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Yanomamis | Garimpeiros, apoiados por Bolsonaro e militares, contaminam mulheres e crianças Yanomami com mercúrio

Nas últimas semanas as notícias e imagens da situação de violência, desnutrição e miséria dos povos, em especial das crianças, da Terra Indígena Yanomami viralizaram nas redes sociais e geraram enorme indignação. Isso tudo é resultado da brutalidade que é o garimpo ilegal. Os povos também enfrentam outro absurdo resultado da atividade garimpeira: a contaminação por mercúrio.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sexta-feira 3 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Combinado a fome profunda que resultou em mais de 500 mortes, entre muitas crianças, isso tudo é responsabilidade do Governo Bolsonaro e militares, que construíram tal catástrofe e uma crise na saúde indígena juntamente ao agronegócio, os grandes fazendeiros, latifundiários e o garimpo que devasta a região.

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A Terra Yanomami vive uma crise de anos. Os últimos anos sob o governo Bolsonaro significaram grandes ataques aos direitos dos povos indígenas e ao meio ambiente. Para se ter um exemplo, um dado gritante que vale recuperar é de que de outubro de 2018 até fim de 2021, a área destruída pelo garimpo ilegal dobrou de tamanho, ultrapassou os 3200 hectares, que equivale aproximadamente a quase 4500 campos de futebol. Junto disso vimos o aumento - sem contar com a subnotificação - das notícias de violência, estupros, assédios, principalmente contra as mulheres e crianças indígenas, expressando a face mais podre desse sistema capitalista patriarcal e racista.

Os relatos da contaminação por mercúrio são bastante revoltantes e mais recorrentes entre as mulheres, no entanto famílias inteiras estão contaminadas.

"Sofri bastante até o parto. Não conseguia lavar roupa no rio, as minhas pernas ficavam adormecidas, não conseguia mais andar. Não conseguia mais ter força para carregar o balde. Até hoje tenho trauma"

"Sinto dores insuportáveis, dores nos ossos que a gente nunca sentiu na vida. A gente sente muito essas dores todos os dias"

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Esse metal é utilizado pelo garimpo ilegal para extração de ouro, e a atividade extrativa resulta na contaminação dos solos e rios, e por consequência da base alimentar indígena, sobretudo nos peixes. A contaminação por mercúrio é extremamente grave, ele acumulado no organismo pode afetar diversos órgãos trazendo consequências sérias ao sistema neurológico. Dores de cabeça, perdas de memória, tremores, fraqueza muscular são sintomas da intoxicação por mercúrio que pode levar até a morte. As mulheres são especialmente afetadas pela presença do mercúrio no sangue durante a gravidez. Sem acompanhamento de saúde adequado, elas ficam em risco para si e para o feto, que também se contamina.

A luta em defesa dos povos Yanomami e dos povos indígenas e contra o garimpo está na ordem do dia. A sofisticação do garimpo praticado na Amazônia com maquinaria pesada e armamento deixa nítido como se trata de uma atividade com grande investimento de grandes grupos econômicos capitalistas e burgueses, que também contam com o aval do aparato repressivo do Estado e do governo Bolsonaro. O apoio e ligação do garimpo com a extrema-direita e os militares mostram que a luta pelo “sem anistia" passa pela luta contra tudo o que significou o bolsonarismo, seu legado de ataques (PL da mineração, grilagem, etc), reformas e privatizações, mas também contra a impunidade dos militares e dos empresários.

Isso só pode acontecer a partir da nossa mobilização independente das instituições do Estado e do governo eleito Lula-Alckmin que negocia com o agronegócio e apoiou a reeleição no Congresso Nacional de inimigos dos povos indígenas, Lira e Pacheco. A unidade necessária é dos indígenas com os trabalhadores, estudantes e setores oprimidos com um programa político e econômico capaz de enfrentar todas as frações burguesas presentes no regime.

Rumo ao 8 de março, nós do Pão e Rosas, estamos juntes das mulheres indígenas na luta contra toda violência de gênero, por uma saúde de gratuita, segura e de qualidade, um SUS 100% estatal que atenda as demandas dos povos indígenas. Pela demarcação de todas as terras indígenas efetivamente, por uma reforma agrária radical que exproprie e se oponha aos grandes latifúndios. Em nossa luta segue o grito por justiça pelos indigenistas Dom e Bruno e todas as vidas indígenas ceifadas pelo garimpo e esse Estado capitalista.




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