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VENEZUELA | Aos pés do imperialismo: Guaidó se reúne com Mike Pompeo na Colômbia

Um ano após a fracassada tentativa de coroar Guaidó como “presidente interino”, com o apoio e ingerência absoluta dos Estados Unidos, nesta segunda o secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, reúne-se novamente com Guaidó para mostrar que o seu apoio ainda segue vigente.

terça-feira 21 de janeiro de 2020 | Edição do dia

Apesar de que as saídas de Juan Guaidó do país não sejam surpresa para o Governo de Maduro, este domingo foi notícia a presença de Guaidó em Bogotá aparecendo em uma reunião com o presidente colombiano, Iván Duque, e para participar esta segunda da chamada III Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, inspirada pelos Estados Unidos e que contará com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo. Guaidó foi recebido por Duque com honras de chefe de Estado, buscando dar relevância e reconhecimento ao autoproclamado “presidente interino” da Venezuela.

Esta é a segunda vez que o Guaidó deixa a Venezuela para a Colômbia. Foi em 22 de fevereiro do ano passado, quando chegou à cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, de onde liderou a fracassada operação “Ajuda Humanitária” como parte das iniciativas golpistas que havia iniciado exatamente um mês antes, incentivado pelos Estados Unidos após o reconhecimento automático de Donald Trump como “presidente interino” do país. Seu retorno à Venezuela após um tour por vários países foi normalmente feito através da entrada do Aeroporto Internacional sem que o governo de Maduro tomasse qualquer ação, apesar do impedimento formal que ele tinha e ainda tem que deixar o país.

A principal razão da atual saída de Guaidó aponta mais para um encontro com Mike Pompeo, que está na Colômbia para a “Conferência contra o Terrorismo”. Presume-se até que ele viajará à Europa especulando sobre uma reunião com Donald Trump, pois ele participará do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, nos dias 21 e 22 de janeiro.

Guaidó empreende esta nova partida em um dos momentos maior divisão e debilidade da oposição, longe da capacidade de mobilização de janeiro e fevereiro do ano passado, assim como dos movimentos palacianos do governo de Maduro no marco de seu autoritarismo para assumir uma Assembleia Nacional similar. É, portanto, uma lufada de ar fresco para a oposição e, em particular, para a figura do Guaidó, para tentar revitalizar a sua situação delicada – em meio a escândalos de corrupção – no plano interno.

Pouco se sabe até agora sobre o encontro em Guaidó com Duque, além de fotografias e declarações oficiais via Twitter. Em mensagens que parecem mais carregadas de desejos do que de realidades, Guadió declarou que após sua visita à Colômbia “serão geradas as condições que nos levarão à liberdade” da Venezuela e garantiu “que o retorno ao nosso país será cheio de boas notícias”.

Resta ver a que se refere, mas dadas as condições internas da oposição e a atual ofensiva de Maduro, será difícil, pelo menos a curto prazo, provocar mudanças no atual equilíbrio de poder, se não forem realizadas reuniões secretas, através dos Estados Unidos, com chavismo, que já é um hábito no país.

Até recentemente era Mike Pompeo, mesmo depois dos acontecimentos de 5 de Janeiro na Assembleia Nacional com um golpe do governo de Maduro, que ainda declarou que “uma rápida transição negociada para a democracia é o caminho mais eficaz e sustentável para a paz e a prosperidade”, sublinhando que “as negociações poderiam abrir uma saída para a crise através de um governo de transição que organizasse eleições livres e justas”. Longe disso estão os tons militaristas do ano passado, onde a ênfase estava em “a opção militar” estar sobre a mesa.

Na complicada situação interna de catástrofe econômica que não cessa e da pouca viabilidade de sair ainda mais por causa das sanções dos Estados Unidos, o governo Maduro está ansioso por algum tipo de acordo, desde que seja claramente benéfico para eles e continue a permitir que a burocracia governante sobreviva. Em recente entrevista extensiva ao The Washington Post Maduro foi explícito ao afirmar que “agora é a hora de negociações diretas com os Estados Unidos”, até mesmo sugerindo que uma “bonança pode estar esperando pelas companhias petrolíferas americanas”.

A recente renovação da licença do Departamento do Tesouro para a Chevron e outras empresas de petróleo ligadas aos Estados Unidos para continuar operando no país, apesar das sanções, é indicativo de que Washington está disposto a continuar com “negócios” na Venezuela mesmo com Maduro. Não devemos esquecer que foram dos Estados Unidos surgiram que um eventual “governo de transição” incluiria o Chavismo, mesmo sem a presença de Guaidó.

Se Guaidó for reconhecido como chefe de Estado tanto pela Colômbia como pelos Estados Unidos, é mais que certo que ele participará da reunião de segunda-feira na "Conferência Contra-Terrorismo", que, como dissemos acima, seria a razão central de sua viagem. Duque foi quem declarou via Twitter que “o presidente Juan Guaidó também participará, nesta segunda-feira, da Cúpula Hemisférica de Combate ao Terrorismo”.

Esta Conferência, na qual 20 países americanos estarão representados, será realizada na Escola de Cadetes de Polícia do General Francisco de Paula Santander, que se tornou conhecida pelo fato de que há um ano o Exército de Libertação Nacional (ELN) colocou um carro-bomba com o saldo de 20 oficiais de cadetes mortos, segundo a mídia.

No momento da redação desta nota, Maduro não emitiu nenhuma declaração oficial. Embora a incógnita seja se desta vez Maduro tomará alguma ação contra Guaidó por sua saída do país ou se voltará ao normal, como fez no ano passado. Esta é uma questão política e não uma correlação de forças pelo menos a nível interno, embora uma ação deste tipo, no plano da correlação de forças externas, possa causar-lhe mais problemas. Ainda há tempo para as negociações secretas que normalmente acontecem enquanto Juan Guaidó está longe da Venezuela. Será uma questão de esperar e ver.




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