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RACISMO NAS REDES | Cantores angolanos postam vídeo falando contra a cor negra "Escuro Não"

quinta-feira 20 de agosto de 2015 | 09:31

Nesta semana os cantores angolanos Puto Português e Francis Boy postaram vídeo no qual falavam a frase "Escuro Não", o que causou reboliço nas redes sociais, aonde milhares de internautas se revoltaram contra este vídeo e começaram a uma campanha de boicote aos cantores, em espacial a Puto Português, que vinha se consolidando como um dos principais cantores e kunduristas da Angola. Nessas manifestações de rechaço ao Puto, houveram desde boicotes diretos aos shows dele até internautas postando fotos queimando CD’s do cantor.

Veja o vídeo:

Segundo alguns sites Angolanos, a muito tempo o país não se unia frente a uma pauta relacionada a etnia, ainda mais quando outro debate que se faz na sociedade angolana é em torno do processo de clareamento de pele que alguns artistas angolanos estão realizando, como o músico Madruga Yoyo. Este processo se tornou famoso quando a a cantora nigeriana Dencia apareceu alguns tons de pele mais clara graças a utilização de um creme, do qual virou garota propaganda. Na imagem abaixo vemos à esquerda imagem feita em julho do ano passado, antes de se tornar garota-propaganda do creme clareador. À direita, no anúncio do produto.

Em entrevista à rádio angolana Luanda o músico Madruga Yoyo declarou que tem feito tratamento no Brasil para a mudança de tom de pele, assegurando que não se sentia mal com todas as especulações sobre o caso. "Isso é uma metamorfose da vida, cada um faz o que lhe faz bem e o que quer, é uma febre mas depois passa e o povo se habitua”, justificou o cantor.

Como forma de demonstrar sua revolta com o caso, foi criada a campanha #EscuroSim, que conta com o apoio de diversos internautas e também de personalidades africanas, como o ator Sílvio De Nascimento que em vídeo se coloca contra este processo de clareamento, vendo como um problema de autoestima.
"Olá Pessoal sou o Sílvio De Nascimento , um dos escuros mais em dia que conheço e que faz todos os paculados se envergonharem, a minha auto-estima parece que joga basquet; Tá lá em cima. O meu avô é escuro, a minha mãe é escura, o meu pai é escuro, a minha dama é escura, a minha filha é uma das escuras mais bonitas que conheço, por isso, ESCURO SIM..."

Devemos lutar pela valorização das características originais de cada etnia, em especial dos negros que tiveram seu passado apagado e que passaram pelo processo consciente de branqueamento no Brasil, que no pós-abolição visava "clarear" o país com a inserção de mais brancos europeus no país e que através da miscigenação os negros deixariam de existir no Brasil.

"O aço das novas correntes não aprisiona minha mente,
Não me compra e não me faz mostrar os dentes;
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo,
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino;
Nossos traços faciais são como letras de um documento,
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos;"

Yzalú, Mulheres Negras

Foto antes e depois Dencia: Leon Bennett/WireImage e divulgação


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