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ECONOMIA | Desemprego recorde se mantém mesmo com tímida recuperação dos empregos

A grande imprensa capitalista vem noticiando que o mercado de trabalho nos últimos 3 meses vem recuperando o emprego formal. Em setembro, ocorreu a abertura líquida de 313.564 vagas com CLT, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que foram, não por acaso, divulgados pelo Ministério da Economia de Paulo Guedes, que deseja criar a falsa ilusão de uma recuperação econômica.

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

sexta-feira 30 de outubro de 2020 | Edição do dia

Via: Reprodução

Em setembro, ocorreram 1.065.945 demissões e 1.379.509 admissões. Durante os quatro meses de maior intensidade dos impactos da pandemia na economia, ocorreram 1,595 milhões de demissões líquidas. Entre julho e setembro, 43,73% destes postos foram recuperados.

Ocorreu uma queda no salário médio dos novos empregos, passando de e R$ 1.740,63, em agosto, para R$ 1.710,97 em setembro, cerca de 30 reais a menos. Todos os Estados apresentaram recuperação, com São Paulo em primeiro (75.706), Minas Gerais (28.339) e Santa Catarina (24.827) em seguida..

A procura capitalista por força de trabalho teve a seguinte distribuição nos principais ramos da economia brasileira: a indústria, um dos setores que nos últimos anos foi impactado pela política de desindustrialização, é o ramo que lidera a criação de vagas, com 110.869 postos formais, mais de um terço do saldo positivo deste mês; o comércio com saldo de 69.239 contratações, seguida por 45.249 empregos formais na construção civil e de 7.751 vagas no agronegócio.

A queda na média salarial dos novos postos abertos se relaciona ao gigantesco exército de mão-de-obra ociosa que alcança mais da metade da população. Um número recorde de desemprego e desalento garante a maior oferta de força de trabalho aos capitalistas e o consequentemente barateamento. O mesmo efeito possui a informalidade, que garante que os capitalistas, frente a uma crise econômica intensa que quem paga é a classe trabalhadora, em especial as mulheres e negros trabalhadores, reduzam o máximo possível as condições de trabalho e direitos daqueles que contratam.

O capital financeiro, o topo da cadeia alimentar capitalista, já esperava que em setembro ocorresse a maior disposição de mão de obra para ser explorada agora sob condições ainda melhores para os patrões. A recuperação de empregos, embora seja para o trabalhador desempregado uma ótima notícia de que ele possa voltar a trabalhar, o que deveria ser o direito mínimo, se dá num contexto de ataques históricos realizados desde o governo Temer até Bolsonaro sobre os direitos trabalhistas.

A recuperação econômica que Paulo Guedes e Bolsonaro tentam mostrar significa a recuperação dos lucros dos grandes capitalistas, da mesma maneira que no início da pandemia “salvar a economia” era sinônimo, na boca de Bolsonaro, em defender os lucros. O trabalho, pelo contrário, segue em constante ataque pelo governo.

Quem deve pagar pela crise são os capitalistas que gerem este sistema irracional, são eles que reservam aos trabalhadores os prejuízos das crises enquanto acumulam os ganhos do trabalho que exploram. É necessário que as demissões, protegidas por Bolsonaro ou por governadores como Dória, sejam proibidas e que o trabalho seja um direito pleno e inviolável, com todos os direitos, que foram atacados nos últimos anos pelo regime golpista e Bolsonaro, recuperados pela classe trabalhadora.




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