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Antonia Barra: mulheres chilenas saem às ruas contra a Justiça machista e racista

Antonia foi estuprada durante uma viagem com amigos. Ela guardou o crime por 3 semanas até se matar. A Justiça chilena alegou que o estuprador “tinha bom comportamento” e por isso não precisava ser preso, então ficaria em detenção domiciliar. Martín Pradenas, entretanto, já é investigado por outros cinco casos de abuso sexual e estupro de jovens mulheres.

sábado 25 de julho de 2020 | Edição do dia

Nem o isolamento social impediu que centenas de mulheres chilenas a saírem às ruas contra a justiça no caso de Antonia Barra.
Antonia foi estuprada durante uma viagem com amigos. Ela guardou o crime por 3 semanas até se matar.

Apenas um dia antes da audiência judicial, foi publicada uma espécie de raio-x do assédio no Chile, onde se dizia que mais de 90% das mulheres vivem situações de diferentes tipos de assédio no país.

A Justiça chilena? Afirmou que o estuprador “tinha bom comportamento” e por isso não precisava ser preso, então ficaria em detenção domiciliar. Entretanto, Martín Pradenas já é investigado por cinco casos de abuso sexual e estupro de outras jovens mulheres.

Depois de ter visto o vídeo em que estavam Antonia e Martín, no qual ele a empurra diversas vezes enquanto caminham, o juiz, absurdamente, diz: ’Só vejo um casal andando’.

E se fossem um casal? O estupro ou a violência seria permitido? Para o juíz, sim.

A Justiça mostra todos os dias de que lado está. Com a misoginia própria desse sistema, até hoje, são os mesmos que não legalizaram o aborto seguro e gratuito para evitar a morte de milhares de mulheres por ano, em sua maioria negras e sem condições financeiras de fazer aborto em clínicas caras e seguras.

Esse, infelizmente, é só mais um caso nesse sistema dentre centenas, todos os dias, no qual as mulheres são submetidas à situações tão degradantes como estupros e feminicídios. A relação entre o machismo e o capitalismo é profunda. O patriarcado é uma estrutura inerente e fundamental ao capitalismo, já que, com essa opressão é possível submeter as mulheres, principalmente negras, aos piores postos de trabalho e com salários menores, podendo, dessa forma, lucrar mais. Ou às tarefas domésticas e cuidado das crianças e idosos, o isentando do que é responsabilidade do Estado.

Juízes que ganham milhares de reais não defendem os mesmos interesses que a classe trabalhadora, pelo contrário. Encarcera os negros e pobres, mas encoberta estupros e assédios.

No Brasil, a Justiça finge ser oposição ao governo Bolsonaro, mas, assim como ele, atende diretamente aos interesses dos ricos e grandes empresários. Seu papel não é nem nunca foi amparar os oprimidos.

Exigimos, junto às mulheres chilenas, Justiça por Antonia e uma comissão independente de mulheres com especialistas de gênero para julgar os casos. Além de realizar campanhas de educação sexual e a formação de comissões de gênero nos locais de trabalho, escolas, institutos e universidades para debater todas as opressões.

As mulheres são as que mais sofrem com esse sistema, não poderia não serem elas a linha de frente para a construção de uma outra sociedade. Aquelas que tremeram as ruas com o grito de NENHUMA A MENOS. Devemos nos organizar para exigir justiça a todas as vítimas desse sistema machista, patriarcal e racista, pois é a única maneira de enfrentar um justiça que nos lança à morte, por ser mulher, por ser pobre, por ser negra, por ser indígena.




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