Deputado bolsonarista, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) usa o fato da medalhista olímpica Rayssa Leal ter apenas 13 anos para defender trabalho infantil nas suas redes sociais.
segunda-feira 26 de julho de 2021 | Edição do dia
Sóstene está à esquerda de Bolsonaro/ Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O deputado federal, ex-líder da bancada evangélica e vice-presidente da Comissão de Educação na Câmara, equiparou a prática esportiva ao trabalho infantil. Colocando que se Rayssa Leal pode ganhar medalha de prata nas olimpíadas, então o Estatuto da Criança e do Adolescente deveria ser revisto.
Leia também: Rayssa Leal, a Fadinha, faz história do skate e ganha prata nas Olímpiadas
“As crianças brasileiras de 13 anos não podem trabalhar, mas a skatista Rayssa Leal ganhou a medalha de prata na Olimpíadas… Ué! É pra pensar… Parabéns a nossa medalhista olímpica! E revisão do Estatuto da Criança e Adolescente já”, publicou o deputado em twitter na manhã desta segunda-feira (26)
Que visão deturpada da realidade é essa para achar que uma criança praticando esporte é a mesma coisa que uma criança trabalhando? Você acha que ambas as meninas da foto estão desempenhando a mesma 'função' na sociedade?
É um absurdo essa falsa simetria! pic.twitter.com/iEPCBNnTDi
— Paulo Pinheiro (PSOL Carioca) (@paulopinheirorj) July 26, 2021
Após muito repúdio na internet, Sóstenes voltou a rede social para fazer uma emenda no primeiro poste, dizendo que defende apenas a palavra “qualquer” do artigo 60 do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que diz que “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade”.
“Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade.”
Eu defendo a revisão deste artigo no Estatuto da Criança e Adolescente, se atentem para a palavra QUALQUER no texto da lei.
— Sóstenes (@DepSostenes) July 26, 2021
A miséria do capitalismo hoje coloca mais de 160 milhões de crianças como alvo de algum tipo de trabalho infantil. No Brasil, segundo a pesquisa de 2019 do IBGE, são cerca 1,8 milhão de crianças nessa situação, sendo cerca de 700 mil em categorias presentes na “Lista das Piores Formas de Trabalho”.
Saiba mais: Miséria capitalista fez trabalho infantil atingir 160 milhões de pessoas no mundo em 2020