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UFABC | Chamado aos CAs, DCE e estudantes da UFABC a construir um bloco classista no ato pelo Fora Bolsonaro e Mourão

Nós que estudamos na UFABC, estamos num dos polos industriais mais importantes do país, temos a oportunidade de conectar as nossas lutas contra o corte no orçamento da universidade que tem impactado a vida de centenas de bolsistas que passaram o mês de setembro sem receber seus benefícios com a luta dos trabalhadores da região que tem amargado com a carestia de vida, o preço do combustível, as demissões e também o desgaste ambiental que atinge especialmente os trabalhadores negros e negras que moram em periferias, sem saneamento básico. Essa poderosa unidade dos estudantes com os trabalhadores é o caminho para enfrentar Bolsonaro, Mourão e todos os ataques e precisa se expressar de forma independente nas manifestações do 2O.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

Luiz dos AnjosBacharelando em Ciências Humanas e Planejamento Territorial na UFABC

terça-feira 28 de setembro de 2021 | Edição do dia

A vitória de Bolsonaro nas eleições manipuladas de 2018 representou e continua representando a ascensão de um discurso e projeto políticos carregados de racismo, homofobia, transfobia, machismo em conjunto com os interesses dos grandes empresários.

Além disso, a forte ideologia religiosa em objeção à laicidade como princípio constitucional é abertamente defendida a partir dos valores da família tradicional brasileira à moda colonial e se torna um sinal de um enorme retrocesso frente à evolução de um processo legitimamente revolucionário. Um dos pontos de inflexão dentre vários está em quebrar o laço com a sociedade civil e dissolver os Conselhos Nacionais de Políticas Públicas que abriam espaço para que a nossa voz não ficasse calada, além de perseguir os lutadores retomando a Lei de Segurança Nacional da Ditadura.

Nesse sentido, Bolsonaro apresentou seu projeto anti-ciência e contra os direitos dos trabalhadores se enfrentando com as demais instituições do país, buscando se apoiar no desgaste que tem nestas instituições desde o golpe institucional, aumentando o peso dos militares no regime político como nunca antes, levando até o final a política de ajustes e cortes atingem com mais força os trabalhadores e as minorias.

O negacionismo científico e o obscurantismo também compõem os pensamentos e falas bolsonaristas que ao negarem as contribuições científicas, negam a vida pelo sucateamento das universidades públicas que são núcleos da produção científica no Brasil. A colonização ganha uma nova cara com a abertura do país de modo a permitir que as potências como os Estados Unidos e sua postura capitalista-globalizadora-neoliberal explorem os recursos naturais pelas empresas, deteriorando o tecido socioambiental brasileiro. As populações indígena e negra, bem como a comunidade LGBTQIA+ se veem cada vez mais ameaçadas, agredidas e colocadas à margem por um presidente valendo-se de manifestações disparatadas. É especulada uma ameaça comunista, porém a verdadeira ameaça e o grande mal estão no bolsonarismo e seus seguidores cegos ambos corrosivos à idealização, à organização e à formação de um mundo sem capitalismo.

É preciso construir uma unidade dos estudantes da UFABC com os trabalhadores da região

Por isso, nós que estudamos na UFABC, estamos num dos polos industriais mais importantes do país, temos a oportunidade de conectar as nossas lutas contra o corte no orçamento da universidade que tem impactado a vida de centenas de bolsistas que passaram o mês de Setembro sem receber seus benefícios com a luta dos trabalhadores da região que tem amargado com a carestia de vida, o preço do combustível, as demissões e também o desgaste ambiental que atinge especialmente os trabalhadores negros e negras que moram em periferias, sem saneamento básico. Essa poderosa unidade dos estudantes com os trabalhadores é o caminho para enfrentar Bolsonaro, Mourão e todos os ataques e precisa se expressar de forma independente nas manifestações do 2O.

Lutar para transformar a sociedade é uma tarefa urgente, em especial quando olhamos para a nossa situação social, política, econômica e ambiental sempre atacadas pelo bolsonarismo. No entanto, o que defendemos na teoria deve estar alinhado com a prática para que haja mudança porque não é possível alcançar a justiça social a partir de uma perspectiva presa em ideias desconexas da realidade em que vivemos: uma realidade em que uma ideologia colono-capitalista impera em prejuízo da vida da classe trabalhadora e das minorias sejam as populações negra e indígena, seja a comunidade LGBTQIA+.

Este chamado serve de base não só para sairmos das páginas dos livros e irmos às ruas em um movimento coletivo de pautas marginalizadas nas agendas da direita, mas também para criar a consciência de classe tão necessária para subverter uma ordem dada por uma lógica de lucro predatória e desumana. A prática deve se alimentar da teoria na forma de luta revolucionária e organizada para uma efetivação de uma participação social verdadeira para além de uma democracia vazia sustentada por uma representatividade de poucos e para poucos. Estar nas ruas é apropriar-se do que é nosso e reivindicar os direitos básicos negados todos os dias aos pobres urbanos que sobrevivem com as migalhas de um sistema que sobrepõe o dinheiro acima da vida. Ficar em casa é manter-se nas fronteiras demarcadas por uma necropolítica reafirmada pela supressão dos trabalhadores; evidentemente, Bolsonaro e Mourão acentuam, mas não atenuam as disparidades sociais tão marcadas na história expressas no território brasileiro. Alinhar a teoria com a prática é o que deve nos fazer caminhar para destruir o capitalismo e construir uma sociedade igualitária de todos e para todos.

Chamado às entidades estudantis e ao conjunto dos estudantes por um bloco classista unitário na manifestações de sábado

Por isso, é fundamental que as entidades como os CAs de BCH, BCT e dos cursos de pós BI como o Centro Acadêmicos de Políticas Públicas (CAPOL), Ciências Econômicas (CACE), Relações Internacionais (CARI), Planejamento Territorial (CAPLAN) assim como o Diretório Acadêmico (DA SBC) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) possam potencializar este papel de instrumento de organização da luta dos estudantes. Assim, fazemos um chamado às entidades estudantis e às organizações de esquerda que atuam na universidade a conformarmos um bloco classista nas manifestações do próximo sábado.

Esse chamado é ainda mais importante num momento onde setores da direita tradicional e partidos burgueses como Cidadania, Solidariedade, PSDB, assim como PDT, Rede e PSB decidem compor as manifestações e utilizar da nossa mobilização para construir uma “terceira via”, uma alternativa enganosa, que se coloca como uma “direita moderada”. Porém, quando o projeto é de descarregar a conta da crise que criaram nas costas dos trabalhadores e estudantes, bem como Bolsonaro, não hesitam em nada, vão de mãos dadas aplicando uma série de ataques contra as massas trabalhadores e jovens como a Reforma da Previdência, Trabalhista e Administrativa.

Para todos os estudantes e jovens trabalhadores que querem se enfrentar com Bolsonaro e Mourão, mas também sabem que a nossa luta precisa ser contra o conjunto desse regime político, inclusive o STF e o Congresso Nacional que defendem ataques aos povos indígenas como o Marco Temporal e cortam orçamento de políticas públicas de Saúde, de Assistência e de Educação. Não podemos participar do ato de forma diluída, misturando nossas bandeiras com as da direita golpista.

Apesar de na esquerda nacional existir uma série de divergências e desacordos, como, por exemplo, a defesa do Impeachment que, na nossa opinião, é problemática pois utilizaria de um instrumento do próprio Estado, fortalecendo as instituições do golpe como STF e Congresso Nacional, levando Mourão, um racista saudoso da ditadura, à presidência do país. Acreditamos que não pode ser um impeditivo para atuarmos de forma unificada nos pontos que convergimos, no caso da necessidade de apresentar uma posição independente dos trabalhadores e da juventude nas manifestações contra Bolsonaro e Mourão. Onde a partir de um bloco delimitado, cada organização e coletivo pode levar suas próprias bandeiras e propostas para golpear a burguesia e dar respostas profundas contra a crise econômica, política, social e sanitária do país. Através desse polo classista, que ultrapassa os limites das manifestações, a ideia é ampliar os debates e fortalecer a luta do conjunto dos movimentos sociais.

Motivos para irmos às ruas não faltam! Então, não podemos deixar nossa energia, indignação e raiva contra o governo Bolsonaro e Mourão ir se dispersando de ato em ato, sem um plano de luta de conjunto que permita unificar nós estudantes com a força da classe trabalhadora, para termos a força necessária para enfrentar não apenas Bolsonaro e Mourão, mas o conjunto do regime do golpe e seus ataques. Por isso, é fundamental que as entidades estudantis nacionais, como a UNE e UBES, organizem em cada escola, universidade e instituto que estão à frente, assembleias com direito à voz e voto para que os estudantes sejam sujeitos políticos que decidam os rumos da luta.

Essa proposta de um Bloco Classista unificado das entidades e das organizações de esquerda queremos apresentar na Plenária pelo Fora Bolsonaro convocada pelo DCE, assim como estes apontamentos sobre os desafios para organizar a nossa luta desde a base, em que os estudantes possam definir um plano nacional de luta contra Bolsonaro e Mourão e, dessa forma, aliados aos trabalhadores, enfrentar a extrema direita, mas também os golpistas que nos atacam.




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