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Metroviários de SP | Greve dos metroviários de SP: 4 conclusões de uma enorme demonstração de força e organização!

Há poucas horas se encerrou nossa greve, em uma votação apertada de 1480 a 1459. Nós do Movimento Nossa Classe, minoria da diretoria da Sindicato dos Metroviários, que defendemos a continuidade da greve na assembleia de hoje, queremos apontar conclusões iniciais dessa greve em que se mostrou uma disposição de luta enorme, com demonstrações de organização incríveis - como ao contornar a manobra traiçoeira do governo -, uma unidade da categoria impressionante na adesão à greve, e um apoio da população muito importante. Agora podemos sair fortes, e pra isso é importante manter essa unidade da categoria e aprofundar a busca pela aliança com a população, para seguir na luta.

sexta-feira 24 de março de 2023 | Edição do dia

Foto: reprodução

Nossa greve teve um grande significado político. Foi um primeiro enfrentamento com o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas, com menos de três meses de seu governo, do qual a categoria saiu mostrando grande força e organização, recebendo apoio da população que sofre todos os dias nos transportes as consequências da política de privatização e precarização que esse governo quer aprofundar, e o governo saiu desgastado, por isso mesmo tendo que recuar da postura inicial de não fazer nenhuma negociação, nem apresentar qualquer proposta. Essa batalha pode contribuir para preparar as próximas, não só da categoria, mas de toda a classe, contra o governo Tarcísio - outros trabalhadores agora se veem em melhores condições para enfrentá-lo do que antes da greve - e contra o legado de precarização, da terceirização e da reforma trabalhista, que precisamos revogar. Para aproveitar isso, é importante buscarmos tirar algumas conclusões dessa experiência.

Se provou cabalmente o acerto de deflagrar a greve, e o erro dos setores que foram contra

Essa conclusão é clara, e não só porque conquistamos um abono que o Metrô e o governo antes da greve negavam e diziam não ter nenhuma possibilidade de pagar, com nenhum valor - enquanto aumentam o salário do governador, e pagam à CCR 2 reais a mais por cada passageiro da Linha Quatro. Mas também pelo saldo político que fica da demonstração de força, da experiência de organização, e do desgaste imposto ao governo.
Se mostrou equivocada a posição contra a deflagração da greve defendida pelo setor majoritário da diretoria, Resistência-PSOL (Chega de Sufoco) e pela oposição da CTB (Antiga Chapa 1-Unidade Metroviária).
Está clara a disposição para a luta que estava instalada na categoria, e é preciso confiar nessa força e buscar impulsioná-la.

É preciso dar cada vez mais peso à aliança com a população e à unidade da classe

Como vemos em muitas greves nossas, foi determinante conquistar o apoio de grande parte da população, que usa o Metrô. Não à toa governo e imprensa sempre buscam nos jogar uns contra os outros. A força da nossa classe está justamente na unidade, especialmente entre trabalhadores de serviços estratégicos, como nós, e os setores mais precarizados da nossa classe. E também na aliança da nossa classe com os setores mais pobres e oprimidos da população. Defender com força os interesses da maioria da população é fundamental para construir isso, e para combater a política do governo de nos enfraquecer tentando jogar a população contra nós e mostrar nossa luta como a defesa de “privilégios”. Consideramos que cada luta confirma a necessidade de nosso sindicato avançar nisso, por isso há anos insistimos nessa discussão, inclusive com a maioria da diretoria do sindicato. Também por isso combatemos a política da CTB, CUT e UP (Chapa 1), de sempre alimentar o corporativismo e a contraposição entre a defesa da nossa categoria e a do conjunto da classe.

A centralidade da luta por contratação já! Contra a privatização e a terceirização!

Viemos defendendo a centralidade da pauta pela contratação, para combater a situação insuportável de sobrecarga de trabalho, e também mostrar para a população que nossa luta é por melhores condições de atendimento. Por isso na assembleia de hoje, última assembleia da greve, defendemos seguir em greve apresentando uma contraproposta com peso para a garantia de contratações. Agora precisamos seguir com força essa luta.
Veja entrevista de Marília, diretora do sindicato e do Nossa Classe, ao final da greve
Em nossa defesa, hoje também apontamos a importância de garantir nenhuma punição pelo movimento grevista de conjunto, (não só pela retirada de uniforme, como o Metrô escreveu), e agora precisamos manter a vanguarda organizada e atenta para isso.
Também a luta contra a privatização, que Tarcísio está propagandeando que vai avançar nos transportes, e ameaça não só nossos empregos, mas a qualidade e segurança do transporte de toda a população, como vemos nos acidentes e falhas das linhas 8 e 9 da CPTM, no sistema feito para vender o Monotrilho, e que gera acidentes como a recente colisão. E também contra a terceirização - que divide nossa classe e impõe condições de trabalho e salários muito mais baixos -, e pela efetivação de todos os trabalhadores sem necessidade de concurso, como aprovamos em nosso último congresso.

Apostar nas nossas forças e na unidade dos trabalhadores na luta!

Na assembleia de hoje defendemos contra a posição de aceitar a proposta do Metrô, defendida pela maioria da diretoria do sindicato (Resistência-PSOL e PSTU) e pela burocracia que está na oposição (CTB e CUT), da qual discordamos. Nossa categoria mostrou muita unidade na luta, conseguimos o apoio da população, e consideramos que com isso poderíamos impor uma contraproposta.

Proposta do metrô aceita como acordo de fim de greve

Ao mesmo tempo, compreendemos os quase 1500 trabalhadoras e trabalhadores que votaram pelo fim da greve, e também consideramos que era um cenário difícil o da continuidade da greve nesta sexta.
Agora é fundamental manter a unidade que a categoria mostrou na luta, mesmo tendo deflagrado a greve em uma votação muito acirrada. Não podemos deixar nossa categoria se dividir.

Propostas e votação na assembleia final de hoje

E precisamos apostar na disposição de luta e organização que teve muitas expressões impressionantes na greve. Em especial para contornar a manobra traiçoeira de Tarcísio e do Metrô, concordando com nossa posição de abertura das catracas na greve, e ao mesmo tempo em que buscava na justiça proibir a abertura das catracas. Foi impressionante a organização com que milhares de trabalhadores voltaram rapidamente aos postos de trabalho, e em seguida, quando se escancarou a manobra mentirosa de Tarcísio, paralisaram novamente o funcionamento do Metrô e saíram do trabalho, em unidade e com total adesão.
Ao mesmo tempo, a experiência mostrou que, se por um lado a catraca livre é uma posição importante para ganhar o apoio da população, não podemos fazer de forma a entregar à empresa e ao governo o poder para decidir como e quando se retoma o trabalho e o controle do funcionamento do Metrô. Ontem corremos o risco de a empresa abrir as estações, mesmo que com catracas abertas, e em seguida soltar a liminar determinando que as catracas não poderiam ficar abertas, o que teria colocado a greve em uma situação muito difícil, com o metrô funcionando, cobrando tarifa e o sistema cheio. A conclusão fundamental é que somos nós que precisamos decidir e controlar nossa greve, seja qual for a forma que realizemos, através da nossa própria auto organização pela base.

Apesar de termos defendido contra o encerramento da greve na assembleia de hoje, consideramos que a demonstração de força e organização que a categoria deu deixa um saldo político positivo, e que podemos sair dessa greve mais fortes para seguir lutando. E que essas conclusões deixadas por essa experiência podem ajudar a aproveitar ao máximo.




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