regime político após a fratura do golpe de 2016, e quatro anos de governo Bolsonaro, que tem como objetivo manter todos os ataques, reformas e privatizações contra as massas trabalhadoras e populares.

    Não podemos confiar em Alexandre de Moraes, nem no STF para combater a extrema direita

    Nas mensagens os empresários falam sobre golpe caso Lula ganhe as eleições, um discurso contra as urnas e as eleições que Bolsonaro faz, já não é de hoje, mas diante do novo cenário de disputa acirrada para outubro. Na esteira do trumpismo, os desejos golpistas ganham carne nesses setores mais reacionários da burguesia brasileira.

    A ação judicial foi formulada por um grupo de advogados e entidades, que apresentaram ao STF um pedido de investigação contra os empresários no inquérito que apura a atuação das milícias digitais contra a democracia e as instituições. Apesar da válida necessidade de investigações e ações contra a corja empresarial bolsonarista, esse organismo é o mesmo que estalou a CPI da COVID, que no fim livrou a cara de Bolsonaro mostrando que não houve resultados concretos mesmo com todo negacionismo e negligencia escancarados por parte de Bolsonaro. Restou que seu objetivo foi lavar as mãos do congresso e do STF diante das 600mil mortes fruto desse desgoverno.

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    Agora Moraes quer aparecer como o homem honesto que combate o mal, se colocando contra Bolsonaro. Com sua posse, na semana passada, como ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes mostra que as cartas ainda estão sendo postas para o jogo das eleições.

    Precisamos com independência de classe, sem ilusão que parte da direita como Alckimin ou o STF estão ao lado da democracia ou que os problemas de nossa classe se resolveram ao lado desses setores. Só a força da mobilização dos trabalhadores, aliado aos setores oprimidos e as camadas exploradas da sociedade é que pode derrotar o bolsonarismo e os ataques, impondo uma constituinte livre e soberana que ponha fim ao STF eleito por ninguém, com cargos de mais de 30 anos, para que possamos revogar o conjunto das reformas como a da previdência, a trabalhista e os cortes orçamentários, e mudar radicalmente as regras o jogo para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.




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