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PANDEMIA NO RS | Em vídeo, Eduardo Leite mostra como sua política não é tão diferente de Bolsonaro assim

No mesmo dia em que o RS anunciou 502 mortes por Covid em 24 horas, Leite acalmou os bolsonaristas e confirmou a flexibilização das medidas de restrição no estado. Em vídeo nessa sexta-feira, Leite mostra como, nas questões essenciais, sua diferença com Bolsonaro está menos em quais medidas tomar do que na velocidade com que se toma.

sexta-feira 19 de março de 2021 | Edição do dia

Foto Mateus Bruxel / RBS

Há uma máxima que diz que a prática é o critério da verdade. No caso do governador do Rio Grande do Sul, essa máxima se aplica de forma curiosa. As hordas bolsonaristas bradam contra o chefe do Piratini acusando-o de comunista por ter restringido o funcionamento de serviços não essenciais (sim, o mesmo “comunista” que essa semana anunciou a privatização da Corsan). As imagens pitorescas dos protestos verde e amarelo das últimas semanas em Porto Alegre viraram símbolo do empresariado que quer lucro acima de tudo, mesmo que isso signifique explodir o sistema de saúde.

Mais de 500 mortes diárias, pessoas morrendo sem oxigênio, centenas de porto-alegrenses na fila da UTI… no auge da pandemia, Eduardo Leite não só atendeu aos pedidos do povo de bem do Parcão, como ainda “provocou” o presidente dizendo que “chegou tarde”, em referência à ADI protocolada no STF pelo governo federal (veja o vídeo aqui). Ou seja, Leite fez o que Bolsonaro queria, mas fez antes, de forma mais veloz e mais eficiente. Apesar da aparência de oposição e defensor da ciência, a verdade é que esse vídeo recente e sua decisão em flexibilizar as restrições no Rio Grande do Sul o tornam mais perto de Bolsonaro do que sonham os donos da RBS.

Contrariando toda a ciência, essa nova medida de Leite atende aos interesses do empresariado. Não há outra explicação. Os grandes empresários gaúchos não se importam se o sistema de saúde está mais ou menos colapsado, se o transporte público está mais ou menos lotado, se os trabalhadores estão mais ou menos expostos ao vírus. O importante é botar a máquina de dinheiro para girar. Com o sistema de saúde colapsado, a tendência é mais gente morrer por conta da política criminosa de Leite que, como ele mesmo falou, antecipou os desejos do capitão. Bolsonaro e Eduardo Leite levam a frente políticas igualmente assassinas, mas de formas diferentes. É na surdina, por exemplo, que Leite vai ao STF pedir para reabrir as escolas de ensino infantil e fundamental sem segurança sanitária.

A volta dos serviços não essenciais, sem segurança sanitária, com os ônibus lotados em Porto Alegre e tantas outras cidades, com o nível absurdo de transmissão do vírus neste momento, vai agravar a já insustentável crise sanitária. Temos hoje cerca de uma tragédia Kiss por dia no estado. Há duas semanas temos UTIs absolutamente lotadas na capital. Estão sendo criadas filas nos cartórios durante a madrugada para registrar óbitos. As funerárias especializadas em Covid estão precisando guardar os corpos em contâiners. Se o desejo de Leite é fazer do RS o epicentro do coronavirus no Brasil, propiciar novas cepas e gerar ainda mais cenas assustadoras nos hospitais, parece que vai conseguir.

Ao mesmo tempo, é preciso dizer que as restrições de Eduardo Leite, assim como de governadores da Bahia, de São Paulo e tantos outros estados, estão arregaçando com a vida das famílias mais pobres. Garçons, comerciários, vendedores ambulantes, artistas de rua, vendedoras autônomas, cabelereiros, cozinheiros, uma quantidade enorme de trabalhadores estão sofrendo os impactos de uma crise que não foi criada por eles. As restrições de Leite, na medida em que permitem demissões, reduções salariais e não são acompanhadas por um auxílio emergencial digno, acabam pesando nas costas dos trabalhadores. E os patrões aproveitam para retirar todos os direitos possíveis e demitir visando a manutenção de seus lucros.

A bem da verdade, o “isolamento social” proposto por Leite (que chegou a índices de míseros 34,4% em março) e aplaudido pela RBS é medieval. Literalmente medieval, pois não é feito de forma racional, com testes massivos para localizar o vírus e isolá-lo, garantir auxílio para tornar a quarentena um direito de todos e não um privilégio de alguns, sem contratação de mais funcionários para suprir as demandas nos hospitais, sem converter a indústria para produzir insumos médicos, sem transformar os hotéis vazios em grandes hospitais de campanha…

Desenvolvemos um programa emergencial para a crise neste texto aqui, onde colocamos como é impossível combater a pandemia sem se enfrentar com os grandes lucros dos capitalistas e também com o próprio governo federal e os governadores que, cada um a seu tempo e modo, governam em benefício dos grandes capitalistas.




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