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METROVIÁRIOS SP | Metroviários de SP votam estado de greve contra os ataques de Doria na véspera do Natal

Em assembleia realizada no dia 16/12, os metroviários de SP decidiram entrar em estado de greve contra as medidas do governador Doria e da empresa, como o avanço da terceirização, demissões, retirada de direitos na véspera do Natal, se aproveitando o período de festas e da pandemia para atacar. Também foi decidido pela categoria o uso de adesivo, colete e denúncias dessa situação com agitação e caixa de som nas estações.

Rodrigo Tufãodiretor do sindicato das Metroviárias e Metroviários de SP e do Movimento Nossa Classe

quinta-feira 24 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Com o quadro de funcionários extremamente defasado os metroviários de SP, efetivos e terceirizados, estão sofrendo as consequências da política da privatização, com terceirização, retirada de direitos e demissões por parte do governo paulista tucano. Ataques por todos os lados estão sendo implementados em diversas áreas da empresa, estações que abrem com quadro de funcionários muito abaixo do mínimo, bilheterias terceirizadas às custas da precarização do trabalho e do corte de adicionais, corte da periculosidade em setores da manutenção e Centro de Controle Operacional (CCO) e demissões que atingem principalmente os setores da manutenção que estão sendo privatizados, o que dificulta ainda mais a prestação de um bom atendimento à população de São Paulo, aprofundando a precarização do transporte público. 

Essas são as marcas da gestão Doria na empresa. Tudo isso durante a pandemia, onde os metroviários arriscam suas vidas para manter o transporte funcionando na cidade, levando pacientes e profissionais da saúde aos hospitais no combate ao vírus, sem testes massivos, sem EPI adequado para trabalhar na pandemia, com idosos trabalhando no segundo lugar de maior contaminação do Estado de SP: o transporte público. Enquanto isso, o governo segue literalmente se multiplicando as mortes e os novos casos de Covid-19 na região metropolitana de SP, com total responsabilidade do governador Doria e do Prefeito Bruno Covas. E como se não bastasse, na câmara dos vereadores de SP se aprova o escandaloso aumento de 46% no salário do prefeito Bruno Covas, ao invés de se aprovar medidas emergenciais de combate à pandemia e ajuda à população de SP, e ainda anunciou que junto a Doria irão retirar o benefício da gratuidade no transporte para os idosos de 60 à 65 anos, um absurdo!

Mesmo depois da categoria com a força da sua mobilização ter barrado com greve a tentativa da empresa de acabar com o acordo coletivo em julho desse ano, a direção do Metrô, se aproveitando da crise sanitária que estamos passando e das festas de final de ano, tenta arrancar agora os direitos que não conseguiram tirar naquele momento.

É necessário uma unidade de todos para derrotar essa ofensiva. Não se pode aceitar a perda de periculosidade dos trabalhadores do CCO e da manutenção. Não se pode aceitar também que em meio a uma pandemia, onde os metroviários prestam um serviço essencial, que seguem adoecendo e se contaminando por Covid-19 sejam demitidos em massa por Doria e pela empresa enquanto deveria estar sendo feitas contratações para melhor atender a população, abrindo concurso público, além de efetivar os terceirizados ao quadro operativo. Além disso, os funcionários efetivos das estações que estão perdendo o posto de bilheteria terão a perda dos adicionais de risco de vida e quebra de caixa que equivale ao valor de 30% do salário base. E ao mesmo tempo que tem se avançado a passos largos com a terceirização das bilheterias, com 16 bilheterias terceirizadas somente em novembro, e de setores da manutenção, cresce enormemente a precarização do trabalho no principal meio de transporte da cidade de São Paulo.

Já são praticamente todas as bilheterias do Metrô terceirizadas e diversas áreas da manutenção. Além de um trabalhador terceirizado receber 1/3 do valor do salário base de um metroviário efetivo, ainda não possuem direito a adicionais e benefícios como por exemplo o plano de saúde Metrus, algo tão importante quando se trabalha num lugar de tamanha exposição ao Covid-19 como no Metrô, se soma a isso os inúmeros casos de assédio moral que recebem esses trabalhadores por parte das chefias das empresas terceirizadas e até mesmo das próprias chefias do Metrô. Advertências e suspensões são a regra dessas empresas como forma de obrigar a que aceitem calados as condições precárias de trabalho. Para o Metrô e o governo é unir o útil ao agradável pois por um lado se isentam da responsabilidade por esses funcionários, gastam menos às custas dos baixos salários pagos (enquanto segue a festa dos super salários nos altos cargos do Metrô como já denunciamos aqui) e ainda conseguem aprofundar a divisão da categoria metroviária entre efetivos e terceirizados, enfraquecendo a nossa luta e assim passando mais facilmente os ataques a todos nós. Por isso a importância da defesa por parte de nosso sindicato e da categoria de que os terceirizados recebam os mesmos direitos e salários que um efetivo e sejam incorporados ao quadro efetivo. Somente levantando essa consigna será possível combater a divisão que as patronais e governos tentam impor aos metroviários e ao conjunto da classe trabalhadora. Juntos somos mais fortes pra lutar por nossos direitos e contra a precarização! 

Organizar pela base a mobilização, com reuniões por área de trabalho, setoriais e assembleias, são as principais medidas que nós da Chapa 4 Nossa Classe, minoria do sindicato dos metroviários, acreditamos que nosso sindicato deve impulsionar nesse momento para os Metroviários resistirem. Sem lutar de forma decidida pelos nossos direitos, o projeto de privatização vai acabar com os cargos efetivos da empresa, precarizar as condições de trabalho e piorar a qualidade do transporte para a população com a tarifa a preços cada vez mais absurdas. Os caminhos das negociações pacíficas com a empresa e processos na justiça, não estão surtindo efeito, pois a ofensiva em destruir os direitos dos trabalhadores passam por um grande acordo nacional em todas as esferas, tanto no governo federal quanto nos estaduais, além do judiciário, que sustentou o golpe de 2016 e segue respaldando toda retirada de direitos dos trabalhadores promovida por governos e patrões. 

Frente a divisão imposta pela direção do Metrô somente a unidade e a mobilização junto com a população pode garantir um transporte público com qualidade e a preservação dos direitos e dos empregos. Nós do movimento Nossa Classe Metroviários e da Chapa 4 chamamos toda categoria a, com toda a nossa força, usar os coletes e adesivos, e organizar pela base nossa mobilização, com reuniões setoriais e reuniões nos locais de trabalho, para preparar uma forte greve contra a privatização, a terceirização, as demissões e a retirada de direitos.

Foto: Marcia Alves/CMSP




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