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Pernambuco | Enchentes em Caruaru cobre Raquel Lyra de lama da cabeças aos pés

A tragédia anunciada das enchentes e alagamentos atinge mais uma vez Caruaru. A responsabilidade é de Raquel Lyra (PSDB), ex-prefeita da cidade e atual governadora de Pernambuco.

domingo 19 de março de 2023 | 16:26

O descaso histórico do estado com as enchentes e alagamentos fazem mais vítimas no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Não é inverno, não é temporada de chuvas, não precisou de mais do que um dia para famílias ribeirinhas perderem tudo que já não tinham. Não tem desculpas.

Nas redes sociais e aplicativos de mensagens, vídeos mostram enchentes levando pertences dos moradores. As chuvas atingiram bairros como Severino Afonso, São José, João Mota e Três Bandeiras. Famílias foram desalojadas, sobretudo aquelas que vivem em áreas à beira de rios.

Em Severino Afonso, um dos bairros mais atingidos pela chuva, a costureira Maria Sueli relatou em entrevista à Rádio Jornal: "A situação é muito difícil, principalmente na área mais baixa. Desde 2020 que, para mim, já virou um pesadelo. É a segunda vez que passo por essa dificuldade".

O governo do estado de Pernambuco, primeiro responsável pela tragédia que atravessa municípios do litoral, zona da mata e agreste, já tem em seu histórico a negligência perante as enchentes e deslizamentos. Desta vez a responsabilidade está inteira sob as mãos da atual governadora Raquel Lyra (PSDB), eleita com o apoio da base bolsonarista, ex-prefeita de Caruaru, e do atual prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), ex vice prefeito de Lyra, que assumiu para que ela pudesse concorrer ao governo do estado.

Mas as enchentes, alagamentos e deslizamentos são estruturais de Pernambuco. A tragédia anunciada se repete ano após ano, com a total cumplicidade dos governos da vez. Em 2022, o governo de Paulo Câmara (PSB), indicado por Lula para assumir a chefia do Banco do Nordeste, teve suas mãos enlameadas com a morte de pelo menos 132 pessoas e milhares de desabrigados.

A cada nova tragédia os órgãos públicos lançam notas de pesar e promessas de reparo. Apenas para tudo se repetir meses depois. As enchentes não são tragédias naturais, mas sim consequência da sede de lucro capitalista e do racismo que lança a população pobre, majoritariamente negra, para as periferias e moradias precárias, enquanto milionários vivem em coberturas luxuosas de Boa Viagem, Casa Forte e Paiva. Por outro lado, centenas de obras inacabadas e prédios abandonados enchem a paisagem urbana de Recife, a capital com maior desigualdade sócio-econômica do país, onde reina a especulação imobiliária.

É urgente uma reforma urbana radical que exproprie os prédios abandonados do capital imobiliário e coloque um fim à falta de moradia e em situações precárias nas encostas dos morros e rios. Somente a luta dos trabalhadores, com total independências dos governos cúmplices dessa tragédia, pode dar um futuro para os trabalhadores e para a população negra que não termine arrastada pela próxima enchente.




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