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Paralisação | Centenas de profissionais da enfermagem fizeram ato no Rio pelo pagamento do piso salarial

Na última quarta-feira (14), centenas de trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem que votaram paralisação de 24 horas no município do Rio contra a decisão arbitrária do Ministro do STF, Barroso, que revogou a aprovação do piso salarial da enfermagem, fizeram um ato na Zona Norte do Rio.

quinta-feira 15 de setembro de 2022 | 13:06

Ao som de palavras de ordem contra o STF e em defesa da saúde pública centenas de profissionais da enfermagem como enfermeiras e enfermeiros, técnicas e tecnicos e auxiliares, em sua maioria negros e negras sobre tudo mulheres, se concentraram em frente ao Quinta’Dor, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e fecharam ruas daquela região, mostrando a disposição de luta da categoria em defender seu direito ao piso salarial que foi vetado pelo STF a pedido dos patrões e empresários.

O ato contou com a participação de centenas de profissionais da enfermagem como enfermeiras, enfermeiros, técnicas e técnicos e auxiliares. Em sua maioria negros e negras, sobretudo mulheres. A categoria que foi linha de frente durante toda a pandemia e trabalhou arduamente no combate ao covid19 em condições precárias sem EPI’s e condições dignas de trabalho e ainda se enfrentando com o negacionismo de Bolsonaro que dizia que era “só uma gripezinha” enquanto centenas de milhares de pessoas morriam por conta do coronavírus. Mas também se enfrentavam com o descasos de governos estaduais que se por um lado não negavam a pandemia, por outro não garantiam condições adequadas para os trabalhadores e para a população sem leitos de UTI, respiradores onde boa parte também seguia sem direito a isolamento e quarentena expostos à contaminação.

A categoria ficou afastada de seus filhos e familiares para evitar o contágio e muitos até morreram na linha de frente por conta da exposição ao vírus. Essa mesma categoria que foi demagogicamente aplaudida e chamados de "heróis" e "heroínas" por setores burgueses e por esses mesmo políticos, hoje têm seu piso salarial negado pelo STF a fim de garantir os lucros dos oligarcas e grandes patrões da saúde privada e dos grandes planos de saúde do país. O piso salarial que já foi aprovado tem tirado o sono dos capitalistas do ramo da saúde que tentam de todas as formas derrubar essa conquista dos trabalhadores. O ministro Luís Roberto Barroso vetou no dia 4 a lei que criou um primeiro piso salarial mais digno para esses trabalhadores que sempre tiveram que trabalhar em dois empregos ou mais para se manterem.

Barroso disse que "é preciso atentar, neste momento, aos eventuais impactos negativos da adoção dos pisos salariais impugnados", demonstrando que, mesmo com as disputas com Bolsonaro, o STF está unificado com ele em atacar os trabalhadores, escancaradamente atacando quem esteve na linha de frente do combate à pandemia que já levou consigo centenas de milhares de mortes. O STF, essa casta, que não é votada por ninguém, que aumentam seus próprios salários quando querem, hoje passa dos 46 mil, seguem mostrando que estão do lado dos empresários dos planos de saúde. Ganhando um altíssimo salário, o ministro Barroso não tem nenhuma preocupação com as condições de vida da classe trabalhadora, que tem perdido seu poder de compra pela inflação e os altos preços dos alimentos, e tem sido brutalmente atacada pelas reformas de Temer, Bolsonaro e Guedes.

Bolsonaro e Guedes foram contra a aprovação do piso salarial da enfermagem até ontem, só aprovaram por conta de interesses eleitorais, pura demagogia eleitoreira. É um fato que ele não está do lado dos trabalhadores da saúde, só quer usar isso pra se diferenciar de Barroso e o STF e tentar conseguir votos numa categoria que foi massacrada por ele durante seu governo. Seu filho Eduardo Bolsonaro, por exemplo, votou contra a proposta. O que ele, Bolsonaro e os empresários da saúde querem é defender os lucros, mas as profissionais da enfermagem já demonstram que não vão abaixar a cabeça e que sabem seu valor e está sendo chamada uma possível paralisação nacionalmente pro dia 21/09.

Impossível deixar de lado o caráter de gênero e raça que envolve a enfermagem nacional por que é uma categoria de imensa maioria negra e principalmente feminina. Essa profissão do cuidado na enfermagem foi uma das primeiras a ser ocupada por mulheres negras após os serviços domésticos.

A disposição de luta nesse ato de hoje também teve intervenção do estado por via da polícia militar que esteve lá o tempo todo pra intimidar os trabalhadores, impedir o uso do som que potencializa o grito dos profissionais mostrando mais uma vez que não são aliados da classe trabalhadora e que servem aos mandos do estado explorador e racista.
Carolina Cacau, candidata a deputada estadual pelo MRT no Polo Socialista e Revolucionário que esteve presente no ato em apoio a essa categoria repudiou esse veto do STF em video que pode ser visto aqui, mas que reproduzimos nesta nota:

"É escandaloso que após a morte de centenas de milhares de pessoas, as profissionais da saúde que tiveram na linha de frente do combate à pandemia, lidando com o descaso e o negacionismo do Bolsonaro, governadores e prefeitos, com a falta de verbas, materiais de proteção, insumos hospitalares, perderam colegas de trabalho, recebem agora mais esse ataque do STF que mais uma vez mostra que está junto com Bolsonaro quando se trata de atacar os trabalhadores."

Nós do Esquerda Diário nos solidarizamos com a luta pelo piso salarial e repudiamos todo autoritarismo vindo desse judiciário que esteve à frente do golpe de 2016 aprofundando os ataques a classe trabalhadora como todo! É necessário que as centrais sindicais como a CUT dirigida pelo PT, que inclsuive dirige o sindicato dos enfermeiro do Rio de Janeiro e a CTB dirigida pelo PCdoB rompam a paralisia, e organizaem pela base a luta dos trabalhadores da enfermagem, através de assembleias que possam organizar uma plano de lutas nacional para se enfrentar contra essa medida autirária do STF, mas também contra os ataques em curso e precarização do trabalho.




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