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COMBATE À PANDEMIA | Flavia Valle: "É urgente a reconversão industrial para produzir insumos contra a pandemia"

Professora estadual de Contagem (MG) e dirigente do MRT, Flavia Valle.

quarta-feira 17 de março de 2021 | Edição do dia

"Diante da beira do colapso do sistema de saúde no país, quando atingimos a marca de quase 3 mil mortes em 24 horas, 3 estados já não possuem mais leitos para pacientes e outros 16 estados possuem ocupação de 90% das vagas em UTIs e enfermarias. Esse descaso do governo negacionista de Bolsonaro, junto a política de todo o regime do golpe institucional, do qual fazem parte militares, governadores, prefeitos, poderes legislativos e judiciários - tendo estes dois últimos como ponta principal o Congresso e STF - mostra onde chegamos pelos interesses políticos e econômicos dos grandes empresários e patrões serem colocados acima das vidas e direitos de nós trabalhadores.

Veja aqui: Bolsonaro e governadores levam país ao "maior colapso sanitário da história".

E não são apenas leitos que não estão sendo garantidos, mas também todos os insumos necessários para o combate à pandemia, como equipamentos hospitalares, respiradores, medicamentos, oxigênio e outros insumos para o atendimento de saúde; além ainda daqueles para uma proteção mínima, como máscaras seguras e álcool gel; e de controle, como os testes para covid. Estes e outros insumos deveriam ser garantidos para todos, sem desigualdade de distribuição. Só que dentro de um sistema como o capitalista, até mesmo oxigênio para respirar tem um preço para se especular e lucrar enquanto vidas são perdidas por asfixia.

Os governos, mesmo aqueles que se diziam opositores ao negacionismo de Bolsonaro - como João Doria (PSDB) em São Paulo - não garantiram uma quarentena efetiva, que pudessem os trabalhadores cumprirem um isolamento social, com o pagamento de um auxílio de pelo menos um salário mínimo, com a proibição de demissões e auxílio para pequenas empresas; enquanto seria necessária a aplicação em massa de testes para frear a rápida contaminação do vírus. Ao invés disso, as garantias ficaram para os grandes empresários e o agronegócio que passou a lucrar ainda mais com a pandemia, enquanto o preço dos alimentos cresce em escala exorbitante e nem mesmo auxílio emergencial existe mais para os quase 14 milhões de trabalhadores desempregados e 6 milhões de desalentados comprarem comida para não morrer de fome.

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É preciso darmos um basta nisso! A população não pode seguir morrendo sem que os governos tomem medidas reais para conter tamanho colapso da saúde. Um grande plano emergencial, que combata essa profunda crise sanitária e econômica, deve ser construído. As indústrias e os trabalhadores poderiam estar cumprindo um papel fundamental neste momento, onde suas plantas poderiam estar sendo reconvertidas para a produção em grande escala de todos os insumos importantes para responder efetivamente a essa crise.

Enquanto os golpistas atacam com privatizações, a Fafen (fábrica de fertilizantes pertencente à Petrobrás), que está fechada há mais de um ano, teria capacidade de produzir oxigênio para 30 mil cilindros hospitalares por hora. Ao invés de fábricas como a FORD simplesmente fecharem as portas porque arrumaram outra forma de lucrar mais, suas plantas deveriam estar obrigatoriamente cumprindo com a produção desses insumos, colocando esta sob controle dos trabalhadores das indústrias, que são os verdadeiros produtores de tudo na sociedade.

Para isso acontecer, é fundamental que as centrais sindicais saiam dessa “quarentena” para organizar a luta dos trabalhadores. Somente através de uma luta organizada e a força de uma grande mobilização é que poderemos ter a garantia de um plano emergencial pelas nossas vidas, podendo ainda abrir caminho para nossa classe alcançar patamares ainda maiores como a derrubada desse regime institucional golpista. Ao invés de ficarmos aqui, aguardando a chegada de 2022 - como PT agora com Lula elegível - enquanto nossos colegas, vizinhos, amigos e parentes têm suas vidas perdidas para o enriquecimento de poucos, é preciso a organização de todas as trabalhadoras e trabalhadores, juntamente com a juventude, para fazer com que sejam os capitalistas que paguem por essa crise."

Veja também: Basta de paralisia: CUT e CTB precisam organizar plano de luta contra a pandemia e os ataques.




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