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Eleições | Lula janta com Benjamin Steinbruch, defensor de que o trabalhador "coma com uma mão, e trabalhe com outra"

Novo apoiador de Lula-Alckmin, Steinbruch defende que trabalhadoras mulheres grávidas e lactantes operem em locais insalubres, e gostaria que "se trabalhasse cada vez mais jovem".

quinta-feira 29 de setembro de 2022 | Edição do dia

Benjamin Steinbruch, patrão-chefe da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), é um dos mais novos aderentes à campanha presidencial de Lula-Alckmin. Beneficiou-se muito com as reformas de Temer e Bolsonaro, especialmente com a destruição da legislação trabalhista. Como muitos expoentes do capital urbano brasileiro, foi obrigado a mudar de orientação política (temporariamente, como sabemos) para tratar de colher de maneira estável os frutos dos ajustes.

Mas quem é o novo apoiador de Lula-Alckmin?

Steinbruch é um defensor das novidades da Revolução Industrial do século XVIII para a nossa época. Já há muito tempo gosta de modernizar as coisas com "inovações"... de 200 anos atrás. Considera "moderna" uma legislação trabalhista de uma época em que crianças menores de 10 anos trabalhavam 16 horas por dia.

Em 2017, em entrevista para Fernando Rodrigues do UOL, Steinbruch disse: “É preciso flexibilizar a legislação trabalhista. A jornada pode ser flexível. A idade pode ser flexível, também. A idade do...agregado poder trabalhar [fazendo sinal para baixo, indicando trabalhadores mais jovens]. Trabalhar mais jovem.”

É o desejo de todos os patrões ter de volta as crianças em suas fábricas. O novo apoiador da chapa Lula-Alckmin deseja essa modernização na legislação laboral, animado pelas reformas dos últimos anos. Não pagar nada a crianças, obrigadas a acordar 3 horas da manhã e ficar no trabalho até o final do dia, adquirindo doenças ocupacionais desde cedo, é uma “noção moderna” para os herdeiros da escravidão no Brasil.

Igualmente "moderno", hoje como na aurora da revolução industrial, é o tempo de descanso de 15 minutos. Steinbruch tomou um suposto exemplo do imperialismo norte-americano (que superexplora trabalhadores próprios e alheios no mundo todo) para defender o fim do horário de almoço.

“Aqui a gente tem uma hora de almoço. Não precisa de uma hora de almoço, porque o cara não almoça uma hora. Você vai nos Estados Unidos, vê o cara almoçando, comendo sanduíche com a mão esquerda, e operando a máquina com a mão direita. Tem 15 minutos para o almoço, entendeu? Eu acho que se o empregado se sente confortável em diminuir esse tempo, porque a lei obriga que tenha que ter esse tempo (uma hora de almoço)?”.

Steinbruch já foi chefe da Fiesp, a Federação Industrial de São Paulo, que patrocinou a campanha do golpe institucional de 2016, e que tem um longo histórico de apoio a ingerências militares na política, como no golpe militar de 1964. Em 2017, Steinbruch foi um dos empresários da indústria que buscou naturalizar que as trabalhadoras grávidas e lactantes trabalhassem em locais insalubres. Segundo a proposta original da reforma trabalhista que apoiava, as trabalhadoras grávidas e em período de amamentação poderiam trabalhar em lugares insalubres de “grau médio e mínimo”, só ficando proibido o “grau máximo”. Graus que não causariam nenhum problema físico a Steinbruch, mas que se julga apto a classificá-los.

Steinbruch, a Fiesp, e todos os personagens empresários e do mundo financeiro presentes na reunião com Lula esta semana foram responsáveis pelas catástrofes no mundo do trabalho, pelas reformas trabalhista e da previdência, e por terem apoiado direta ou indiretamente o golpe institucional que levou a extrema direita bolsonarista ao poder.

Querem acabar com os direitos trabalhistas do conjunto da classe, e inclusive oficializar o trabalho infantil. A abjeta burguesia brasileira, herdeira de escravocratas e ligada por mil laços ao latifúndio e ao agronegócio, não abdicará das conquistas desses últimos anos.

Nossa tarefa é lutar contra as reformas econômicas da direita e do bolsonarismo com os métodos independentes da classe trabalhadora. A conciliação de classes só favorece a direita. É por isso que estamos defendendo como pontos hierárquicos de nossa campanha a defesa da revogação de todas as privatizações e reformas, em primeiro lugar da reforma trabalhista, abolindo qualquer tipo de flexibilização laboral e lutando por plenos direitos trabalhistas, ligado à construção de uma grande batalha pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, com 30 horas semanais para enfrentar a precarização e o desemprego, na perspectiva da divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados, e da sua unificação. Trabalho digno para todos: basta de naturalização da precarização do trabalho, devemos atacar o fundamento dos lucros dos capitalistas.




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