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DEBATE | CUT e FUP criticam Dilma: mais um ’golpe de Gogó’ ou passarão à ação?

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 26 de fevereiro de 2016 | 01:21

Em meio aos balanços que tomam as redes sociais, com petistas atacando o governo e entre si, se esta medida entreguista seria um "mal menor" ou não, um artigo chama a atenção. A poderosa Central Única dos Trabalhadores e majoritária (e governista) Federação Única dos Petroleiros trazem a público o protesto contra o governo Dilma pelo acordo firmado (e aprovado) ontem com Renan e Serra ao sabor da Shell e Chevron.

A nota em si traz palavras muito mais amenas até mesmo que aquelas proferidas pelo senador Lindbergh (PT-RJ) ou por Requião (PMDB-PR). Estes dois, dependentes de discussões muito mais diretas com seus eleitores e não do complexo jogo de sindicalistas há anos, quando não décadas sem trabalhar, e seus jogos de cargos nas estatais, nos ministérios, nos fundos de pensão e repasses do imposto sindical.

Mesmo assim a CUT e FUP protestam: "Para a CUT-FUP, o governo renunciou a política de Estado no setor petróleo e permitiu um dos maiores ataques que a Petrobrás".

Sua conclusão é pressionar o governo, tentar lhe abrir os olhos: "O governo precisa aprender que é preferível perder com dignidade do que ganhar fazendo concessões de princípios".

Sua advertência frente a isto é que: "A CUT, a FUP e os movimentos sociais estarão nas ruas para lutar contra este projeto que entrega a maior riqueza do povo brasileiro as multinacionais estrangeiras".

Esta advertência não deve meter medo em ninguém do governo Dilma, da Shell ou do tucanato.

Há anos a CUT e FUP falam contra os leilões, contra as privatizações, e vez ou outra organizam uma ação isolada, como um ato frente ao leilão de Libra na Barra da Tijuca (reprimido pela Força de Segurança Nacional de Dilma), ou como erguiam a voz durante a longa greve petroleira do ano passado que terminou constituindo um "Grupo de Trabalho" para analisar os "desinvestimentos" (o eufemismo para privatização) que discute, discute, e enquanto isto todo dia os petroleiros e o país são surpreendidos com um novo "ativo" que a Petrobras pretende vender. No total o plano que já vem sendo aplicado alcançará um terço do patrimonio da maior empresa do país.

As medidas de luta adotadas pela FUP isoladamente, os discursos em panfletos, em púlpitos parlamentares e carros de som não passa de algo que poderiamos chamar de "golpe de Gogó". Passarão agora à ação?

Não se derrotará um projeto desta envergadura que une o imperialismo aos tucanos, passando pelo PMDB e por Dilma com panfletos e atos isolados. É necessário um verdadeiro plano de lutas, discutido na base das categorias da CUT, coordenar as bases e unidades dos petroleiros de norte a sul do país, sejam estas bases dirigidas pela FUP ou pela minoritária FNP, coordenar as ações e decisões com delegados eleitos em assembleias, utilizar os vastos recursos materiais desta federação e central sindical para buscar uma forte campanha que envolva outras categorias e chegue na população, unindo a busca por apoio pela decisão de luta entre os petroleiros.

Já passou da hora de passar do "golpe de gogó" ao enfrentamento real das forças vivas. O forte proletariado industrial do país, majoritariamente dirigido pela CUT pode vencer. Nós petroleiros precisamos nos organizar para obrigar que as direções passem à ação. A FNP, que concentra o PSTU e setores da oposição deve dar um exemplo. Assim, podemos obrigar a que a CUT e FUP convoquem mobilizações efetivas ou apontamos uma organização que seja capaz de superá-las para defender a Petrobras contra a privatização.

É preciso de democracia nas fábricas, refinarias, plataformas e terminais. Desta democracia pode-se ter uma verdadeira união e decisão dos petroleiros para enfrentar-se com a direita, o imperialismo e o governo defendido até agora pela CUT e FUP. Com democracia e decisão é possível retomar o slogan adotado pelos garis cariocas e retomado pelos secundaristas paulistas: "não tem arrego".

Leia abaixo a nota da CUT e FUP:

Nota oficial: CUT e FUP repudiam privatização do pré-sal

O Senado Federal deu na noite desta quarta-feira (24), um dos golpes mais brutais na classe trabalhadora e no povo que mais necessita de investimentos públicos em Educação e Saúde.

Os senadores aprovaram um projeto de José Serra (PSDB-SP) que privatiza o Pré-Sal. Isso significa que o Senado abriu mão da soberania nacional e de todos os investimentos gastos com a pesquisa na área de petróleo e gás nos últimos anos. A luta feita em todo o Brasil para que os recursos oriundos do Pré-Sal sejam investidos na melhoria da educação e da saúde dos brasileiros foi ignorada pelo Senado.

Para garantir a aprovação do Substitutivo ao PLS 131 apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB/RR), o governo fez um acordo com a bancada do PSDB e parte da bancada do PMDB.

O projeto retira a obrigatoriedade de a Petrobrás de ser a operadora única do Pré-Sal e a participação mínima de 30% nos campos licitados, como garante o regime de partilha - Lei 12.351/2010. Se for aprovado pela Câmara e sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, a Petrobrás deixará de ser a operadora única do Pré-Sal e terá que provar ao Conselho Nacional de Política Energética se tem condições ou não de manter a exploração mínima de 30% em cada campo que for licitado.

Essa aprovação é um golpe no projeto democrático-popular, voltado para a distribuição de renda, geração de emprego e investimentos em políticas públicas que melhorem a vida dos brasileiros, que vem sendo eleito desde 2002.

Para a CUT-FUP, o governo renunciou a política de Estado no setor petróleo e permitiu um dos maiores ataques que a Petrobrás – única empresa que tem condição de desenvolver essa riqueza em benefício do povo brasileiro - já sofreu em sua história. Fazer acordo para aprovar o projeto de Serra é o sinal mais claro de que o governo se rendeu as chantagens e imposições do Parlamento e do mercado, rompendo a frágil relação que tinha com os movimentos sociais e sindical, criando um constrangimento para os senadores que mantiveram a posição em defesa do Brasil.

O governo precisa aprender que é preferível perder com dignidade do que ganhar fazendo concessões de princípios.

A CUT, a FUP e os movimentos sociais estarão nas ruas para lutar contra este projeto que entrega a maior riqueza do povo brasileiro as multinacionais estrangeiras.

Vagner Freitas

Presidente Nacional da CUT




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