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SÉRGIO MORO | Cinismo: empresa da qual Moro será sócio deve receber R$ 26 mi de alvos da Lava Jato

Sem limites para o seu cinismo, Sérgio Moro será sócio da consultoria Alvarez & Marsal, que auxilia na recuperação judicial de empresas quebradas, e que deve receber R$ 26 mi de alvos da Lava Jato.

terça-feira 1º de dezembro de 2020 | Edição do dia

Crédito: Carolina Antunes/PR

Após ser o principal defensor e atuante na golpista Lava Jato, Sérgio Moro anunciou que será sócio da empresa de consultoria Alvarez & Marsal, que auxilia na recuperação de empresas quebradas pela Lava Jato. A Alvarez & Marsal trabalha na recuperação da Odebrecht, da construtora Queiroz Galvão e da empresa Sete Brasil. Todas elas envolvidas em esquemas de corrupção, investigadas pela Lava-Jato.

Indo contra toda a imagem anti-corrupção que Moro carregou cinicamente durante os últimos anos, enquanto favorecia os seus interesses, o ex-juiz e atual desalento do governo Bolsonaro, após intensa colaboração com o governo, afirmou em suas redes que não haverá conflito de interesses em seu novo cargo.

Ironicamente, a descrição em seu Twitter carrega as seguintes palavras: “especialista na liderança de investigações anticorrupção complexas e de alto perfil, crimes de colarinho branco, lavagem de dinheiro e crime organizado, assim como em consultoria de estratégia e conformidade para clientes que navegam em questões regulatórias complexas”.

Essa descrição é contraditória para alguém que se tornará sócio de uma empresa que receberá R$ 26 mi de alvos da Lava Jato. Duas decisões judiciais estabelecem os montantes destinados ao escritório. Num dos despachos, de 2019, o juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Recuperação Judicial e Falência de SP, determina que a Atvos, produtora de etanol que pertence ao grupo Odebrecht, pague o valor de R$ 10,8 milhões, em 30 parcelas de R$ 360.000.

A outra decisão, de 2015, estipula à OAS o valor de R$ 15 milhões, divididos em 30 parcelas mensais, sendo as 10 primeiras no valor de R$ 400.000, as 10 seguintes no valor de R$ 500.000 e as 10 últimas no valor de R$ 600.000. Esse contrato, segundo o escritório informou ao Poder360, foi encerrado em 2015.

Segundo a Revista Época, a OAB notificou Sérgio Moro com pedidos de informações sobre o novo trabalho. Em nota, a Alvarez & Marsal afirmou que: “Sergio Moro foi contratado para atuar na área de ‘Disputes and Investigation’, liderado por Marcos Ganut no Brasil. Existe uma alta demanda do setor privado para o desenvolvimento e criação de sistemas de integridade, conformidade e compliance. A A&M atua na busca pelo aprimoramento, reestruturação e adoção de políticas efetivas de conformidade das empresas, e não na defesa delas”.

Fica mais claro do que nunca o cinismo do ex-ministro Sérgio Moro, que se utilizou de seu poder como juiz de Curitiba e ex-ministro do governo Bolsonaro para favorecer seus interesses e dos grandes empresários. Sob um discurso de anticorrupção, Sérgio Moro foi uma peça fundamental para a degradação do regime brasileiro, para o golpe institucional de 2016 e para as eleições manipuladas de 2018 que elegeram Bolsonaro com a prisão e veto arbitrários de Lula, governo eleito, por sua vez, que o retribuiu com um cargo de Ministro no governo.

A Lava Jato sempre teve o papel de favorecer o imperialismo, quebrando empresas do setores públicos e privados para depois as oferecerem ao capital estrangeiro, como é o caso da Alvarez & Marsal, que é norte-americana. Após ser treinado nos EUA para cumprir os objetivos da Lava Jato à luz dos interesses de Washington, integrará a equipe com Steve Spiegelhalter, ex-promotor do Departamento de Justiça norte-americano; Bill Waldie, ex-agente especial aposentado do FBI, polícia estadunidense; Anita Alvarez, ex-procuradora de Chicago; Robert DeCicco, ex-agente da NSA, Agência de Segurança Nacional dos EUA.

Isso mostra mais uma vez que a corrupção, intrínseca a esse sistema que sustenta um Estado que é um verdadeiro balcão de negócios da burguesia, não pode ser combatida por representantes do imperialismo e dos empresários.




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