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Mundial 2022 e política | Astro da seleção iraniana, Sardar Azmoun é ameaçado pelo governo por defender a luta da mulheres no país

“Na pior das hipóteses, serei demitido do time nacional. Sem problema. Eu sacrificaria isso por um fio de cabelo na cabeça das mulheres iranianas”, disse o jogador em suas redes sociais.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sexta-feira 25 de novembro de 2022 | Edição do dia

Hoje, 25, o jogo Irã X Gales abriu o dia de disputas na Copa do Mundo no Catar, o Irã ganhou de 2X0. Em sua estreia no torneio contra a Inglaterra na última segunda (21), a seleção iraniana, atraiu olhares de todo o mundo por não cantarem o hino nacional em apoio aos protestos que ocorrem em seu país. Uma Forte demonstração de solidariedade.

Um nome bem conhecido é de Sardar Azmoun, craque da seleção de futebol do Irã, que há tempo vem sendo ameaçado junto de sua família por seus posicionamentos políticos em defesa das mulheres, em especial após as revoltas que tomaram as ruas do Irã nos últimos dois meses. O assassinato de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que foi assassinada pela polícia após ser acusada de usar o hijab (véu) de maneira indevida, foi o estopim para a população tomar as ruas contra o regime repressor iraniano que há anos tem mantido uma dura opressão contra as mulheres e o povo. As manifestações logo se tornaram contra o governo pedindo a queda Jamenei, o líder supremo da República Islâmica.

Saiba mais da luta da mulheres iranianas aqui:

Azmoun é um dos jogadores mais conhecidos na resistência contra o regime iraniano, se dependesse do governo autoritário ele não estaria jogando na Copa do Mundo que acontece no Catar. Seu nome foi confirmado de última hora para o Mundial. No início das manifestações, o jogador publicou em suas redes sociais sobre a censura sofrida, e depois teve de apagar:

"Por causa das regras da seleção nacional, não podíamos dizer nada até que a concentração para a Copa do Mundo terminasse. Mas eu não aguentava mais. Na pior das hipóteses, serei demitido do time nacional. Sem problema. Eu sacrificaria isso por um fio de cabelo na cabeça das mulheres iranianas. Esta história (sobre Mahsa Amini) não será apagada. Eles podem fazer o que quiserem. Que vergonha por matar tão facilmente; vida longa às mulheres iranianas".

Em um mundo atravessado por uma crise econômica e seus desdobramentos políticos e sociais, o esporte não fica de fora dessas contradições internacionais que atingem com mais força a população trabalhadora, mais pobre e oprimida. É de se vibrar, como a cada gol, com cada manifestação política que se expressa no Mundial. A FIFA junto do regime autoritário do Catar tentam levar a frente um torneio onde não haja questionamentos políticos, batalhando ao máximo para atender os lucros dos capitalistas. Censuram os jogadores de manifestarem, mas não conseguem calar a paixão dos povos pelo futebol e os ares da luta de classes que estremecem em cada canto contra os governos autoritários, exploração e opressão imperialista.

Veja mais: O que esconde o Catar?




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