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Tragédia anunciada | Dezenas de mortos e centenas de desabrigados: irracionalidade capitalista faz vítimas no litoral paulista

Até o momento em que escrevemos essa matéria, já foram contabilizados 36 mortos, 40 pessoas desaparecidas, mais de 500 estão desalojadas e há cenas de bairros inteiros inundados. A área de maior impacto foi no município de São Sebastião, em especial a região da Barra do Sahy, mas a chuva atingiu fortemente a Baixada Santista, Ilhabela, Bertioga e outros lugares.

segunda-feira 20 de fevereiro de 2023 | Edição do dia
Reprodução/Redes sociais - foto de rua inundada em São Sebastião/SP

A maior parte das mortes ocorreu em um morro em um bairro popular do Sahy, afetando principalmente as famílias mais pobres. Das 36 mortes confirmadas, 31 foram no Sahy. Uma criança de 7 anos morreu em Ubatuba, em decorrência de um deslizamento de terra que atingiu sua casa. Em Juquehy há pelo menos 4 desaparecidos. Uma tragédia que certamente poderia ter sido evitada, não fosse a irracionalidade capitalista que promove construções desenfreadas em localidades de risco, colocando o lucro acima da vida. A responsabilidade é dos governos que há anos promovem essa situação e do Estado de conjunto, que permite que essa barbárie siga.

Segundo a moradora de São Sebastião, advogada da ONG Instituto Verdescola, localizada na Barra do Sahy, a “tragédia poderia ser evitada”. Em entrevista para o UOL, Fernanda disse: “Ver cenas como essas é algo muito triste, saber que existem pessoas soterradas e não poder fazer nada. A gente avisou tanto os órgãos responsáveis que ali era uma área de risco e nada foi feito. Foram muitos anos de omissão.”

O litoral foi atingido por uma chuva muito acima do normal: Bertioga e São Sebastião, por exemplo, receberam em torno de 400 milímetros de chuva em oito horas, segundo a Metsul. É previsto cerca de 303 mm para fevereiro inteiro nessas regiões, sendo que em apenas 1 hora São Sebastião recebeu 100 mm. Ou seja, o volume de água foi muito maior do que o que se costuma ter. Ao mesmo tempo, há áreas de risco em que se constróem as casas devido fundamentalmente à especulação imobiliária que há décadas vem crescendo no litoral norte. Todas as casas foram afetadas, mas as populares foram mais.

Sobre a situação, Diana Assunção, dirigente do MRT, disse:

Todos os anos os litorais do sudeste brasileiro são castigados pelas chuvas. Todos os anos vemos famílias perdendo suas casas, dezenas de vidas sendo ceifadas pelo soterramento e pelo descaso. Ano passado vimos as centenas de deslizamentos ocorridos em Petropolis, no RJ, vitimando dezenas de pessoas. É preciso dar um basta nesse ciclo de irracionalidade que afeta principalemente a população mais pobre.

Como a professora de SP, Marcella Campos, disse, é preciso um plano de emergência imediato na região:

Esse é mais um triste capítulo da barbárie capitalista que assola nossas cidades litorâneas. É preciso atacar os problemas desde a raíz, acabando com a especulação imobiliária e operando uma reforma urbana radical que garanta moradias com segurança para a população e saneamento básico para todos. Daí a importância de se ter independência política dos governos de plantão, que estão profundamente comprometidos com os interesses das grandes construtoras e dos tubarões do mercado imobiliário.




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