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Privilégios | Militares no governo Bolsonaro aumentam os próprios soldos antes de aposentar

Jair Bolsonaro garantiu privilégios na aposentadoria de militares que estão realizando “cursos de aperfeiçoamento" para aumentar seu soldo em até 66%, podendo chegar a 73% em 2023. Enquanto isso a grande maioria dos trabalhadores do país sequer conseguirá se aposentar após a reforma da previdência de Guedes, que foi aprovada pelo congresso, com apoio do judiciário, da mídia burguesa, dos capitalistas e da alta cúpula dos militares.

quarta-feira 28 de setembro de 2022 | Edição do dia

Após a aprovação da reforma da previdência no fim de 2019, em dezembro do mesmo ano, Jair Bolsonaro sancionou a reforma da previdência dos militares. Mas o discurso que dizia que os militares também iriam arcar com sua parte era uma grande falácia, Bolsonaro garantiu a criação de um mecanismo para garantir um aumento exorbitante no soldo dos militares que passam para a reserva. O caminho para isso é a realização de cursos de "aperfeiçoamento", que garantem hoje aumento de rendimentos de 66%.

Dados oficiais do Ministério da Defesa indicam que, entre 2019 e agosto de 2022, 4.349 oficiais e suboficiais da Marinha concluíram curso de aperfeiçoamento para "Assessoria em Estado-Maior para Suboficiais", que duram, em média, oito semanas. Desse número, 1.932 militares estão na reserva, e outros 178 estão em processo de transição para a reserva. Isso significa que 48% dos oficiais e suboficiais que passaram pelos treinamentos hoje estão na reserva recebendo soldos que foram aumentados.

Com a lei sancionada por Bolsonaro, o aumento passou de 54%, no ano passado, para 66% desde julho de 2022. A partir de julho de 2023, o porcentual chegará a 73%. Um contraste enorme com a grande maioria dos trabalhadores que terão que contribuir pelo menos por 40 anos, sem nenhum período de desemprego, para poder efetuar um cálculo que talvez chegue aos 100% do teto salarial do INSS, na prática trabalhando até morrer.

A marca do governo Bolsonaro, fruto do golpe institucional de 2016, foi a interferência cada vez maior dos militares no regime político. O presidente promoveu um salto na presença de militares em cargos civis no governo, que foi de 3 mil em 2017 para 8 mil agora em 2022. Um aspecto central de autoritarismo deste novo regime pós golpe que nestas eleições estão contando ainda com a conivência do TSE e do poder judiciário, participando na fiscalização do processo eleitoral e que tem sido usado por Bolsonaro para criar as condições propícias ao questionamento de sua provável derrota eleitoral.

Diante de qualquer ameaça golpista de Bolsonaro e militares é preciso dar uma resposta contundente exigindo das centrais sindicais um plano de luta imediato com greves e manifestações. A organização da nossa classe é decisiva. Ainda que Bolsonaro seja derrotado nas urnas, o bolsonarismo seguirá existindo como força social reacionária no país.

Contra os privilégios materiais dos militares temos que exigir a abolição de suas pensões vitalícias, os altos salários, etc., o fim dos tribunais militares e a realização de todos os julgamentos por júri popular, ligado à abolição da Lei da Anistia de 1979 com a punição de todos os responsáveis civis e militares pelos crimes de Estado durante a ditadura militar.




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