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Incêndio no RN | "Ficamos muito abalados, todo mundo ficou nervoso", trabalhador da Maternidade Municipal de Natal

Na terça-feira, conversamos com um trabalhador da Maternidade Municipal de Natal-RN, que acompanhava a ação de apoio do Sindsaúde, que estava trabalhando no dia do incêndio e compartilhou um pouco da situação extremamente precária relegada pelo prefeito Álvaro Dias (Republicanos)

quarta-feira 8 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Na manhã deste domingo (05), ocorreu um incêndio no Hospital Maternidade Dr Araken Irerê Pinto (HMAIP), no bairro Petrópolis, Zona Leste de Natal. Por sorte não houve feridos, porém esse caso mostra o descaso de Álvaro Dias (Republicanos) com a saúde da população natalense, em especial com pessoas gestantes, mas também com os trabalhadores da saúde. Confira o relato de um trabalhador que estava e atuou para evacuar o prédio:

"Esse dia a gente ficou muito abalado, todo mundo ficou nervoso, sem saber o que fazer, porque a gente não sabia como tirar o pessoal. O pessoal que fica na UTI é muito complicado. A gente ajudava a tirar a mulher e os bebês escada abaixo. A fumaça era muito preta, a garganta começava a arder. Quando a gente conseguiu evacuar todo mundo, a gente saiu do prédio, ficou lá fora, sem saber o que poderia acontecer, se poderia chegar até a UTI. As sete pessoas que estavam lá poderiam morrer, sem ter nenhum direito a sobrevida, porque não tinha como retirar elas de lá. Elas tavam entubadas e em coma. Graças a deus, não chegou a esse ponto, o incêndio foi controlado rápido e não se alastrou. Tem que ter manutenção em dia, estrutura em dia, porque, se não, a gente corre o risco. Se o incêndio fosse grave, tinha tomado proporções que fugia do servidor controlar. A gente fica preocupado com a gente e com eles. A gente tá ali pra salvar a vida deles, dar a vida por eles e foi o que aconteceu. A gente ficou até o final pra resguardar a vida de todos que tavam no pronto socorro, no alojamento e no centro cirúrgico. A Prefeitura, além de não pagar o salário certo pra gente de acordo com o plano de carreira da saúde, tá defasado, ele [prefeito Álvaro Dias] não consegue pagar a data-base, cumprir o plano. E a gente continua trabalhando pra ver se ele cumpre o acordo que fez com a nossa greve, pra ela acabar. E a gente tá aqui, cumpriu o acordo e ainda trabalhando em condições desse jeito".

Além disso, a diretora do sindicato disse na terça-feira que, mesmo antes do incêndio, as paredes dão choque nos pacientes, devido à fiação velha e exposta do prédio. Os trabalhadores também apontam que há diversos hospitais com elevador quebrado, necrotério do lado de cozinha, assim como trabalhadores também disseram ao Esquerda Diário que o alojamento de descanso da maternidade municipal está tomado por mofo. É uma situação absurda em que os trabalhadores enfrentam assédio moral e sexual, enquanto Álvaro Dias tem o segundo maior salário de prefeito do país.

Esse acontecimento não é por acaso e não é a primeira vez. Em 2022, ocorreu um princípio de incêndio no Hospital Municipal Dr. Newton Azevedo. Esses acontecimentos lamentáveis são responsabilidade do prefeito Álvaro Dias, que precariza a saúde da classe trabalhadora natalense. Dias, além de ser negacionista, precariza as condições de trabalho dos servidores, cortou seus direitos em 2021, como a gratificação covid, e mantém uma situação de falta de trabalhadores da saúde. O prefeito, durante toda a sua gestão, se negou a atender as reivindicações dos trabalhadores da saúde, ao mesmo tempo que sua política negacionista durante a pandemia produziu longas filas de leitos, enquanto muda as decisões conforme os interesses dos grandes empresários da capital potiguar.

O sistema de saúde natalense encontrou a pandemia com prédios danificados, como já haviam denunciado os trabalhadores da saúde em sua greve em dezembro de 2019. O legado de Álvaro Dias está manchado pelas mortes desses trabalhadores, que chegaram a representar mais de 35% das mortes pela COVID 19 no estado.

Para que haja de fato uma saúde de qualidade em Natal, no Rio Grande do Norte e em todo o Brasil, é necessário batalhar por unificar efetivos e terceirizados da saúde para lutar pela reforma nos hospitais e maternidades de Natal e do RN, que passam por problemas estruturais em vários âmbitos, como buracos, mofo, e a rede elétrica antiga. Contra precarização do trabalho, que afeta também o atendimento à população defender a contratação imediata para suprir a demanda de atendimento devido o aumento da contaminação entre os funcionários e a efetivação de todos terceirizados sem concurso público, pois além de terem sido linha de frente no combate a pandemia, são essenciais para o funcionamento do sistema de saúde. E mais uma vez enfrentam uma situação de fome, como no hospital João Machado, onde os trabalhadores da empresa Justis estão há simplesmente 4 meses sem receber salário, tanto por responsabilidade da empresa que deixa os funcionários passando fome, mas não deixa de lucrar, quanto do governo de Fátima Bezerra (PT) que não faz o repasse do salário dessas trabalhadoras.

Mas também é necessário também lutar por um SUS 100% estatal sob gestão dos trabalhadores da saúde, que é a única forma de garantir que as necessidades da população sejam atendidas, contra a precarização a serviço da privatização promovida por governos como de Álvaro Dias, e também pelos governos do PT. E junto a isso, defender o fim do teto de gastos e o não pagamento da dívida pública, que são medidas reacionárias que servem para usar o dinheiro da classe trabalhadora para pagar os banqueiros donos da dívida pública, uma dívida que não foi contraída por nenhum trabalhador brasileiro, e que o governo Lula-Alckmin já demonstrou que vai seguir pagando fielmente, sendo que esse dinheiro poderia ser utilizado para garantir saúde de qualidade e outras necessidades.




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