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Inglaterra x Estados Unidos | De Ferguson ao Catar: relembre onde surgiu o gesto de se ajoelhar em eventos esportivos como forma de protesto contra o racismo

Hoje, pela segunda rodada do grupo B, se enfrentam Inglaterra e Estados Unidos e para relembrar fizemos um breve histórico de onde surge esse gesto que virou um símbolo da luta antiracista

sexta-feira 25 de novembro de 2022 | Edição do dia

Nesta segunda-feira, 21 de novembro, antes do jogo Inglaterra x Irã, os jogadores da seleção inglesa se ajoelharam no gramado, um gesto que já é comum de ser visto nas principais ligas de futebol e representa um protesto contra o racismo.

Em 2016, o gesto ficou famoso com a intensificação da campanha “Black Lives Matter”. O movimento iniciou-se no ano de 2013, com a absorção de policial norteamericano pelo assassinato de um jovem negro de apenas 17 anos, Trayvon Martin. Em 2014, tomou as ruas com os protestos em Ferguson contra o assassinato de Michael Brow e de Eric Garner em Nova York.

Colin Kaepernick, jogador da NFL, foi o primeiro atleta de alto nível a se posicionar em apoio ao Black Lives Matter em 2016, no terceiro jogo da pré temporada Kaep permaneceu de joelhos durante a execução do hino dos Estados Unidos.

Colin foi um importante jogador do San Francisco 49ers que iniciou sua carreira na liga profissional em 2011 e em 2013, tendo assumido a titularidade e a liderança da equipe até a final do Super Bowl, ficando em segundo lugar naquele ano. Em 2016 ele seguiu fazendo grandes atuações e naquela pré temporada e o movimento Black Lives Matter tomando as ruas contra a violencia policial ao povo negro, Kaep permaneceu ajoelhado durante a execução do hino dos Estados Unidos e deu uma declaração dizendo:

“Não vou me levantar para mostrar orgulho a uma bandeira de um país que oprime negros e negras. Para mim, isso é maior do que o futebol e seria egoísta eu ignorar isso. Há corpos na rua e pessoas recebendo licenças pagas e se safando de assassinatos.”

Após o gesto, Colin recebeu apoio de outros atletas, de parte da população e demagogicamente do então presidente Barack Obama. Assim, diversos atletas da NFL e de outras ligas americanas, como a NBA, repetiram o gesto do quarterback dos 49ers, gesto simbólico contra a violência policial e contra o racismo intrinsecamente presente na sociedade que fortaleceu o movimento “Black Lives Matter" já existente na época. Mesmo assim, a NFL se colocou contra a manifestação política desencadeada pelo jogador.

Em 2017 Colin ficou livre no mercado, porém não recebeu oferta de nenhum outro clube, levando o jogador a processar a NFL por conluio nesse mesmo ano, alegando que a liga o excluiu por seu posicionamento político. No mesmo ano de 2017 Donald Trump, símbolo asqueroso da extrema-direita mundial, foi eleito presidente dos Estados Unidos deixando Colin em uma posição maior de isolamento. Porém seu gesto foi eternizado na história e seguiu sendo feito por vários outros atletas da liga.

Em 2020 ver atletas se ajoelhando antes de partidas se tornou comum em quase todos os esportes. Em maio deste ano o mundo se chocou com o brutal assassinato de George Floyd por Derek Chauvin, um policial branco. O homicídio de Floyd ganhou grande repercussão e desencadeou uma série de revoltas nos Estados Unidos, que colocaram medo no governo americano fazendo com que Donald Trump convocasse a guarda nacional para reprimir os atos. Governadores do partido democrata também reprimiram fortemente os atos.

Mesmo assim, um clima de revolta tomou conta dos Estados Unidos, a população foi à rua mesmo com a pandemia de COVID-19, tendo apoio inclusive de setores do movimento operário que realizaram greves e em setores dos transportes qu se recusaram a transportar manifestantes presos durante os protestos.

Junto a isso o assassinato de George Floyd liderava os trending topics do twitter e a revolta dos americanos repercutia pelo mundo, mostrando que a violência policial está presente em todos os países com um caráter de classe. Revoltando a população.

Nos esportes a forma de protesto foi se ajoelhar antes das partidas, relembrando o gesto de Colin. Em todas as principais ligas de futebol foi visto atletas se ajoelhando antes das partidas como Colin fez.

Aqui vemos uma relação com Inglaterra x Irã, onde os iranianos não cantaram o hino em solidariedade aos protestos que ocorrem em seu país e os ingleses se ajoelharam antes da partida em referências ao gesto anti racista muito comum na liga inglesa de futebol.

O racismo e a violência policial seguem presentes no mundo e no futebol. Durante a última copa libertadores, na euroleague, na premier league, diversos atos de racismo foram denunciados nas arquibancadas, infelizmente dentro das quatro linhas também é comum surgirem denúncias de ofensas de cunho racista que são minimizadas pela FIFA.

Dessa forma, na partida entre Inglaterra x Irã vimos os jogadores ingleses repetindo o gesto que marcou as partidas de 2020 e que marcou a história da NFL. O protesto agora tinha mais de um significado: demonstrava uma luta contra o racismo, mas também um protesto contra a FIFA que ameaçou punir os capitães de seleções que usassem a braçadeira de capitão com a frase “One love” e a bandeira LGBTQIAP+ gesto que seria feito contra a criminalização da homoafetividade no Catar, país sede da copa do mundo. Assim como a NFL foi contra Colin Kaepernick vemos agora a FIFA indo contra a ação de confederações europeias de se manifestar em prol da luta LGBTQIAP+.

Por mais que a NFL, a FIFA e várias outras instituições esportivas dirigidas por capitalistas, que organizam e regulamentam o esporte, tentem impor sua política racista e LGBTFóbica, com sanções, proibições e expulsões, jamais conseguirão controlar a potente expressão de paixão e revolta social que o esporte representa para a classe trabalhadora.




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