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Estado colonial | Eleições em Israel: Netanyahu e seu bloco de extrema direita pode obter a vitória

A recontagem definitiva será conhecida entre quarta e quinta-feira, mas as pesquisas de boca de urna de três canais nacionais indicam que a aliança Likud, partido de Netanyahu, com o Sionismo Religioso e outros partidos nacionalistas de extrema direita conseguiriam entre 61 e 63 cadeiras das 120 do parlamento, maioria necessária para formar governo.

quinta-feira 3 de novembro de 2022 | 14:28

Texto original em espanhol de Mirta Pacheco [@mirtapacheco1]

Com participação de 71.3%, a mais alta desde 2015, foi finalizada a quinta eleição em 4 anos no Estado de Israel. A participação dos árabes israelitas habilitados a votar aumentou apenas 30%, o que fala do grande descontentamento dos palestinos cidadãos – de segunda categoria – israelitas com o regime, incluindo os partidos árabes que participaram desta eleição.

As pesquisas de boa de urna que realizaram os canais de televisão (11, 12 e 13) poucos minutos depois que se fecharam as urnas às 22hrs de Israel, colocavam um resultado favorável ao direitista Benjamin Netanyahu com 30 a 31 cadeiras no Knéset (parlamento israelense), enquanto a extrema direita do Sionismo Religioso – um de seus principais aliados – se converteu hoje no terceiro partido mais importante, com 14 ou 15 cadeiras (segundo as pesquisas de boca de urna dos canais). O outro agrupamento de sua coalizão, Shas (judeus ultraortodoxos sefarditas) obtiveram cerca de 10 cadeiras e o Judaísmo Unido do Torá (ortodoxos asquenazi), 7 lugares.

Com estes resultados preliminares, Netanyahu supera seu principal rival eleitoral: o atual primeiro-ministro interino Yair Lapid (que encabeça atualmente a repressão e assassinatos que o exército leva adiante no norte da Cisjordânia), com seu partido Yesh Atid, teria entre 22 e 24 cadeiras. Somados os demais partidos que fazem oposição à coalizão ultradireitista que encabeça o ex-primeiro ministro, teriam de 51 a 58 cadeiras no parlamento. Ou seja, a direita e a extrema direita religiosa estariam em condições de compor governo, já que necessitam ter 61 cadeiras para isso.

Um seguidor desta extrema direita deixou claro em suas redes sociais: “Este é o dia em que deus fez uma revelação e nos alegramos dela. Hoje, o sionismo religioso está fazendo história com a maior conquista de um partido religioso nacional desde a criação do Estado, conquista que se soma ao que parece ser a vitória e decisão do campo nacional. Agora estamos esperando pacientemente os resultados da verdade para que com a ajuda de deus possamos estabelecer com confiança um governo nacional, judeu e sionista de direita”.

Nada de bom podem esperar os palestinos israelitas com estes resultados, muito menos os palestinos que vivem na Cisjordânia.

Um dos líderes do Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, disse à imprensa quando foram publicados os resultados da boca de urna: “o sionismo religioso faz história com a maior conquista para o campo sionista religioso, desde a fundação do Estado. Uma conquista que se soma ao que parece ser uma vitória decisiva”. O outro líder deste partido, Bem Gvir, participou de um ato no fechamento da votação, onde seus seguidores cantavam “morte aos árabes”. Quatro palavras que resumem sua ideologia.

Os colonos israelitas estiveram durante o dia bastante ativos, viajando ao centro do país, a instancias do Likud, para convencer os israelitas de irem votar, garantindo para eles os meios de transporte.

A escassa participação de um grande setor de palestinos que vivem em Israel, também se traduziu em que o partido nacionalista árabe Balad, não alcançaria o piso eleitoral de 3,25%. Até agora contava com três deputados. Mesmo que Balad negue ser “a esquerda israelense” e se considera parte do movimento nacional palestino, o certo é que legitima o parlamento e por esse viés, ao regime sionista, com sua presença.

Um cidadão israelense, ativista pró palestina, dizia a este Diário na noite anterior às eleições: “Também tem aqui (em relação à simpatia dos palestinos israelenses aos partidos árabes) uma questão de classe: acho que os trabalhadores palestinos não querem votar, não acreditam que os partidos israelenses ou árabes que se apresentam nas eleições resolverão suas necessidades, sua falta de direitos, e menos ainda da vida de seus irmãos nos territórios ocupados. Mas há um setor de classe média e os empresários árabes israelenses, a quem isso não lhes importa, pois primam mais pelo seu bem estar econômico”.

Para seu sócio maior, o imperialismo estadounidense, estes resultados não seriam uma boa notícia, já que o governo Biden apostava pelo triunfo do Lapid, um interlocutor um pouco mais fiável, tendo em conta que Netanyahu (se estes resultados se mantêm da mesma maneira na contagem definitiva) terá que dar vários ministérios importantes a estes partidos ultra ortodoxos, o que pode romper o delicado “equilíbrio instável" no interior de Israel. O que repercutirá, por suposto, nos territórios ocupados.




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