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Em coletiva de imprensa | Bolsonaro faz discurso de derrotado, diz que ficará “nas 4 linhas da Constituição”, mas prepara agitação golpista

Em coletiva de imprensa nessa quarta-feira (26), Bolsonaro fez um discurso que preparou possível derrota de domingo, justificando-a devido a "manipulações", ao mesmo tempo em que jogou fumaça nas granadas de Roberto Jefferson e buscou manter sua base mobilizada com agitação golpista clara. Base bolsonarista eleva o tom nas redes sociais.

quinta-feira 27 de outubro de 2022 | Edição do dia

Após um início de semana turbulento para Bolsonaro, com o caso Roberto Jefferson golpeando sua campanha a uma semana do pleito, a novidade dessa quarta-feira foi uma denúncia fraudulenta de que milhares de inserções de rádio da campanha de Bolsonaro teriam sido cortadas ao longo das últimas semanas. Bolsonaro apresentou essa denúncia ao TSE com provas fantasiosas, a partir de amostragens, com dados feitos por uma empresa que presta serviços para a Havan e em base a informações dadas por rádios cujos donos são bolsonaristas. Uma farsa completa que não convenceu ninguém, mas que foi o suficiente para Bolsonaro jogar essa cortina de fumaça, tentar apagar as marcas que os 20 tiros de Roberto Jefferson deixaram, preparar o terreno da derrota que se anuncia no próximo domingo com justificativas de manipulações eleitorais e, ao mesmo tempo, manter sua base mobilizada.

No discurso que fez, e que pode ser visto aqui, ficou claro o tom de perdedor. Falou como as inserções cortadas ocorreram em regiões que eles “esperavam ganhar”, sugerindo cidades do nordeste: “Essas de rádio fizeram a diferença, ou poderiam fazer a diferença”, lamentou o capitão.

Mencionou uma inserção que seria do PT, que dizia que Bolsonaro iria acabar com o 13º e com o direito às férias, e afirmou que a campanha do PT estaria sendo “favorecida” e que ele estaria sendo “prejudicado”. Bolsonaro também reforçou desconfiança no processo eleitoral ao tentar ligar a denúncia fraudulenta dos cortes de inserções à demissão do servidor do TSE que ocorreu nessa quarta-feira, tentando indicar uma manipulação coordenada - chegou a sugerir a possibilidade de Lula ter dedo nisso.

Enquanto Bolsonaro fez essa movimentação ao longo do dia, a base bolsonarista elevou o tom e chegou a pedir atuação das forças armadas para comandar o processo até domingo. Barbaridades golpistas que devem ser rechaçadas fortemente com a força da nossa classe nas ruas. Flávio Bolsonaro chegou ao cúmulo de dizer que seu pai “recebeu uma segunda facada” hoje (desejo reprimido que vem à tona em momentos de crise?).

E todas essas sugestões, ameaças, denúncias fraudulentas, ligações fantasiosas, revival fake de facada – tudo isso foi feito com reiteradas afirmações de que faria tudo “dentro das 4 linhas da Constituição”. Ao mesmo tempo, disse que levará a denúncia ao STF, deixando em aberto o que pode ocorrer. A grande mídia diz que Bolsonaro se reuniu com comandantes das Forças Armadas nesse ínterim e pediu para intervirem.

Ao final da coletiva, Bolsonaro fechou dizendo que “A gente espera que haja serenidade por parte das autoridades de Brasília, que eleições se decide no voto, e aquele que tiver mais votos dentro da urna deve assumir aquele cargo na data adequada”. Ou seja, discursos duplos e ambíguos que servem tanto para preparar a derrota, dizendo que a eleição foi manipulada, quanto para ofuscar a crise que as granadas de Roberto Jefferson abriram. De quebra, mantém sua retórica golpista para manter a base mobilizada.

Como Marcello Pablito, trabalhador da USP e dirigente do MRT, afirmou: “O DNA do Bolsonaro é o golpe de 1964 e o porão do DOPS. O golpismo está em seu sangue. Subiu ao poder graças ao golpe de 2016 e as eleições manipuladas de 2018. É preciso rechaçar isso com a força da nossa classe, com greves e atos, e as centrais sindicais darem resposta a altura. Ao mesmo tempo, não esqueçamos, companheiros! O TSE, o STF, o Alexandre de Moraes, essa justiça de conjunto que encarcera milhões de negros pobres todos os dias, todos eles foram peça chave da ascensão de Bolsonaro ao prender Lula em 2018 e também em avalizar o golpe de 2016 e todas as reformas neoliberais de Temer e Bolsonaro. Confiemos em nossas próprias forças apenas, não na direita ou nas instituições desse regime golpista!”




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