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Desabastecimento | Desabastecimento do gás em Salvador: O que a privatização da Petrobrás tem a ver com isso?

Esta semana alguns noticiários locais expressaram o forte desabastecimento do gás de cozinha em Salvador. A Associação de Revendedores denuncia que 60% das revendas estão sem produto, um risco iminente de desabastecimento da capital bahiana de um insumo essencial para as famílias trabalhadoras e pobres.

Cristina SantosRecife | @crisantosss

quinta-feira 10 de novembro de 2022 | Edição do dia

Como se fosse pouco o grande aumento do gás de cozinha que tivemos no decorrer do ano, que subiu o dobro da inflação segundo o IBGE, agora os soteropolitanos estão correndo o risco de ficar desabastecidos.

A Acelem, empresa que se beneficiou da privatização da Refinaria Landulpho Alves - a RLAM - em março de 2021, alega que a falta do produto é fruto de uma manutenção. O que a empresa não explica, é como a crise do abastecimento está se dando agora, alguns meses depois de ela ter batido todos os records de lucratividade com produção de Diesel e óleo combustível para exportação.

A ação de rapina do governo Bolsonaro sobre a Petrobrás se fez sentir em todo o país. Muitas vezes denunciamos o problema da privatização e como esta afeta a vida da classe trabalhadora e do povo pobre. Esta semana, o desabastecimento do gás de cozinha em Salvador nos mostra um nítido exemplo desses efeitos.

Antes de concretizar a privatização de muitas de suas refinarias, foi durante governo golpista de Michel Temer, em outubro de 2016, que a Petrobrás adotou o PPI - preço de paridade de importação - .Esta política de preço associa o preço do petróleo ao dólar, e serve justamente para beneficiar os investidores estrangeiros em detrimento da classe trabalhadora e do povo pobre, que recebem seus salários em reais.

As empresas ao optarem pela produção de um produto ou outro, não escolhem a partir da necessidade das pessoas, e sim da sua exclusiva lucratividade. Num contexto econômico que inclui alto câmbio do dólar, possibilidade de crise energética por conta da guerra na Ucrânia e políticas de preços que beneficiam os capitalistas, estas empresas escolhem sempre seus próprios bolsos. Essa é uma das razões do por quê a privatização das empresas públicas é um grande ataque contra a classe trabalhadora e o povo pobre.

A escolha da política de preços da Petrobrás, assim como a privatização de suas refinarias são escolhas políticas. Uma escolha que já veio do golpista Temer e seguiu com o atual governo Bolsonaro, com a ajuda dos militares, do STF que dá seu aval para privatizações criminosas e também da direita "liberal" que apoia todo projeto de privatização e ataques contra a classe trabalhadora e o povo pobre.

O governo eleito de Lula-Alckmin já mostra durante a transição que farão todo tipo de concessão aos capitalistas, com nomes de peso do liberalismo como Persio Arida, Armínio Fraga e Andre Lara Resende, entre tantos outros, numa sinalização que jamais serão opção para a luta por uma Petrobrás 100% estatal, e que seja controlada pelos seus trabalhadores, que são os que sabem das reais necessidades da população e podem orientar a produção das refinarias de acordo com os interesses populares, impedindo que insumos tão básicos como o gás de cozinha falte para a população, como estamos vendo em Salvador agora. Por isso, é preciso ter independência política diante do governo eleito, batalhando contra a extrema direita que mostra que seguirá atuante em nosso país, como vimos com os bloqueios e atos reacionários pelo país. Para isso, é preciso construir uma força da classe trabalhadora que seja independente do novo governo e do regime político herdeiro do golpe institucional.

Os recursos do petróleo são imensos. Eles possibilitariam que os combustíveis fossem baratos, que houvesse um maciço investimento em ciência e tecnologia para gerar empregos, permitiria usar esses lucros para necessidades da população como saúde, educação, moradia mas escolhe-se fazer outra coisa: roubar trabalhadores brasileiros para enriquecer bilionários. É possível outro caminho, mas para isso ela precisaria se livrar dos gerentes militares e políticos a serviço dos acionistas e capitalistas - nacionais e estrangeiros - e ser 100% estatal e administrada democraticamente pelos trabalhadores.




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