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FALTA DE MORADIA DIGNA | Família soterrada em Recife: tragédia escancara descaso dos governos

“A prefeitura já tinha ido lá na casa deles. Todo mundo sabia que tinha problema com a barreira, mas eles não tinham dinheiro para sair de lá”, disse parente da família soterrada em um deslizamento em Recife. Mãe e filho foram encontrados sem vida; o pai e a filha seguem desaparecidos.

sábado 15 de maio de 2021 | Edição do dia

Essa é a realidade de inúmeras famílias brasileiras: não ter direito sequer a moradia digna. Segundo informações do G1, além da tragédia que atingiu esta família, o estado de Pernambuco já contabiliza 102 desabrigados, 36 desalojados, 39 deslizamentos de barreiras em meio às fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife e a Zona da Mata do estado nos últimos dias. Após soterramento de família, parente desabafa: “todo ano é a mesma coisa. A gente vai perdendo as pessoas”.

No momento em que mais se fala de “ficar em casa”, são inúmeras as famílias que sequer têm casa, ou quando têm, precisam viver em condições precárias, sem condições mínimas, em locais de risco. Em nota, a prefeitura afirmou “lamentar” o ocorrido, entretanto qual foi a ação que prefeituras e governos tomaram em todos esses anos para evitar essa situação que não é novidade? O lamento chegou tarde, e não trará de volta aos parentes e colegas essas vidas perdidas.

No Brasil de Bolsonaro, Mourão e os militares, não faltam motivos para que nos falte ar. É cada vez mais duro ver o noticiário e se deparar com mais mortos por coronavírus, com mais chacinas policiais, e, além disso, com mortes por problemas básicos como falta de moradia e infraestrutura, como neste caso. Estas mortes representam um triste retrato da situação em que o país se encontra e escancara uma negligência que não é só de agora, que não é apenas de Bolsonaro, mas é também dos governadores de estados como Pernambuco, como Paulo Câmara (PSB) e sua gestão municipal com João Campos do mesmo partido, que fingem oposição ao presidente mas seguem o mesmo caminho e fecham os olhos para problemas estruturais como este que já ocorrem há anos.

Circulando pelas estradas que ligam a cidade e sua região metropolitana é possível ver vários morros com enormes lonas, um indício do conhecimento das gestões públicas dos riscos de deslizamento. O problema das chuvas da região são constantes, tendo o registro inclusive de uma grande tragédia em 1975, quando os alagamentos e deslizamentos na cidade levaram 107 vidas e deixaram milhares desabrigados. Esta tragédia poderia ter sido o suficiente para que desde a administração pública fomentassem projetos que visassem resolver os problemas de moradia, saneamento, pavimentação e escoamento da cidade; assim como o manejo e coleta das águas das chuvas, que inclusive poderia aportar a outro problema recorrente: a falta de água. Mas a questão não é de falta de dinheiro e de tecnologia, e sim um problema corrente que atinge os políticos da burguesia: estão sempre governando para seus grupos capitalistas de estimação e nunca para o povo trabalhador e pobre.

Mais que nunca é necessário colocar em debate a necessidade de reformas urbanas radicais, em que os trabalhadores decidam sobre um plano de obras públicas, que gere emprego, renda, construa moradias populares de qualidade e fora de zonas de risco e resolvam questões elementares como o saneamento e a coleta das águas; financiada a partir das fortunas e lucros dos grandes capitalistas e especuladores (que do alto das suas mansões seguem lucrando enquanto a população perece), mas também do não pagamento da dívida pública através do Fim da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Nos solidarizamos com os parentes e colegas das vítimas dessa tragédia. Precisamos transformar toda essa dor em luta, buscando nosso fôlego nas mães das vítimas de Jacarezinho que estão nas ruas lutando por justiça, nas centenas de trabalhadores da linha de frente que têm se levantado por vacina e contra precarização do trabalho, no grande exemplo que deram os trabalhadores junto à juventude na Colômbia, que derrubaram a reforma tributária do reacionário governo de Duque utilizando dos métodos da classe trabalhadora - greve geral e mobilização - e em todos os pequenos focos de luta que estamos vendo despontar contra toda essa situação. É apenas a união de nossas forças que poderá dar um basta nisso e impor que sejam os capitalistas que paguem por essa crise.

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