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Movimento estudantil | Chamado às organizações de juventude: fortalecer a unidade contra Bolsonaro e Mourão independente da direita

No próximo sábado, dia 02 de outubro, estão convocadas manifestações em todo o país pelo Fora Bolsonaro, com essa nota fazemos um diálogo em especial com organizações de esquerda que assinaram o chamado “Estudantes em luta pelo Fora Bolsonaro - construir uma mobilização permanente!”

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

quarta-feira 29 de setembro de 2021 | Edição do dia

A disposição dos capitalistas e de seus distintos representantes de massacrar nosso futuro parece não ter limites, querem generalizar ainda mais o massacre aos povos indígenas e a destruição da natureza com o Marco Temporal de Bolsonaro, do agronegócio e do STF. Querem elitizar ainda mais as universidades públicas, com o LGBTfóbico Ministro da Educação Milton Ribeiro afirmando que devem ser para poucos, e o Congresso Nacional aprovando cortes contra a classe trabalhadora e o povo pobre. Bolsonaro e seu governo repletos de negacionistas e militares são os grandes responsáveis pelas quase 600 mil mortes por covid, pela fome, o desemprego e miséria. Uma responsabilidade que é compartilhada com todas as instituições que gerem esse sistema capitalista em decadência, como os governadores e prefeitos, os ministros do STF e o congresso repleto de parlamentares que só se preocupam em manter seus privilégios.

Para nos atacar, eles tomam medidas lado a lado, e para responder, o exemplo do Acampamento Indígena, da Marcha de Mulheres Indígenas e das lutas dos trabalhadores como na MRV Campinas, na Sae Towers em Betim, na Carris em Porto Alegre, do Detran-RN, da Proguaru em Guarulhos, entre tantas outras, precisam ser ressaltados. Precisamos nos unificar mais do que nunca, mas para isso, nossos inimigos precisam ser identificados sem ilusões.

Estão nos tirando nosso direito de estudar. Os capitalistas e seus governos nos querem em empregos precários, para receber um salário mínimo ou menos e sermos explorados cada vez mais pelos patrões, e para isso veem nossas universidades e a educação como uma despesa a ser cortada. Vão reduzindo as políticas de permanência estudantil ao mesmo tempo que aumentam a lógica produtivista que nos adoece. A ciência e o conhecimento, que na pandemia poderia estar totalmente a serviço dos trabalhadores e da população, para eles é apenas uma despesa da qual a nossa geração pode ser privada.

Por isso, nós da Faísca Anticapitalista e Revolucionária, queremos dialogar com as várias organizações que se colocam no campo da oposição de esquerda da direção majoritária da UNE (PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude), como PSOL, PCB, UP, PSTU, que soltaram um chamado onde colocam que é necessário a “Unidade de todos que queiram derrubar Bolsonaro, mas coragem para que nossa luta fortaleça um projeto de defesa da educação pública, dos direitos da classe trabalhadora e da vida da população negra e indígena, das mulheres e LGBTQIA+ e de toda a natureza e que lute por um programa econômico alternativo, capaz de garantir reajuste salarial, geração e manutenção de empregos e redução do preço dos alimentos e para barrar a privatização dos Correios e a Reforma Administrativa.”

Isso porque para nós da Faísca, a luta contra cada um dos ataques econômicos que estão colocados é totalmente fundamental para se enfrentar contra a situação de miséria que está colocada para a juventude. Mas entendemos que para que essa luta seja efetiva, não é possível se unificar com partidos da burguesia que estão cotando cada um desses mesmos ataques todos os dias no Congresso Nacional. Nesse sentido que dialogamos com cada uma das organizações e companheiros que assinam essa carta: É preciso ter coragem para ver que tem setores de empresários e banqueiros, apoiados pelo imperialismo de Biden que querem um melhor cenário para aplicar mais e mais ataques sobre as nossas costas. E esses setores estão dispostos a desgastar mais e mais o governo Bolsonaro para impor uma suposta terceira via nas eleições em 2022. Não podemos ter nenhuma ilusão de que se unir com eles é a forma de enfrentar Bolsonaro!

É nesse sentido que viemos defendendo em cada universidade e escola que nesse próximo dia 2 de outubro, precisamos construir com todas as organizações de esquerda e ativista que quiserem batalhar por essa perspectiva, blocos independentes da direita, da burguesia e dos ataques que nos tiram nosso futuro.

Blocos onde todes que querem defender nosso futuro e nosso direito à educação possam estar unificados na luta, levantando nossas bandeiras para enfrentar, Bolsonaro e Mourão, mas também toda a direita e as instituições do regime, que promovem ataques aos nossos direitos. Afinal, não existe nada mais urgente do que defender a nossa unidade, e isso depende da esquerda se unificar para coordenar nossa disposição de luta para que ela não se dissipe, do contrário vamos ficar indo de ato em ato aceitando que setores burgueses e da direita, que promovem os ataques contra nós, roubem nossa disposição de organização a serviço dos seus interesses.

Inclusive a conformação dessa unidade nas ruas, pode ser a base para possibilitar ações e debates que permitam a construção de um polo de esquerda nacional, que deveria se desenvolver junto a combates em comum na luta de classes, cercando cada luta em curso de solidariedade ativa, como chamamos a fazer em solidariedade à greve da MRV, da Sae Towers e hoje do Detran RN e da ProGuaru. E isso poderia se dar apesar das nossas diferenças, que podem e devem ser debatidas nos espaços do nosso movimento como forma de fortalecer a construção de uma unidade baseada na mais ampla democracia de debates.

Uma dessas diferenças se dá em relação a política de concentrar todas as forças em “ampliar” o arco de alianças convidando mais partidos burgueses e de direita como o Cidadania, e o Solidariedade do Paulinho da Força, inimigos declarados das LGBTIA+ e de toda a classe trabalhadora, como se já não bastassem as alianças com o PSB, Rede e PDT. Esta amplitude com os que nos atacam vai na contramão de fortalecer a unidade entre a classe trabalhadora, a juventude e toda população pobre, pois na verdade ela subordina nossa luta às variantes burguesas e instituições deste regime apodrecido como o STF ou o Congresso Nacional que novamente, nos atacam absolutamente todos os dias.

Na nota citada inclusive, os companheiros colocam como a principal tarefa do movimento estudantil nesse momento é se unificar em torno da pauta do impeachment. Mais uma vez queremos aqui dialogar no sentido de que não é possível enfrentar Bolsonaro se aliando com os que o colocaram no poder. O impeachment é uma saída institucional que não responde a situação de calamidade que estamos vivendo no país, nas nossas universidades e escolas. Na prática essa saída seria um desvio para colocar o general Mourão, defensor da ditadura e do assassinato da juventude negra, na presidência, sem se enfrentar nem um pouco com as reformas e privatizações.

Companheiros, o movimento estudantil precisa se unificar com os indígenas e os trabalhadores não para colocar o Mourão no lugar do Bolsonaro, mas para responder a cada um dos jovens que hoje sofre a falta de empregos, a redução dos salários com uma saída que possa combater o conjunto do regime político. É por isso que defendemos que precisamos batalhar pra impor com a nossa luta unificada uma nova constituinte livre e soberana que revogue cada uma das reformas, que imponha o não pagamento da dívida pública pra que possamos ter mais verba pra educação e saúde e uma série de outras mudanças que num processo como esse poderiam fazer com que avançasse para um setor de jovens a necessidade de lutar numa perspectiva anti-capitalista, socialista e revolucionária para colocar de uma vez por todas fim nesse sistema de miséria. Assim como para responder essa situação de miséria, fome e desemprego é urgente luta pelo reajuste automático dos salários de acordo com a inflação e emprego com direitos para todos. Sabemos que nem todas as organizações de esquerda concorda com essa política, mas isso não impede que possamos nos unificar de forma independente da direita na luta contra o governo Bolsonaro.

Nesse sentido, é muito importante que as correntes de oposição se unifiquem e façam chamados a UNE, mas isso precisa ser num sentido de que rompam com a sua paralisia, não para construir atos meramente eleitorais a cada um mês e meio, que são utilizados pelo PT para desgastar Bolsonaro e criar melhores perspectivas para Lula em 2022. Nossa batalha é para organizar a nossa luta pela base desde já, com assembléias nas universidades e escolas que possam chacoalhar o movimento estudantil a nível nacional e exigir das grandes centrais sindicais que parem de trair a nossa luta e batalhem para unificar cada uma das lutas que tem acontecido pelo país para dar uma resposta nossa, da juventude e dos trabalhadores para a crise.

Imaginem se ao contrário de defender as alianças com a direita, colocarmos todas as nossas forças para construir uma unidade entre os setores que saem em luta, entre os estudantes e trabalhadores que estão sofrendo com a exploração dos seus patrões, com o desemprego e as consequências da crise. Essa seria uma unidade muito mais forte para conquistar amplos setores dos trabalhadores, e na luta de classes teria que se enfrentar justamente com os falsos democratas que aplicam os ataques econômicos juntinhos a Bolsonaro e Mourão.

Propomos literalmente que estejamos unificados em um bloco, com faixa unificada, confluindo os setores da esquerda que lutam por Fora Bolsonaro e Mourão e se colocam como parte dos que defendem a independência de classe. Seu significado expressa divergências, mas passos como este em comum podem ser um contraponto real à política que a UNE leva adiante, cuja nova direção tomou posse após um congresso extraordinário realizado por fora dos estudantes, abraçada ao Presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM), enquanto os povos indígenas realizavam uma manifestação histórica. Dando batalhas assim podemos concretizar a tão urgente e necessária oposição à majoritária composta pela UJS, PT e Levante Popular da Juventude e realmente batalhar por uma plano de lutas para garantir a mobilização permanente que permita a unidade entre a juventude, os movimentos sociais e a classe trabalhadora para derrotar Bolsonaro, Mourão e todos os ataques. Isso é o oposto de aplaudir o calendário de manifestações com atos a cada um mês e meio, que dividem a juventude da classe trabalhadora, que não tem um plano de mobilização com assembleias de base, isso seria de fato batalhar pela real auto-organização.

Não é possível que a alternativa que a esquerda vai oferecer seja se subordinar a esperar por Lula em 2022, ou pior aceitar o desvio daqueles que querem forjar uma terceira via pela direita. A direita, o judiciário e os militares foram fortalecidos pela política de conciliação de classes dos governos petistas, para depois promoverem o golpe institucional e dar origem ao bolsonarismo como uma força social que não vai desaparecer com o impeachment ou com a mera derrota eleitoral em 2022. Inclusive o PT vai na contramão desse enfrentamento ao bolsonarismo quando nos estados que governa, como na Bahia ataca o primeiro Quilombo a história do Brasil, o Quilombo Quingoma, com seu prefeito Gramacho e governador Rui Costa, ou no Rio Grande do Norte, o único estado do país sem um cm² de terras indígenas demarcadas, dá bilhões em isenções que vão para os bolsos de escravistas como Flávio Rocha e os trabalhadores do Detran RN sequer tem direito a insalubridade. Nosso futuro terá de ser arrancado pela força da luta, este é o nosso chamado.

Por isso, reforçamos nosso chamado a todos os estudantes e organizações de juventude para que possamos debater em cada lugar onde atuamos, como fortalecer a construção de blocos com um programa classista no dia 2 de outubro, batalhando por uma plano de lutas em exigências às entidades estudantis e sindicais para garantir nossa mobilização permanente para derrotar Bolsonaro, Mourão e cada um dos ataques que os capitalistas nos impõe.




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