"Acho que todo mundo tem que ser feliz da maneira que seja", afirma trabalhador da USP, da Faculdade de Odontologia, relatando como foi a aceitação da opção sexual de seu filho. Neste dia do orgulho LGBTQI+, histórias como esta dão esperanças de como é possível construirmos um mundo sem opressões.
segunda-feira 28 de junho de 2021 | Edição do dia
Meu nome é Rildo, sou trabalhador da USP, da Faculdade de Odontologia. Estou fazendo esse relato referente a luta dos LGBTQI+. Eu estou fazendo esse relato também porque eu sou pai do Felipe, que hoje é casado, bem casado, tem o companheiro dele, tem a vida dele, não dá trabalho pra ninguém, não dá trabalho pra mim, não dá trabalho pra sociedade, vive a vida dele feliz, como todo mundo tem que ser.
E esse relato que vou fazer é sobre isso, porque é uma experiência que hoje a sociedade ainda não entende bem, e a princípio, no começo, eu também fui muito relutante com isso, aceitava e ao mesmo tempo não aceitava, porque até então não havia um diálogo direto sobre isso e me pegou meio de surpresa. Mas aos poucos eu fui entendendo que a felicidade de cada um depende de cada um, não das outras pessoas e nem da sociedade. Que a sociedade às vezes quer enxergar alguma coisa, e nós mesmos às vezes queremos enxergar alguma coisa na sociedade, que tem que ser assim, que tem que ser assado, e não é verdade isso.
Hoje eu vejo com outros olhos, acho que todo mundo tem que ser feliz da maneira que seja. E é isso, ele não é um monstro, eu não criei um monstro, pelo contrário criei uma pessoa super maravilhosa, super gente boa, não deixou de ser meu filho pela opção sexual dele e se a minha filha tivesse a mesma maneira eu aceitaria hoje de boa, porque a gente tem que abrir a mente para essas questões e não ficar debatendo ou influenciando violência ou fazendo chacotas, nem com isso nem com qualquer outra situação.
Então eu tive essa experiência, não vou dizer pras pessoas que é fácil, mas acho que temos que entender hoje que as pessoas têm as suas vidas, e isso não depende de nós, depende das pessoas. Então que a pessoa seja feliz, pois são pessoas que não atrapalham a vida de ninguém, elas vivem a vida normal como todas as outras pessoas, a única diferença que existe é uma opção sexual, que isso não cabe a nós julgarmos. Então um abraço a todos aí na luta, a todo o pessoal LGBTQI+. Hoje eu posso dizer que sou um simpatizante da causa. Tenho vários amigos, tanto homens como mulheres, e suas opções sexuais nunca atrapalharam nossa amizade, pelo contrário, eu só tenho a agradecer pela amizade de todos eles. Um abraço e sigam firmes no orgulho e na luta que é isso mesmo que tem que ser, independente de qualquer coisa. E não à violência, não ao machismo, não à homofobia, à nada que leve o terrorismo pras pessoas. Um abraço e vamos que vamos com tudo, empenhados nessa luta!!