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Eleições nesse domingo, 21 | Dauno Tótoro: "O Chile vai ter eleições marcada pelas demandas não resolvidas da rebelião de 2019"

Entrevista com Dauno Tótoro, dirigente do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PTR), partido irmão do MRT, e candidato a deputado pelo 10º distrito de Santiago. Ele comentou um pouco sobre o primeiro turno das eleições presidenciais no próximo domingo, 21 de novembro.

quinta-feira 18 de novembro de 2021 | Edição do dia

Dias antes do primeiro turno eleitoral no Chile no domingo, 21 de novembro, o programa Alerta Spoiler do La Izquierda Diário Argentina entrevistou Dauno Tótoro, dirigente do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PTR), partido irmão do MRT, e candidato a deputado pelo 10º distrito de Santiago. Ele nos contou um pouco do panorama e das perspectivas.

  • “A primeira coisa a dizer é que esta eleição tem um pouco de incerteza no sentido de que não há um favorito claro para a vitória. As duas cartas principais são Gabriel Boric da Frente Ampla, uma nova organização que nasce pós 2011, com as lutas estudantis, e que fizeram parte do "Acordo pela Paz" assinado em 2019 em meio à rebelião para salvar Piñera e iniciar este processo constituinte manipulado. Por outro lado, há José Antonio Kast, de extrema-direita, que saiu do conglomerado oficial da direita pinochetista. Anti-direitos das mulheres, anti-operário e ultraconservador. Poderíamos dizer talvez um pouco parecido com o fenômeno de Milei na Argentina, mas ele é mais um personagem do regime. Essas são as duas principais cartas no jogo presidencial, mas não se sabe exatamente o que vai acontecer. Kast também vem de algumas semanas muito ruins eleitoralmente. E atrás vêm as candidaturas de Yasna Provoste, da ex-Concertación, e Sichel do partido direitista no governo, mas este já está muito atrasado na disputa [sendo que apenas os primeiros lugares vão para o segundo turno] ”.
  • “Um setor importante do establishment e do grande empresariado apostou em Kast, mas principalmente na questão eleitoral porque perceberam que era uma candidatura mais competitiva. A aposta original do grande capital, que também era a aposta de Piñera, foi Sebastián Sichel, mas foi uma candidatura tão armada para as eleições que rapidamente se desarmou, ainda mais considerando a situação de Piñera. À medida que Piñera enfraquecia, seu candidato também enfraquecia. Portanto, me parece que há alguns setores que continuam a apostar no Sichel, outros no Kast e provavelmente alguns sectores também apostaram no Boric ou na Provoste da antiga Concertación”.
  • “Boric tem procurado permanentemente o centro nesta campanha, ’endireitando’ poderíamos dizer o seu discurso, construindo pontes para a ideia de governabilidade. Dizendo que eles são os únicos que podem entregar governabilidade e tentando assim dizer ’não haverá mobilizações no nosso Governo e nós é que podemos dar essa garantia de paz’, como fizeram com o ’Acordo de Paz’ que foi um acordo que deu paz aos poderosos e aos donos do país."
  • “Depois há a discussão dos deputados, porque estes também são eleitos a nível nacional, e que desde o Partido Revolucionário dos Trabalhadores temos intervindo e participado nestas eleições com candidatos em 10 distritos. Apostamos numa eleição muito forte, em particular na cidade mineira de Antofagasta com a candidatura de Lester Calderón. Aí apostamos ganhar um deputado que possa trazer um trabalhador do norte para o Congresso”.
  • “É preciso lembrar que com a rebelião de outubro de 2019, especialmente em 12 de novembro com uma greve geral de proporções históricas, quando Piñera quase caiu e todo o regime vacilou, uma situação muito revolucionária poderia ter se aberto no país, que poderia ter ido além dos partidos tradicionais. Então o que eles estão tentando fazer hoje, junto com a Convenção Constitucional e através dessas eleições, é tentar moderar tudo, levando-nos para um canal institucional e assim passar uma certa maquiagem no regime nos aspectos mais irritantes do Chile neoliberal, mas sem tocar nos grandes pilares da herança da ditadura militar, como a educação de mercado por exemplo ou as taxas de exploração, que são brutais no Chile com terceirização e condições precárias. Por outro lado, eles têm que dialogar com as demandas que foram postas em cima da mesa: saúde ou educação pública, fim da previdência privada, do sistema das pensões, mas ao mesmo tempo procuram trazer tudo para o centro e evitar obviamente que se abra um novo momento convulsivo. Como as demandas de outubro de 2019 não foram resolvidas, ainda há espaço para novos confrontos, principalmente se considerarmos a conjuntura internacional."
  • “Da esquerda, a partir do PTR, participamos dessa eleição com uma frente eleitoral composta de várias organizações, que vem buscando levantar uma referência política para dizer claramente que a Frente Ampla e o Partido Comunista não são a única alternativa de esquerda existentes. Uma esquerda dos trabalhadores deve ser construída com muito mais força, batalhando pelas bandeiras da independência de classe, que lute pelas reivindicações da rebelião, que entenda que a única forma de conquistar essas reivindicações é a mobilização nas ruas, a auto-organização dos trabalhadores e a aliança com os setores populares. Por isso levantamos em 10 distritos do país candidatos a deputados, a CORE (que são vereadores das regiões) e senadores."
  • "Apostamos fortemente em Lester Calderón, um líder sindical e industrial de Antofagasta, que obteve uma votação muito importante de 13% nas eleições para governador há alguns meses. Por isso, buscamos trazer ao Congresso a voz de um trabalhador do Norte, que luta justamente por essas demandas, para usar essa plataforma a serviço não só da luta dos trabalhadores, mas também para fortalecer uma alternativa de esquerda anticapitalista e revolucionária das e dos trabalhadores, e construir um caminho alternativo a essa esquerda que no Chile vimos como está subordinada às regras do jogo dos poderosos"

A entrevista completa em espanhol pode ser vista aqui:




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