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Eleições em Pernambuco | Candidatura de Raquel Lyra: a união de velhas oligarquias

A ex-prefeita de Caruaru tenta se colocar como uma alternativa ao PSB e à família Arraes, tentando inclusive fazer demagogia com feminismo liberal, no entanto não esconde o que realmente é: uma oligarca reacionária que, para variar, foi impulsionada pela política pelo próprio PSB.

sexta-feira 30 de setembro de 2022 | Edição do dia

A “Renovação” tem sido o grande mote de vários candidatos ao governo de Pernambuco esse ano. Frente ao desgaste do PSB, que, depois de 16 anos a frente do governo corre o risco de ne ir ao segundo turno, vários representantes de velhas oligarquias reacionárias há muito tempo presentes na política pernambucana, tem se aproveitado desse desgaste para se apresentar como algo “novo”.

Raquel Lyra não foge a essa regra. A família Lyra, inclusive, de renovação não tem nada. Seu avô, João Lyra Filho, já tinha sido prefeito de Caruaru. Já seu pai, que a impulsionou na política, não apenas foi prefeito da cidade como foi vice-governador de Eduardo Campos. A própria entrada de Raquel Lyra na política foi no PSB, partido que se filiou em 2007. Foi chefe da Procuradoria de Apoio Jurídico e Legislativo do governo de Eduardo Campos, depois foi eleita deputada estadual e então Secretária da Criança e da Juventude no segundo mandato do então governador, cujo vice, para lembrar, era seu pai. Mais um velho familismo típico das oligarquias locais.

Em 2016, enquanto Danilo Cabral votava a favor do golpe institucional, Raquel resolvia ir mais a direita e se filia ao PSDB, junto, de novo, com seu pai. Portanto se, com a crise do PSB em Pernambuco, Raquel tenta se desvencilhar da “culpa” e jogar em cima do PSB atual, a verdade é que ela esteve no governo durante boa parte desse tempo e é também responsável pela situação atual de calamidade no estado. E o que prometem não é melhora alguma.

Sua vice, Priscila Krause, repete a história. Também foi impulsionada na política pelo pai, Gustavo Krause, que iniciou sua carreira política no ARENA, partido da ditadura e foi colocado como prefeito biônico na capital pernambucana. Priscila seguiu seu pai na política no PFL, herdeiro do ARENA, depois no DEM (sucessor do PFL) e seguiu no Cidadania.

Se o pai de Raquel Lyra, João Lyra Filho, tentou se cacifar como quem lutou contra a ditadura, por ter sido do PMDB durante o regime militar, Gustavo Krause foi justamente um representante da mesma. A aliança nessa chapa apenas exemplifica o real caráter dessas oligarquias: forças políticas reacionárias inimigas dos trabalhadores.

Dentro de espectro político mais nacional, Raquel tenta se apresentar como uma representante da direita, flertando com a terceira via e com o próprio bolsonarismo. Inclusive, tenta disputar com Anderson Ferreira a influência dentro das Igrejas Evangélicas e ressalta sempre seu passado como policial. Essa localização também está relacionada ao fato de sua gestão ter sido beneficiada com verbas do governo federal.

No espectro econômico, Raquel repete a cartilha da direita neoliberal, Isso fica expresso no seu programa, quando ela defende a ampliação da inciativa privada nos serviços públicos, assim como uma “modernização de impostos” – um eufemismo para dar isenções fiscais aos empresários enquanto promovem ajustes fiscal sobre os trabalhadores e a população pobre.

Portanto, a proposta de “fortalecer a educação e valorizar os professores” na sua boca não passa de falácia. Basta ver o tratamento que deu aos professores em sua cidade. Frente ao aumento do piso esse ano, previsto em lei, a prefeita - que diz “valorizar” os professores – não concedeu o aumento do piso na carreira. Após uma greve que a mesma reprimiu, os professores conseguiram um aumento parcial. Ao mesmo tempo, pretendem aumentar o salário dos policiais, seguindo a política do PSB. Enquanto falta dinheiro para educação, sobra para a repressão.

Hoje Raquel Lyra se gaba por ter avançado no desenvolvimento de Caruaru. No entanto, por trás desse discurso, esconde que o desenvolvimento de Caruaru se deu em base ao crescimento do setor de serviços e em base a uma mão-de-obra altamente precarizada. Inclusive, esse setor também está ligado ao escoamento da produção do polo têxtil das cidades no entorno, como Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, conhecidas justamente pela altíssima exploração e precarização da mão-de-obra empregada

Frente às candidaturas burguesas e que, de diferentes formas, pretendem gerir o capitalismo pernambucano – um dos estados com maior índice de miséria e desemprego do país – nós do MRT e do Esquerda Diário defendemos a necessidade de construir uma força com independência de classe. Por isso, estamos construindo o Polo Socialista Revolucionário, por onde lançamos candidaturas em vários estados do país.




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