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Xenofobia | Bolsonaro alimenta ódio e xenofobia contra o Nordeste afirmando que quem vota em Lula é analfabeto

Bolsonaro está alimentando o preconceito contra Nordestinos disseminando mentiras que fazem coro com seus apoiadores asquerosos de extrema-direita, alimentando o ódio contra os nordestinos que rechaçaram amplamente seu governo na eleição de 1º turno.

Cristina SantosRecife | @crisantosss

quinta-feira 6 de outubro de 2022 | Edição do dia

Em live na quarta-feira (05/10), Bolsonaro fez a seguinte afirmação: “Lula venceu em nove dos dez estados com maior taxa de analfabetismo. Vocês sabem quais são esses estados? O nosso Nordeste”.

Não é novidade o ódio que a extrema direita bolsonarista destila contra nordestinos, mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+ e a esquerda em geral. Desde que é uma figura pública, foram inúmeras declarações: falar que quilombola se pesa em arroba (medida usada para pesar gado), se referir à parente nordestino como “cabeça chata”, dizer que mulheres têm que ganhar menos, que indígenas não são humanos ou que preferiria ver um filho morto do que homossexual. São inúmeras atrocidades proferidas ao longo da extensa carreira política do atual presidente. A última proferida em uma live nesta quarta feira, foi a de que o rechaço massivo à sua candidatura na região Nordeste se deu por conta de que “é a região com maior índice de analfabetismo.” Em seus delírios, Bolsonaro acha que o voto em sua pessoa é algum sinal de superioridade intelectual.

É ridículo o argumento utilizado por Bolsonaro, que simplesmente não consegue entender que o rechazo da população nordestina ao seu governo e à sua figura é fruto de seus 4 anos de desgoverno, que em muitos aspectos foram nefastos para a população na região, que possui altos índices de desemprego, informalidade e que especialmente durante o governo de Bolsonaro voltou a ter como uma de suas maiores preocupações a fome. O rechaço a Bolsonaro se deve aos fatos, e vamos a eles.

Por mais que em números absolutos, o Sudeste concentre a maioria das vítimas fatais de covid-19, considerando a relação de mortos/nº de habitantes, as regiões que foram mais impactadas foram as regiões Norte e Nordeste. Nos momentos de pico da pandemia, a região metropolitana de Fortaleza era a que concentrava maior número de mortes por milhão de habitantes. A política do governo na pandemia foi algo que a região não esqueceu.

Não foi só na pandemia que a morosidade do governo mostrou as caras. Em 2019, um derramamento de mais de mil toneladas de óleo na costa brasileira atingiu grande parte das praias da região, afetando todo o bioma, o turismo, as comunidades de pescadores e marisqueiras e toda população litorânea. O estado da Bahia, por exemplo, que foi atingido pelo derramamento mais de um mês depois do primeiro registro na Paraíba, e não recebeu nenhuma barreira de contenção como medida preventiva, o que era responsabilidade do governo federal. Ainda hoje, bolotas de óleo são encontradas no litoral, deste e de outros derramamentos que ocorreram.

A região Nordeste também historicamente foi palco de grandes revoltas e lutas de resistência e durante 2021 expressou nas marchas “Fora Bolsonaro” que havia força para derrotar Bolsonaro a partir da mobilização.

Além de Bolsonaro, seus seguidores seguem a mesma cartilha. A bolsonarista e vice presidente da OAB de Uberlândia gravou um vídeo xenófobo contra nordestinos e publicou nas suas redes. No vídeo, insinua que a região vive de migalhas e precisa do dinheiro “deles” (quem são eles? uma elite racista e bolsonarista). O conteúdo do vídeo foi repudiado pela OAB-MG.

É preciso enfrentar o discurso ideológico reacionário deste governo e seus seguidores como as recentes declarações xenofóbicas contra nordestinos, também porque são parte de atacar quem se coloca contra a situação de crise econômica aprofundada por Bolsonaro. É preciso enfrentar Bolsonaro, seus seguidores e também seus parlamentares eleitos agora e que sempre foram parte de nos atacar também nos estados do Nordeste, como Rogério Marinho, Senador eleito no rio Grande do Norte no domingo, que foi relator da reforma trabalhista.

Hoje, a juventude das universidades federais do Nordeste são parte de demonstrarem disposição de luta contra Bolsonaro e o Congresso que fazem cortes de verbas brutais e, agora, chega a confiscar os orçamentos. Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), são milhares se mobilizando contra o confisco. É preciso exigir que a União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigida majoritariamente pelas juventudes ligadas ao PT e ao PCdoB, construa de fato uma forte paralisação nacional contra esse ataque e que se unifique com a classe trabalhadora contra a Reforma Administrativa. Para isso, é urgente um plano de luta, decidido em assembleias construída em cada universidade e instituto federal, em que os estudantes tenham direito a voz e voto.

Muito pelo contrário do que Bolsonaro e bolsonaristas dizem relacionando o Nordeste ao analfabetismo, a população Nordestina expressou que possui consciência e memória, mesmo que estas se apresentem de forma distorcida em ilusões em um governo do PT, que em lugar de responder aos anseios das massas trabalhadoras e pobres, vem fazendo alianças com os mesmos setores que votaram junto com Bolsonaro alguns dos mais cruéis ataques contra a classe trabalhadora e as massas, como a reforma trabalhista e da previdência.

Estas alianças, ao contrário de nos fortalecer, terminam por jogar água no moinho da extrema direita. Os mesmos setores econômicos e sociais fortalecidos nos anos dos governos do PT, são agora forças motrizes da extrema-direita bolsonarista, com o agronegócio e as cúpulas das igrejas evangélicas. Não há outro caminho que não organizar um combate consequente contra a extrema-direita e seu projeto social, articulado com a preparação da vanguarda para lutar contra as reformas, privatizações e novos ataques que estão por vir.

Veja também: Enfrentar com plano de luta e mobilização o ataque de Bolsonaro às universidades federais




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