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UnB | Empresa terceirizada e UnB não pagam rescisão de trabalhadores: “já é costume da universidade dar esse prejuízo para nós”

Cerca de 278 trabalhadores estão sem receber seus direitos trabalhistas, devidos pela UnB e a empresa Servitium. Agentes da portaria relatam calote da Servitium e irregularidades durante todo o contrato, que tinham a ciência da UnB. Novamente, a Reitoria da UnB mostra seu descaso com a vida e a exploração de centenas de terceirizados.

terça-feira 23 de agosto de 2022 | Edição do dia

Com o fim do contrato entre a universidade e a empresa de mão de obra terceirizada no dia 1 de agosto, cabia à Servitium pagar as multas rescisórias devidas aos agentes de portaria, que durante mais de 1 ano e meio cumpriram suas responsabilidades diariamente.

Porém, conforme depoimentos colhidos pelo Esquerda Diário, o acerto de contas, que deveria ter sido feito no dia 11/08, foi adiado para o dia 17/08, quando novamente os trabalhadores ficaram na mão sem receber o seu dinheiro. Segundo os relatos, a Servitium deixou de recolher regularmente os direitos trabalhistas, como o FGTS, de vários trabalhadores. Além disso, eles também denunciam irregularidades no pagamento do horário de almoço e janta, como também do adicional noturno.

No contexto de alta dos alimentos, de escalada generalizada da inflação, de destruição das condições de vida dos trabalhadores em meio ao governo Bolsonaro sabemos o sofrimento que é fazer o dinheiro render até o próximo pagamento, o que ressalta a crueldade da empresa de mão de obra terceirizada, como também da universidade que está ciente de toda a situação e, mais uma vez, busca lavar suas mãos.

“Já é costume da universidade ter esse tipo de empresa e dar esse prejuízo para nós trabalhadores que não aguentamos mais. Nós fazemos a nossa parte, colocamos sempre a disposição nosso trabalho para a universidade, mas infelizmente o trabalhador tá sempre tendo esse prejuízo.”

Depoimento de trabalhadora da Servitium ao Esquerda Diário.

Conforme dito em um dos depoimentos, já é de “costume da universidade ter esse tipo de empresa e dar prejuízo para os trabalhadores”, ressaltando a natureza exploratória da terceirização. A UnB se vale dessa forma de contratação para superexplorar trabalhadores, no geral mulheres negras, destinando os piores postos de trabalho. Ao longo da pandemia, cobrimos diversos casos de negligência por parte da universidade com esse setor de trabalhadores que foi forçado a trabalhar sem direito a quarentena. Dessa forma, os trabalhadores foram expostos ao vírus, sem receber adequadamente os mínimos equipamentos de proteção, como álcool gel e máscaras, mostrando o desprezo por suas vidas. Além disso, no começo do ano 94 trabalhadores terceirizados da limpeza foram demitidos pela reitora Márcia Abrahão.

“Eu gostaria que vocês os estudantes, que é a força maior que nós temos aqui, e o que vocês puder nos ajudar verdadeiramente [...] Querendo ou não nós fazemos um papel muito importante para vocês estudantes, porque se vocês olhar bem quem sempre está ao lado de vocês aqui são os porteiros, nós estamos aqui pra isso, pra ajudar os estudantes pra dar um conforto. Gostaria que vocês pudessem olhar pra gente nos ajudar aqui, porque nosso dia a dia é luta. Nós conhecemos os professores, os estudantes, nos temos um carinho muito grande por isso aqui.” Depoimento de trabalhadora da Servitium ao Esquerda Diário.

Nós do coletivo de estudantes Faísca Revolucionária, além de abrirmos nosso jornal como ferramenta de luta dos trabalhadores, disponível para toda denúncia, também levantamos uma campanha de foto dos estudantes em apoio aos trabalhadores e exigindo o "Pagamento imediato dos salários dos terceirizados!! A Reitoria é responsável!". Acreditamos que a aliança de estudantes e trabalhadores é o que pode barrar todos os ataques da Reitoria na universidade.

É fundamental que o DCE e os Centros Acadêmicos, a ADUnB e SINTFUB, instrumentos de luta da comunidade acadêmica, organizem a mais ampla solidariedade entre os três setores da UnB para com os terceirizados, inclusive chamando à mobilização e exigindo da reitoria o pagamento imediato dos salários dos terceirizados.

É crucial defendermos a efetivação de todas e todos os terceirizados sem a necessidade de concurso público. Afinal, como vemos, a terceirização é um mecanismo dos capitalistas para dividir e oprimir ainda mais a nossa classe - no final das contas, as terceirizadas já fazem seu trabalho todos os dias como qualquer efetivo.

Encaminhe também sua foto em apoio aos trabalhadores com a frase: "Pagamento imediato dos salários dos terceirizados!! A Reitoria é responsável!" através do Instagram https://www.instagram.com/ge.seso.marxismo/




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