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Dilla Day: cultura e memória da música negra

Dani Alves

Dilla Day: cultura e memória da música negra

Dani Alves

Em sete de fevereiro é comemorado o aniversário de James Dewitt Yancey, conhecido como J Dilla, nascido na Cidade de Detroit, estado de Michigan e berço da música Soul e do R&B. Filho de Ma Dukes, cantora de ópera e Beverly Dewiit Yancey, baixista de jazz, Dilla foi rapper, multi-instrumentista, DJ e se consagrou como um dos maiores produtores de rap, produzindo músicas de artistas como Common, Janet Jackson, Erykah Badu, D’Angelo, e de grupos como A Tribe Called Quest, De La Soul, The Pharcyde e diversas outras conhecidas produções.

Dilla em sua residência em Conant Gardens, Detroit - 2003 (FOTO: B+)

Dilla se encantou pela música ainda novo através de seus pais, e enquanto secundarista no ensino médio se apaixonou pelo Hip Hop, quando produziu um grande acervo de batidas, utilizando apenas um toca fitas na montagem. Na adolescência também se desenvolveu nas batalhas de rap. Em 1992 Dilla teve seu primeiro contato com uma Akai MPC (controle de produção musical) através do amigo Amp Fiddler, tecladista e produtor que trabalhou com nomes como Prince e Fishbone, e o ensinou a programação de samples e bateria eletrônica, que foi rapidamente assimilado pelo jovem.

Parte do acervo de discos de J Dilla em sua antiga residência em Detroit (Foto:Reprodução)

Dilla não só aprendeu a programação de samples, como interviu sobre a grade de bateria tradicional, ou seja, em como reproduzir as batidas, se enfrentando com a rítmica rigorosa, explorando passagens diferentes das convencionais em uma dinâmica própria de ritmo.

Essa reorganização foi um marco em relação a uma métrica musical no Hip Hop baseada em intervalos regulares e periódicos, que foi combinada a sobreposição de samples em loops de várias camadas, uma técnica que muda a forma de se produzir hip hop até a atualidade e que Dilla soube perfeitamente desenvolver com uma textura sonora marcada por uma impressão de imperfeição espontânea.

Nos anos seguintes ao contato com a MPC Dilla fez importantes trabalhos com artistas como Janet Jackson, A Tribe Called Quest, Busta Rhymes, De La Soul e outros. Dilla formou seu primeiro grupo em 1996 onde lança o álbum "Fantastic vol 1" no conhecido grupo de rap Slum Village.

Slum Village foundation: Jay Dee, T3 e Baatin (Foto: officialslumvillage.com)

No ano de 2000 lançou também o volume 2 do clássico álbum no Slum Village, trabalho que o fez ser ainda mais reconhecido em todo o mundo. Nesse período também produziu nomes como QuestLove, D’Angelo, Erykah Badu, Talib Kweli, Common, entre outros.

Em 2001, através do single "Fuck The Police" onde denunciava a violência policial e como isso afetava a comunidade afro-americana, Dilla se lança como artista solo, deixando o grupo Slum Village. Apesar de ser mais conhecido como produtor, ele também foi produzido por vários de seus produtores favoritos como Pete Rock e Kanye Wast.

Em 2004 Dilla foi diagnosticado com uma doença grave e rara no sangue, e em meio aos rumores sobre seu estado de saúde, seguiu fazendo shows na sua turnê pela Europa, até que faleceu em 10 de fevereiro de 2006 deixando duas filhas.

Mesmo após sua passagem, seus trabalhos seguiram sendo reverenciados por artistas em músicas, filmes, programas de televisão e rádio. Suas músicas são ouvidas em todo o mundo pelos fãs que todos os anos celebram o nascimento do artista e suas técnicas também seguem sendo utilizadas pelas gerações de rappers como potente herança cultural deixada ao hip hop.


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