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PANDEMIA | Empresários ameaçam demitir em massa para manter lucros com recorde de mortes

quinta-feira 25 de março de 2021 | Edição do dia

Donos de grandes empresas pressionam pelo retorno da MP 936, pedindo pela redução da jornada de trabalho com redução de salários, pedindo que o Estado assuma a responsabilidade por pagar os trabalhadores contratados por estas empresas. Empresários como o reacionário Flavio Rocha, defensor do fim da CLT, chantageiam trabalhadores e seus sindicatos dizendo que, sem a MP 936, haverá demissão em massa nas empresas.

Grandes empresários, capitalistas defensores do livre mercado, da "meritocracia" e do "empreendedorismo", agora pedem ao Estado ajuda com suas folhas de pagamento. São grandes empresas com histórico de lucros bilionários nos últimos anos, que querem manter a mesma taxa de lucro, e para isso pedem ajuda estatal. Eles só não dizem que estas mesmas empresas forjam seu lucro à partir da super exploração dos trabalhadores, além do calote de dívidas previdenciárias, trabalhistas, etc.

Nada mais justo seria incluir na proposta a taxação das grandes fortunas destas empresas, pois a proposta comprova que não é pela via da liberdade econômica que os empregos são mantidos, mas sim pelo fundo público. E é do interesse da maioria da população a manutenção dos salários, sem nenhuma redução, enquanto que a manutenção das taxas de lucro só é do interesse deste punhado de meia-dúzia de empresários.

Empresas como a Riachuelo e Flávio Rocha, ou o Carrefour e da BRF de Abílio Diniz, que também defende a Medida Provisória 936, poderiam muito bem ser colocadas à serviço público, para distribuir, por exemplo equipamentos de proteção para os trabalhadores da saúde e de setores essenciais - já que a Riachuelo está no ramo vestiário - ou então, distribuição de alimentos e produtos para a reprodução da vida dos trabalhadores, pela imensa rede de supermercados representada pelo grupo Carrefour e da BRF.

Só a BRF, uma as maiores companhias de alimentos do mundo, na qual Abílio Diniz ocupa cargo no Conselho de Administração, se fosse colocada sob controle dos trabalhadores e do povo pobre, representaria um salto na qualidade de vida de 10,3 milhões de brasileiros vivendo sob insegurança alimentar grave, isso só pra citar casos extremos. E em ano de pandemia, a BRF lucrou R$ 1,39 bilhões enquanto seus trabalhadores tiveram salário reduzido pela aplicação da MP 936.

Com a taxação das grandes fortunas destes empresários, é possível financiar a redução de jornada de trabalho sem redução de salários. Mas para combater a pandemia, é preciso ir além e reconverter a atividade produtiva, para que as empresas não esteja voltadas somente à atender a produção de lucro para seus proprietários e acionistas. Só com a reconversão da indústria, é possível produzir insumos e equipamentos para evitar as mortes pela pandemia, mortes que hoje batem recordes mundiais em solo brasileiro

Para avançar num caminho em que trabalhadores não tenham que escolher entre morrer de fome ou morrer contraindo o vírus da covid-19, é necessário que as Centrais Sindicais cessem a sua "quarentena sindical", parem de apostar nas negociações com figurões golpistas e capitalistas, e organizem os trabalhadores nos locais de trabalho para combater a ameaça de "caos" anunciada por Bolsonaro ou a ameaça de demissão em massa dos empresários. No ano passado, as Centrais disseram que a MP 936 tinha sido uma conquista, mas que conquista é essa que deixa trabalhadores em casa com salário reduzido, jogados à necessidade de fazer uma segunda jornada para pagar suas contas em meio à pandemia? E é possível pensar em uma "conquista" dos trabalhadores que, hoje, é reivindicada por grandes empresários como Abílio Diniz e Flávio Rocha?

O debate de hoje, com a reivindicação da MP pelos próprios capitalistas, mostra como as Centrais se adaptaram à atender interesses empresariais ao invés dos interesses dos trabalhadores. É por isso que Diana Assunção, trabalhadora da USP e editora do Esquerda Diário defendeu, em um texto publicado aqui:

Nesse caminho seria fundamental que o PSOL e as organizações de esquerda pudessem ser um contraponto a essa política petista exigindo que esses sindicatos saiam de sua "quarentena" e organizem a luta efetiva. Mas as resoluções do último Diretório Nacional do PSOL parecem ignorar qualquer saída pela mobilização e propõe como linha central do partido uma tímida "Mesa de Diálogo Permanente" com os partidos que a maioria do PSOL defende para aliança eleitoral em 2022, o que serve mais como tática eleitoral de aparecer com um discurso de unidade, do que como resposta à crise, que obviamente não poderia passar por mesas desse tipo e teria que ser pela via da mobilização das massas e do enfrentamento com as burocracias sindicais.

Leia mais: Brasil agoniza nas UTIs lotadas e pela fome: a resposta não é esperar 2022.




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