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ENSINO REMOTO | Da voz dos estudantes da UFRN: qual impacto terá a implementação do 2020.6 remoto e obrigatório?

Nas próximas semanas terá início o período letivo REMOTO e OBRIGATÓRIO 2020.6 na UFRN, um ataque autoritário da reitoria que está a serviço de expulsar os estudantes pobres e negros. Na semana da aprovação (16 de julho) no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), estudantes se expressaram nas redes que isso pode obrigá-los a trancar seus cursos. Na linha de denunciar e defender que os estudantes tomem esse combate nas suas próprias mãos, em aliança com os trabalhadores, publicamos pelo Esquerda Diário a indignação e preocupação de diversos estudantes de forma anônima em reunião promovida pela juventude Faísca - Anticapitalista e Revolucionária.

quinta-feira 13 de agosto de 2020 | Edição do dia

"Eu tô bem preocupada, porque não estudo só na UFRN, faço curso no IF [Instituto Federal], e o IF também está querendo voltar. Não tenho computador, fora que todo mundo que está tendo aula EAD diz que é ruim. E esse auxílio da UF não vai ajudar em muita coisa".

A aprovação do auxílio (também no mesmo dia da aprovação do período letivo remoto e obrigatório) no Conselho de Administração (Consad), cuja "intenção" da reitoria é possibilitar a instrumentalização do semestre remoto, foi em base ao remanejamento do orçamento da manutenção do restaurante, ou seja, vai ser retirado do salário dos trabalhadores terceirizados. Durante essa semana, houve a atualização do valor, nada mais justo, frente à precarização brutal do ensino, mas que segue em chave também da precarização do trabalho.

"Pra mim é bem complicado, participo da classe trabalhadora na linha de frente. Aliás acredito que a UFRN precisa do proletariado em universidades públicas. Várias questões tem que ser discutidas pessoas sem acesso, pessoas que trabalham na linha de frente e não tem condições de estudar EAD.

Enquanto a linha de frente, os trabalhadores da saúde, dá o verdadeiro combate à pandemia, seu trabalho segue sendo colocado em xeque pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), colocando a vida dos combatentes em risco.

"Não consegui ligar o microfone até agora. Então, eu participei do período suplementar, eu tava sem computador, minha internet é muito instável e foi muito complicado. Ainda assim eu consegui arrumar o computador que tenho aqui e tenho um lugar pra estudar, eu tenho o privilégio de não precisar trabalhar e poder focar nisso. Mas pra mim, essa decisão foi completamente absurda, não houve diálogo com os estudantes".

"Eu tô bem preocupado com toda essa situação, porque eu faço música licenciatura e tem muitas matérias práticas, algumas eu não vou ter como pagar agora porque não tenho dinheiro pra comprar outros instrumentos no momento. Quando soube do ensino remoto obrigatório eu quase surtei porque não tenho um computador bom e minha internet é muito instável, então fiquei muito dividido em "mds vou ter que trancar" x "mds mas pra conseguir um bom emprego preciso me formar". É realmente um projeto pra excluir estudantes periféricos".

"Ainda temos nossa saúde mental. Aqui em casa era uma grande cobrança em mim, e resolvi dá um basta nisso, mas nem todo mundo consegue lidar com isso".

Cada vez mais, a reitoria da UFRN se soma ao conjunto das reitorias das universidades do país, que atuam como implementadores dos planos neoliberais de sucateamento e elitização das universidades, que com Weintraub, ministro da educação de Bolsonaro na época, aprovando em novembro de 2019 que 40% das aulas em universidades possam ser em EAD, abriu caminho para que se aproveitasse a pandemia para aprofundar esse cenário. Um projeto que, como já havia declarado um representante do IMD em uma das reuniões do Consepe, busca adaptar a universidade "aos novos tempos" de informalidade, desemprego.

A reitoria está levando adiante a implementação do ensino remoto de forma absolutamente antidemocrática. Enquanto isso, o DCE, dirigido pelo Juntos, UJC e Correnteza, por não levar a frente a indignação dos estudantes (que estava e está sendo expressa em assembleias de curso) acaba não dando um enfrentamento à reitoria, chegando até a propor um modelo alternativo, sendo que todo o conhecimento produzido na universidade deveria estar a serviço de combater a pandemia.

Convidamos todos a levar conosco a proposta que fizemos na assembleia das estudantes de Serviço Social nesta semana: é necessária a conformação de comissões completamente independentes da reitoria para o acompanhamento e balanço da implementação do ensino remoto, formada por estudantes eleitos em assembleias e aberta a docentes e trabalhadores.

Contra o semestre remoto e obrigatório, os estudantes têm o direito de opinar, por isso, nós da Faísca exigimos que a reitoria realize um plebiscito, para que haja um espaço realmente deliberativo e não de mera consulta, para que os estudantes tenham peso de decisão real sobre ter ensino remoto ou não. E também é necessário que o DCE realize uma assembleia geral dos estudantes da UFRN, para os estudantes terem poder de deliberação sobre seus próprios futuros, contra esse autoritarismo da reitoria!

Tá indignado? Divide essa revolta com a gente, envie para que publiquemos aqui no Esquerda Diário sua denúncia anônima contra esse projeto!




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