×

Eleições 2022 | Enquanto trabalhadores são massacrados pelos ataques do Congresso, Lula faz campanha para 2022

Hoje vemos uma ofensiva de privatizações e aprovação de reformas que vêm para precarizar as condições de vida e trabalho ainda mais. Enquanto o centrão e a direita aprovam esses ataques no Congresso, Lula faz campanha para as eleições de 2022, buscando alianças com essa mesma direita.

Lara ZaramellaEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

sexta-feira 20 de agosto de 2021 | Edição do dia

Imagem: Miguel Schincariol/AFP

A situação que o Brasil está passando, além da pandemia mundial da Covid-19 que segue sendo alarmante, é de maior precarização da vida e do trabalho. Está em curso uma ofensiva de ataques e reformas que arrancam direitos e condições dignas de trabalho, como a Administrativa e a “minireforma” trabalhista, e a privatização de importantes estatais brasileiras, como a Eletrobrás, as ações da BR Distribuidora ligadas à Petrobras e os Correios.

Para garantir essa agenda e ofensiva de ataques, o que vemos é não só o governo de Bolsonaro, Mourão e dos militares à frente, mas uma aliança com todos os setores deste regime político. Os que foram parte do golpe institucional de 2016 e hoje estão no Congresso, na CPI da Covid e no judiciário, através de discursos demagógicos, se colocam contra Bolsonaro, sua gestão na pandemia e seus escândalos de corrupção, mas são na verdade estão junto ao governo federal para aprovar cada um dos ataques que vemos em curso e têm o mesmo objetivo: fazer com que os trabalhadores paguem pela crise e miséria capitalista, sofrendo com o aumento do desemprego e do trabalho precário, da fome e alta dos preços dos alimentos, da devastação ambiental e mudanças climáticas.

Pode te interessar: Disputas entre projetos autoritários e ataques de grande intensidade

São todos responsáveis pelas privatizações que foram aprovadas no último período, assim como pelas reformas que querem implementar para retirar ainda mais direitos em nome da manutenção e aumento do lucro de uns poucos empresários e banqueiros capitalistas. São responsáveis pelas mais de 570 mil mortes pela Covid-19 e por milhões de brasileiros estarem na pobreza e miséria.

E é com esse centrão e direita neoliberal que vemos o ex-presidente Lula e o PT buscarem fazer alianças rumo a 2022. Nesta semana, enquanto na Câmara se articulam todos esses ataques, Lula viaja pelos estados do nordeste buscando negociar o apoio de partidos de direita como o PSB de Paulo Câmara e João Campos, que reprimem os trabalhadores de Pernambuco enquanto em Recife aprovam uma reforma da previdência municipal. Além do PSB, a agenda de Lula no Recife também contará com conversas com o PSD, MDB, Republicanos, Cidadania e PP. Todos partidos que foram e são parte da destruição dos direitos dos trabalhadores e da venda do país em curso nos últimos anos e que agora se intensifica.

Mesmo que declare em entrevistas e redes sociais que vai revogar o teto de gastos, que é contrário às privatizações e que vai garantir isso com maioria na Câmara, vemos seu discurso demagógico caindo por terra a partir do momento que aperta a mão de golpistas que desde já, na mesma Câmara inclusive, vêm aprovando privatizações e ataques neoliberais que precarizam o trabalho e a vida.

Em nome de seus objetivos eleitorais em 2022, vemos Lula e o PT priorizarem se beneficiar com os desgastes que Bolsonaro vem sofrendo com os escândalos e queda de popularidade, se aliando com nossos inimigos e garantindo sua localização para as eleições presidenciais do próximo ano.

Enquanto isso, o que o PT de Lula assim como o PCdoB, fazem com as entidades que dirigem, como as gigantes centrais sindicais da CUT e CTB, e entidades estudantis de peso como a UNE e centenas de DCEs pelo país, é esvaziá-las e paralisá-las para que não organizem os trabalhadores e a juventude contra os ataques que estão em curso e sendo aprovados agora com o apoio dos mesmos partidos com quem Lula busca se aliar. Não à toa o petista disputa o apoio da direita no nordeste com o próprio Bolsonaro, que tenta ampliar seu apoio na região.

A política que as direções burocráticas dos sindicatos e centrais sindicais tiveram frente aos atos nacionais vem gerando refluxo, abrindo espaço para partidos de direita, assim como também com a falta de organização de um plano de luta que responda à altura aos ataques do momento, como a privatização dos Correios, em que os trabalhadores demonstraram disposição de luta, ou o último dia 18 de agosto, em que sequer construíram esse dia de paralisação. Assim se evidencia a política do PT: a busca por alianças com a direita rumo às eleições, por um lado, enquanto nos sindicatos e entidades estudantis garante a passividade com manifestações controladas, dispersas e isolando outros focos de resistência que se expressem.

Veja mais: Um primeiro balanço do 18A

A saída não está em 2022 e nem nas ilusões de Lula. A saída para os trabalhadores está em confiar nas suas próprias forças, se mobilizando com a juventude, os indígenas, os LGBTQI+, negros e mulheres. Precisamos nos organizar para enfrentar os ataques que estão colocados agora, e não desgastar Bolsonaro até 2022.

Essa passividade nos sindicatos e entidades estudantis é uma trégua criminosa com o governo Bolsonaro/Mourão e com todo o regime que vai destruindo tudo o que restou dos serviços públicos e dos direitos trabalhistas desde o golpe institucional de 2016, avançando no autoritarismo e precarização. A CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU, e também as Intersindicais, onde quem tem peso é o PSOL, deveriam dar exemplos nos sindicatos onde estão, ao invés de fechar os olhos para a traição que as direções petistas estão fazendo ao abandonar os trabalhadores em nome de construir a campanha eleitoral de Lula desde já.

Por isso, é fundamental fortalecer e apoiar cada foco de resistência que existe hoje em curso, tanto as categorias do funcionalismo público que demonstraram disposição de luta no último dia 18 de agosto, como a greve da MRV em Campinas, a luta dos trabalhadores da educação em Betim, a greve na Ação Contact Center, empresa de telemarketing em Belo Horizonte, além dos atos e mobilizações que os povos indígenas vêm organizando contra o Marco Temporal e o PL490.

O caminho é nos apoiar na força desses trabalhadores que hoje, mesmo com todas as condições adversas, se colocam em luta, cercando de solidariedade, divulgando as greves e mobilizações já que a mídia está do lado dos patrões. É a serviço disso que nós do Esquerda Diário e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) colocamos nossas forças, lutando pela organização dos trabalhadores, estudantes, de todos explorados e oprimidos por esse governo e regime político.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias