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ATO HOJE EM VÁRIAS CIDADES | MRT chama a participar da "Quinta-feira Vermelha" com bloco delimitado da burocracia governista

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quinta-feira 25 de junho de 2015 | 12:26

O MTST convoca hoje o ato "Quinta-Feira Vermelha: contra a retirada de direitos, responderemos com luta". A convocatória é assinada pelo PSOL, CUT, CTB, UNE e outras organizações ligadas ao PSOL, PT e PCdoB. O PSTU aderiu ao ato com uma convocatória própria. O Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) chama a participar com um forte bloco anti-governista, com outro programa e por um plano de lutas efetivo.

O contexto do ato e a necessidade de um plano de luta efetivo e uma política independente da burocracia governista

A "Quinta-feira Vermelha" vem depois dos dias de luta de 15 de abril e 29 de maio, que foram importantes, mas a burocracia sindical governista (CUT e CTB) foi o principal agente em garantir que fossem controlados, sem assembleias de base e paralisações generalizadas. Por isso, essas mobilizações ficaram por trás da disposição de amplos setores do movimento operário e de massas, cansados dos ataques do governo e da patronal, em especial com os ajustes que já vem sendo sentidos com o aumento do desemprego, da inflação e com o rechaço à ampliação da terceirização.

Ainda assim, um ponto positivo dessas manifestações foi que apesar de setores governistas tentar colocar a defesa do governo como marca, por trás da consigna de "defesa da democracia, contra o golpismo", não conseguiram. Para as amplas massas, estes dias apareceram como dias de luta contra os ataques.

No entanto, a principal limitação é que foram dias de luta dispersos, por fora de um plano de luta efetivo. Dias de luta que necessariamente teriam que ter continuidade, se aprofundar e ser organizados pela base e com paralisações efetivas. Prova disso é que foi justamente nesse período em que ataques importantes vem sendo implementados. Assim como houve várias greves, com professores e servidores à cabeça em vários estados, mas não houve nenhuma política de unir e coordenar essas lutas. Assim, em sua maioria não conseguem vencer, devido ao isolamento imposto pelas direções e a falta de uma verdadeira democracia operária na organização do ativismo nessas greves pela base.

O PSOL e o PSTU falam que é necessária uma greve geral, mas tem mostrado uma impotência em ser um ponto de apoio para ser alternativa à burocracia sindical, ao mesmo tempo que pudesse exigir que fizemos muito mais do que o que vem fazendo. Participaram destes dias de luta sem uma delimitação clara da burocracia sindical governista. Não se pode seguir falando em greve geral sem uma política séria de exigência e denúncia com a burocracia sindical governista e sem um exemplo por parte da esquerda na medida das suas forças, colocando seu peso parlamentar (PSOL) e sindical (PSTU) para esta perspectiva. Esse exemplo já deveria estar partindo da solidariedade às lutas em curso e coordenação, assim como do 2º Congresso da CSP-Conlutas, onde batalhamos para que servisse para este objetivo, mas a direção majoritária do PSTU se contentou em fazer chamados de "greve geral" por fora de uma política séria que aponte nesse sentido.

O exemplo mais recente da passividade da esquerda é a greve das federais, que é uma das principais do país, onde a esquerda tem peso e não podemos deixar no isolamento, assim como as outras que ainda seguem.

Sem uma política como essa, atos como o de hoje, sem continuidade, sem preparação, sem assembleias de base e paralisações efetivas, se tornam necessariamente atos que, por mais que levante demandas corretas e cumpram um papel de denúncia pontual, não poderão mudar o curso atual de ataques que vem se dando por parte de Dilma e do PT, que ao contrário do que os setores governistas querem fazer parecer, estão sendo importantes agentes dos ataques junto ao Congresso.

O programa da convocatória oficial e o nosso

O programa levanta demandas corretas, que são a base pela qual chamamos a participar. Com um passo à frente ao do dia 15 de abril ao não colocar a consigna de "defesa da democracia", atrás da qual aparece a defesa do governo Dilma, sustentando pelo PT e PCdoB. Também dá um passo à frente ao criticar os ajustes "do governo federal", mas poupa Dilma, que é a principal responsável e, ligado a isso, não coloca uma denúncia de ataques essenciais que vem passando contra os trabalhadores como a restrição do acesso ao seguro desemprego, não denuncia o fator 85/95 da aposentadoria que a CUT/CTB vem tratando como "conquista" nem que foi nos governos do PT que a terceirização passou de 4 para 12 milhões. Se coloca contra o atual projeto de ampliação das terceirizações, mas não aponta uma saída para o problema da terceirização hoje existente, que para nós tem que passar por unir efetivos e terceirizados na luta pela efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso púbico ou processo seletivo, com os mesmos direitos e salários.

Na questão da corrupção, há uma crítica ao financiamento privado de campanha, mas no fundo querem blindar o PT e o governo que nestes 13 anos tem tomado as empresas estatais e órgãos públicos a favor do financiamento dos políticos e de seu próprio partido. Sabemos que a corrupção está em todos os partidos da ordem, mas há 13 anos quem governa é o PT. Exigimos punição, prisão e expropriação dos bens de todos os corruptos. A convocatória também não denuncia a cláusula de barreira e as restrições a acesso a rádio e TV que querem fazer com partidos como o PSTU, PCB e PCO, assim como não denuncia que não há ajuste dos privilégios dos políticos, que seguem aumentando seus salários exorbitantes e até montando um "Parlashopping" em negociata com Dilma..

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) chama a participar do ato com um bloco anti-governista

Mas as limitações que colocamos em relação a como vem sendo conduzida a luta até agora e a este ato, não tira que suas demandas são corretas e, apesar de pouco preparado, é necessário compor com a maior força possível. No entanto, chamamos a participar com uma política independente. Levantaremos a necessidade de uma mobilização independente da burocracia, organizada a partir das bases. A burocracia sindical que está no ato tem que mobilizar efetivamente suas bases e não somente comparecer a estes atos para parecer que está lutando. Aderimos ao ato devido aos aspectos corretos de programa que coloca, mas somando questões cruciais que ficaram de lado. Seremos uma voz que vai dizer claramente que não é só o Congresso ou um "governo federal" por trás dos ataques. Dilma e o PT são responsáveis e a burocracia sindical tem sido aliada direta.

A maior demonstração recente disso é que estão apresentando o fator 85/95 da aposentadoria como uma conquista e abandonando a luta pelo fim do fator previdenciário, como denunciamos neste artigo. Nossa luta é por derrubar o fator previdenciário e que a aposentadoria integral seja garantida por tempo de serviço, com 35 anos para homens e 25 para mulheres, com salário mínimo do DIEESE.

Colocaremos também outro eixo com mais peso: a luta não somente contra a redução da maioria de penal, mas também contra o aumento da pena para até 8 anos, projeto do tucano José Serra que Dilma e o PT estão assumindo para si. A juventude precisa de escola, cultura, lazer, futuro, não mais prisão.

Em relação à luta contra a corrupção, além de agregar a luta contra a cláusula de barreira que quer tornar ainda mais anti-democrática a legislação brasileira, é preciso ter uma política decidida contra os privilégios dos políticos, juízes e funcionários de carreira do Estado. Todo político deve ganhar como um professor, como lançamos na campanha pelo Esquerda Diárioe conquistamos centenas de milhares de apoios.

Consideramos que a política votada em assembleia do Sindicato de Trabalhadores da USP (do qual fazemos parte da diretoria), em sua última paralisação, é bastante correta, como expressa o diretor Bruno Gilga, do MRT, neste artigo e vídeo.

Chamamos a todos a fortalecer essa política no ato e daqui para frente, pois com atos dispersos não vai ser possível barrar os ataques em curso e os que querem passar.




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