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Dissolução da URSS | Dirigente da restauração capitalista na URSS, Mikhail Gorbachev morreu nesta terça-feira

Gorbachev comandou a URSS durante o fim da Guerra Fria (1985-1991) e foi um dos principais dirigentes da restauração capitalista no leste europeu. A União Soviética há muito tempo já não era mais a mesma dos sovietes, da democracia operária, de Lenin e Trotsky, devido à burocratização iniciada por Stálin e seguida por seus herdeiros políticos. Mikhail Gorbachev deixou um legado de miséria e retrocesso social que se preserva até hoje nas mãos de Putin.

quarta-feira 31 de agosto de 2022 | Edição do dia

Reuters/Sergei Karpukhin/Direitos reservados

“Todo o poder aos Soviets” (conselhos de base), era a lógica de Lenin e Trotsky lá em 1917, quando os bolcheviques dirigiram a tomada do poder pelos operários em aliança com os camponeses. Esta célebre frase de Vladimir Lenin não se fez valer por muito tempo após a ascensão de Joseph Stalin ao poder. Gorbachev nasceu em 1931, em plena URSS deformada pela burocracia stalinista cuja herança política veio a assumir. Uma casta parasitária que, fora o palavreado e a estética vermelha, nada tinha de marxista ou leninista, ao contrário do que as historiografias stalinistas ou burguesas retratam.

Era também Mikhail Gorbachev um burocrata de marca maior, que como os outros defendia seus próprios interesses em detrimento dos interesses dos trabalhadores e camponeses russos, que viviam na miséria com as crises econômicas promovidas por essa casta e foram ludibriados durante décadas pelas mentiras, falsificações históricas, retrocessos, repressões e traições de Stalin e seus herdeiros. Para o ocidente capitalista, no entanto, Gorbachev é um herói que levou a suposta liberdade capitalista ao leste europeu e à Russia, reabrindo a economia ao capital. Com essa tarefa reacionária, que imediatamente despencou os índices econômicos e sociais das ex-repúblicas soviéticas, ganhou até um prêmio nobel da paz.

Gorbachev é responsável por abrir espaço para a oligarquia capitalista que se formou com a privatização das estatais, muitas das quais ficaram nas mãos de grandes burocratas que tinham influência entre a “elite vermelha”, que herdaram o aparato de inteligência, bem como os complexos industriais e militares da ex-URSS, e que Boris Iéltsin e depois Vladimir Putin vieram a serem os representantes políticos.

Por fim, é importante registrar que a catástrofe concluída por Gorbachev confirmou o prognóstico de Trotsky em A Revolução Traída (1936): ou a classe trabalhadora derrubaria a burocracia stalinista e retomaria a construção do socialismo; ou a burocracia buscaria se tornar uma nova classe possuidora e restaurar o capitalismo, destruindo a União Soviética.

Os desafios da classe trabalhadora das ex-repúblicas soviéticas agora segue em meio à guerra capitalista no leste europeu. As contradições abertas pelo processo de restauração, com o expansionismo imperialista da OTAN e as pretensões de potência da reacionária burguesia russa reatualizando a época de crises, guerras e revoluções identificada por Lenin. Contra as incontáveis barbáries gestadas pelo capitalismo, a classe trabalhadora do século XXI deve retomar o caminho do internacionalismo operário, da independência política diante das frações burguesas, da auto-organização e dos métodos da luta de classes, declarando guerra à guerra burguesa e retomando a tarefa de construção de partidos operários, socialistas e revolucionários em cada país.




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