Semanas de ataques a universidades e institutos federais pelo governo Bolsonaro, sua misoginia e xenofobia expressa em declarações grotescas, anteciparam e foram parte do debate entre os presidenciáveis para o segundo turno. Lula, em pleno ano do assassinato de Genivaldo pela PRF de Bolsonaro, se vangloriou de construir mais prisões e ressaltou o fortalecimento das Forças Armadas em seus governos. Mais uma vez, a grande ausente foi uma saída dos trabalhadores para a fome, para o desemprego, frutos da crise econômica capitalista.
segunda-feira 17 de outubro de 2022 | Edição do dia
Foto: Nelson Almeida/AFP
Lula (PT) e Bolsonaro (PL) participaram neste domingo (16) do primeiro debate do segundo turno das Eleições 2022, organizado por TV Bandeirantes, TV Cultura, UOL e Folha de S. Paulo. O debate foi dividido em três blocos. Os candidatos se confrontaram em "bancos de tempo" com 15 minutos cada, e responderam a perguntas formuladas por jornalistas.
No primeiro bloco, esteve em alta na discussão a pandemia de Covid, em que Bolsonaro teve a pachorra de dizer mentiras de que se não fosse seu governo, teriam morrido mais pessoas. Revoltantemente, sem nenhuma vergonha na cara, mais uma vez o negacionista se desfaz das 700 mil mortes. Destilou demagogia sobre o Auxílio Brasil, ignorando os milhões de desempregados em todo o país, assim como as filas do osso e do lixo.
Ver Bolsonaro dizendo que o Brasil foi linha de frente da vacina no mundo é escandaloso e uma afronta pras mais de 700 mil pessoas que morreram de Covid, dessa direita reacionária e negacionista. #DebateNaBand
— Carolina Cacau (@carolina__cacau) October 16, 2022
No segundo bloco, Bolsonaro apontou seu plano privatizador, elaborado já nas eleições de 2018, colocando à frente a privatização da Petrobras, como justificativa para a redução dos preços dos combustíveis. E, no terceiro bloco, ainda justificou déficit educacional na pandemia, dizendo que, na sua lógica, obviamente teria déficit, ja que as escolas e universidades estavam fechadas, ignorando mais uma vez nossas perdas pela covid, assim como o retorno descontrolado e inseguro, sem determinação alguma das comunidades escolares, que ele e os governadores, como João Doria (PSDB), foram responsáveis.
No #DebateNaBand Bolsonaro quer ganhar votos falando da redução do preço dos combustíveis enquanto avançou ainda + na privatização da Petrobrás do que nos anos de governo do PT. Precisamos lutar por uma Petrobrás 100% estatal, sob controle dos trabalhadores e gestão popular.
— Marcello Pablito (@PablitoMarcello) October 16, 2022
Além disso, as semanas que antecederam o debate também passaram por ele, como o vídeo absurdo que corre nas redes em que Bolsonaro diz que "pintou um clima" entre ele e meninas venezuelanas de apenas 14 anos. Antes do debate, Bolsonaro disse a jornalistas que estava sofrendo uma acusação "infame". Na realidade, sua declaração que corre nas redes sobre esse caso revela a farsa de sua defesa da "família tradicional brasileira", além de explicitar sua xenofobia contra os venezuelanos.
A declaração de Bolsonaro sobre "pintou um clima" com meninas de 13 anos venezuelanas revela não somente a farsa da defesa da "família tradicional brasileira e bons costumes" como carrega sua xenofobia sem limites. Pra enfrentar sua misoginia é preciso um feminismo socialista.
— Diana Assunção (@DianaAssuncaoED) October 16, 2022
As declarações de Bolsonaro no debate, assim como essas semanas repletas de reacionarismo, tanto na questão do direito ao aborto, quanto no vídeo do goleiro Bruno, que confessou o assassinato de Eliza Samúdio para apoiá-lo, foram absurdas. Comprovam que, para derrotá-lo, assim como para barrar e revogar todas as reformas, privatizações e ataques à educação, é necessária a unidade dos trabalhadores, mulheres, negros, indígenas e LGBTQIAP+ nas lutas, com greves e paralisações, em cada local de trabalho e estudo.
Bolsonaro, diz mais uma vez no #DebateNaBand que é o defensor da família, mas não diz que é apoiado Bruno, assassino de Eliza Samudio. Mais um misógino das fileiras bolsonaristas que atacam as mulheres em nome de "sua"moral e de "seus" bons costumes. Derrotaremos nas ruas
— Maíra Machado (@MairaMRT) October 17, 2022
Nesse sentido, Lula representando a chapa Lula-Alckmin demonstrou mais uma vez que está aliado com a direita e os patrões. Durante o debate, Lula fez questão de afirmar que tinha feito 5 prisões de segurança máxima, justamente no ano do assassinato brutal de Genivaldo pela Polícia Federal Rodoviária de Bolsonaro. Assim como afirmou com todas as letras que fortaleceu as Forças Armadas em seus anos de governo, sinalizando diretamente para uma das forças reacionárias, junto ao autoritarismo do Judiciário, que tutelam hoje o regime político herdeiro do golpe institucional de 2016, que veio para atacar mais frontalmente a classe trabalhadora e a juventude.
Amanhã, dia 18 de Outubro, estão sendo convocados atos em diversas cidades do país dos estudantes contra os ataques de Bolsonaro à educação. E nessas mesmas semanas que antecederam o debate, os estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Federal do Alagoas (UFAL) e do Instituto Federal de Brasília (IFB) mostraram o caminho com manifestações massivas que diziam que não vamos aceitar os cortes e o confisco de Victor Godoy.
Esse dia 18 precisa ser o pontapé para exigir da UNE, CUT e CTB, entidade estudantil e centrais sindicais dirigidas pelo PT e PCdoB, um grande plano de luta aliado e unificado com os trabalhadores, contra esses ataques e as reformas. Será essa unidade que pode impor uma derrota a Bolsonaro, o bolsonarismo e a extrema direita que se institucionalizam cada vez mais no Congresso, e os ataques, e não a aliança com Alckmin, a FIESP e a FEBRABAN, como faz o PT prometendo não revogar nenhuma reforma.
É necessário um programa para atacar os lucros dos capitalistas, capaz de fato unificar os setores abalados com a crise e não encontrando nessas eleições a solução dessa crise. Isso só pode vir invertendo as prioridades e fazer os capitalistas pagarem pelo dano que nos foi causado, revogando as reformas e reduzindo a jornada de trabalho sem redução de salário, que só nas grandes empresas poderia criar 5 milhões de postos de trabalho. Garantir que os salários sejam reajustados automaticamente com a inflação do custo de vida real da população. E que possamos dividir a jornada de trabalho entre empregados e desempregados para que todos possam trabalhar e não morrer de fome.