×

LOBBY | E-mails mostram controle de Odebrecht sobre Lula

quarta-feira 30 de setembro de 2015 | 00:01

Análise das trocas de e-mails do empresário Marcelo Bahia Odebrecht e seus executivos revela a proximidade da maior empreiteira do País com Luiz Inácio Lula da Silva, durante seus dois mandatos (2003-2006 e 2007-2010), assessores e ministros do petista e as tratativas para atuação do ex-presidente em defesa dos interesses da construtora em negócios dentro e fora do Brasil.

São mensagens que começam em 2005 e seguem até o último ano de mandato do presidente Lula, em 2010, convites de almoço, pedidos de encontro e atuação do chefe da República em nome da empreiteira em países como Venezuela, Peru, Angola e dentro do próprio governo.

Em um e-mail Odebrecht e dois executivos da empreiteira, Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, conversam com o então ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes (do Brasil e da Namíbia) e que ’PR fez o lobby’, provável referência ao presidente Lula", registra análise prévia feita pela PF.

O projeto em questão, descrito no e-mail, é o de uma hidrelétrica, a Binacional Baynes, que envolvia um consórcio brasileiro formado pela Odebrecht com a Engevix - duas empreiteiras acusadas de corrupção na Lava Jato - e as estatais Eletrobrás e Furnas, junto com a Namíbia e Angola. Investimento de US$ 800 milhões.

As mensagens revelam que o canal permanente de diálogo entre Lula e Marcelo Odebrecht era feito através do empresário Alexandrino Alencar, que assim como Odebrecht foi preso na Lava-Jato. Segundo a PF, o contato de Alencar no governo era com Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula e considerado como principal braço direito do ex-presidente. Nos emails, Gilberto Carvalho era tratado como o “seminarista”, em referência a sua relação profunda com setores da igreja católica.

Em 2007, Odebrecht recorre ao "Seminarista" para resolver um problema da empreiteira com um dos ministros do governo Lula. Marcelo pede a Alexandrino que acione o "seminarista" para tratar de um leilão em que a empresa participava e questiona a postura do então ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner.

"Alex, O Hubner está querendo jogar o PR ainda mais contra nós. Importante você fazer esta mensagem chegar no seminarista ainda hoje".

Entre os e-mails interceptados na sede da Odebrecht pela Polícia Federal em meio à Operação Lava Jato, há mensagens que sugerem que o presidente da maior empreiteira do País queria que a presidente Dilma Rousseff (PT) fizesse lobby do grupo na República Dominicana. As correspondências eletrônicas tratam do encontro de Dilma com o presidente dominicano eleito Danilo Medina, em 9 de julho de 2012.

Por e-mail, Miguel Jorge tentou esclarecer afirmando que “em praticamente todas as viagens do presidente, havia reuniões com empresas, embora elas não viajassem com ele - mas, sempre, havia uma reunião pública e aberta, em que falavam o PR e ministros (das Relações Exteriores, ou do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ou da Agricultura (nessas duas regiões, havia um enorme interesse pelo trabalho de pesquisa da Embrapa). Nas reuniões do PR com outros presidentes, das quais participei, não havia a presença de empresas”.

Já a Odebrecht escreveu em nota que “esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País...”.

O recente caso de corrupção na Petrobras, o maior já descoberto no país e um dos maiores do mundo, apenas deixa um pouco mais evidente a relação de completo controle e influência que os grandes empresários exercem sobre os políticos que governam o estado capitalista. Não a toa, a Odebrecht foi justamente uma das empreiteiras que mais doaram as campanhas eleitorais do PT desde que esse assumiu o governo.

Apesar da oposição de direita usar esses e-mails vazados para tentar desgastar ainda mais o PT, todos sabem que Aécio Neves e o PSDB também contam com “apoio” financeiro dos Odebrecht nas eleições. Como denunciamos insistentemente através do Esquerda Diário, PT, PSDB, PMDB e todos os partidos burgueses atuam para os interesses dos grandes empresários. Os lobbys, sejam eles considerados legais ou não, e a corrupção são a regra nas relações políticas no capitalismo em todo o mundo.

Os grandes meios de comunicação, também financiados pelos empresários, já não falam mais, mas quem não se lembra das viagens luxuosas a Paris do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, junto ao seu grande amigo empreiteiro Cavendish? Ou então da relação pessoal entre Eike Baptista, Lula e Dilma? Ou a relação do tucanato paulista com as multinacionais no caso do cartel do Metrô?




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias