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UNICAMP | Falta de bebedouros, materiais e infraestrutura: estudantes das Artes convocam ato. Todo apoio!

O Instituto de Artes da Unicamp vem passando por um profundo processo de precarização. Com falta de estrutura e diversidade do conteúdo estudado e do próprio corpo docente, os estudantes do IA se mobilizam contra a política de precarização que vem passando o instituto.

quarta-feira 25 de maio de 2022 | Edição do dia

Créditos imagem: Theo Camargo

São graves as denúncias que vêm fazendo os estudantes dos Institutos de Artes da Unicamp. Com falta de bebedouros, carteiras e mesmo máscaras em meio à pandemia, os alunos dos distintos cursos de Artes vêm enfrentando uma séria precarização, que afeta diretamente no ensino e permanência dos estudantes. Não à toa, o Instituto de Artes foi de onde se iniciou a greve de 2016, que arrancou cotas étnico-raciais e o vestibular indígena na universidade, colocando em xeque também a precarização da universidade.

Em carta à direção, representantes discentes descrevem: “Nas instalações do curso de Comunicação Social-Midialogia, não existem recursos suficientes no laboratório de fotografia; o estúdio de áudio não possui condições apropriadas de um estúdio, assim como existem apenas duas salas de laboratório abertas aos alunos, o que não acomoda a demanda real do curso; os equipamentos disponíveis nos laboratórios também estão velhos não cumprindo mais suas funções corretamente.

Além disso - como será apresentado também em outros cursos - o departamento sofre com escassez de funcionários, o que sobrecarrega os existentes assim como os professores, também em falta dentro do curso, e a diminuição dos horários de funcionamento dos laboratórios destinados a oficinas, disciplinas e realização de projetos dos alunos.

Nas salas destinadas ao curso da Música, os equipamentos como ar condicionado estão em péssimas condições, o que pode diminuir a qualidade dos instrumentos, e alguns que no momento já se encontram quebrados. Além disso, a atual disponibilidade de uso das salas de ensaio é menor que a demanda real dos alunos para estudar e até guardar seus instrumentos.

Já o curso de Artes Visuais possui uma falta absurda de equipamento contando com fornos da aula de cerâmica que estão quebrados, projetores e ar condicionado quebrados. Soma-se ainda a falta de verba para material destinado aos projetos dos alunos, assim como excursões propostas dentro do curso, o que faz com que os alunos tenham que resolver essas pendências com o próprio dinheiro. Ademais a falta de funcionários, que limita a execução de atividades, assim como a falta de professores dentro do departamento, o que sobrecarrega os atuais que ficam impossibilitados de se aposentar correndo o risco do não oferecimento de disciplinas obrigatórias ao curso.

Os departamentos de Artes Cênicas e Dança não possuem instalações mínimas para se manter. Com o atraso das reformas do Paviartes, do prédio do Centro Acadêmico e a ausência do teatro do Instituto de Artes, que em maio fará 20 anos que começou a ser construído e não terminado. Logo, existe a falta de um prédio que acomode todos alunos de ambos os cursos, o que faz com que eles fiquem espalhados em diversos lugares da UNICAMP como em salas na Engenharia Básica, no prédio da Comvest, na Casa do Lago e em salas do Ciclo Básico II no caso de disciplinas teóricas.

O curso de Artes Cênicas não possui bebedouros suficientes dentro do que sobrou das instalações do Paviartes, não possui salas teóricas que atendam a quantidade de alunos que o curso dispõe, não possui cadeiras ou mesas suficientes dentro das salas de aula ou lousas para aulas teóricas, caixas de som que funcionem, sendo que as maiores salas também estão lotadas de equipamentos e objetos cenográficos que atrapalham as aulas por não terem outro espaço de depósito. Por fim, também existe a falta de professores no departamento como as vagas para ensinar as disciplinas de Linguagens Circenses e Teatro Negro que não são preenchidas e outros 3 professores com a data de aposentadoria próxima também sem perspectiva de renovação de vaga.

O curso de Dança não possui máscaras suficientes para os alunos fazerem as aulas. Por conta da grande quantidade de atividade física exigida no curso, os alunos transpiram mais, o que diminui a vida útil das máscaras, que deveriam ser trocadas com maior frequência. Mas pela falta de distribuição delas dentro do departamento, isso não acontece; podendo até prejudicar a saúde dos alunos já que invalida a barreira de proteção que seria dada pela máscara.”

Além da falta de estrutura mínima para diversas atividades, os estudantes do Instituto de artes, que se mobilizam contra a precarização exigindo medidas urgentes da Direção do Instituto e da Reitoria, também reivindicam uma revisão bibliográfica do curso que abarque o conhecimento das artes africanas, bem como da arte indígena. Uma demanda extremamente necessária em um momento de maior diversificação dos estudantes da Unicamp, fruto da luta por cotas em 2016. Também são frequentes as denúncias de que o curso de Midialogia pode fechar, por falta de professores.

Nacionalmente, vemos os crescentes ataques às universidades públicas como um todo, fruto da política privatista e excludente de Bolsonaro, como no caso da PEC 206 que busca avançar nos cortes e privatização da educação. Junto com a reforma do Ensino médio, que tirou a matéria de Artes do currículo obrigatório, são parte da precarização do conjunto de ensino, em um governo que quer censurar as Artes. Assistimos aqui na Unicamp o ataque ao bar do Ademir, o que o movimento estudantil respondeu com um ato, e na UFRN assistimos ataques da extrema direita, que elencam as universidades como seus alvos.

Veja também: Por uma paralisação nacional nas universidades contra a PEC 206 e os ataques do bolsonarismo

Para enfrentar a precarização dos cursos, da moradia da Unicamp e a falta de permanência, que se materializa mais fortemente em cursos que exigem a compra de materiais caros, é fundamental que o movimento estudantil de conjunto se mobilize para lutar contra a precarização do IA entendendo como parte de uma luta só contra os ataques daqueles que querem acabar com a educação, a começar pela extrema direita, mas também contando com o governo Doria e com a demagogia da reitoria Tom Zé da Unicamp que até agora não se posicionou sobre a reivindicação dos estudantes.

Nós do Esquerda Diário e da juventude Faísca Revolucionária, prestamos todo apoio a luta dos estudantes do IA e chamamos o conjunto do movimento estudantil, como o DCE da Unicamp, as diferentes organizações e também o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e a Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp) a se solidarizar e se somar nessa luta.

Todes ao ato no dia 26 até a reitoria, com concentração no IA às 12h.




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