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HERANÇA DA DITADURA | Mourão insiste em defender seus pares torturadores: “Ustra respeitava direitos humanos"

Mourão afirma, em entrevista para a televisão alemã Deutsche Welle, que o maior torturador da ditadura militar no Brasil o Coronel Brilhante Ustra era “um homem de honra e respeitava os direitos humanos dos seus subordinados”. “Dos seus subordinados”!

sexta-feira 9 de outubro de 2020 | Edição do dia

Foto do Ustra 2014: Dida Sampaio/Estadão

Carlos Alberto Brilhante Ustra comandou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna) durante a ditadura militar entre 1970 e 1974. Foi responsável por pelo menos 45 mortes e desaparecimentos no local, e mais de 500 denúncias de tortura nas dependências da instituição, de acordo com a Comissão Nacional da Verdade. Ustra foi o único militar brasileiro condenado pela Justiça como torturador, porém nunca pagou pelos seus crimes e morreu tarde aos 83 anos em 2015.

Mourão declara: "O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade". Demonstrando sua intimidade com o maior Ícone da tortura do regime militar Mourão se esquiva durante a entrevista relativizando a História e se dizendo contra a tortura. Além de, na maior cara de pau, falar que é a favor da democracia, mas de que “democracia” fala Mourão?

Um país que acaba com uma ditadura militar para impor uma democracia mas não julga e faz pagar os criminosos dessa ditadura, transita para uma democracia degradada e tutelada pelos militares. Militares que agora retomando forças junto com todos os setores golpistas do regime falam, como Mourão, hipocritamente de democracia enquanto suas praticas são extremamente autoritárias, como nomear interventores para as Universidades Federais, manter um paraquedista no Ministério da Saúde, privatizar estatais a revelia da população, favorecer o agronegócio com as queimadas cortando recursos do Ibama e do Inpe, permitir milhares de demissões e decretar a redução de salários em meio à pandemia. É como Bolsonaro e Mourão vem conduzindo o país, por meio de decretos e medidas provisórias, promovendo uma verdadeira política genocida durante a pandemia desviando recurso de testagens inclusive e negando os riscos de contaminação levando a morte de mais de 150 mil pessoas.

A democracia degradada de 1988, governada por 13 anos pelo PT, abre ainda mais espaço agora para o regime do golpe institucional de 2016, que avança com as reformas contra os trabalhadores, que o PT já vinha aplicando mas não levou até o final. Definitivamente a saída da crise para os trabalhadores não está em confiar que algum setor desse regime pode governar para o bem do povo trabalhador. Lutar pela democracia contra esse regime golpista significa ativar a auto organização dos trabalhadores para uma grande luta unitária nacional para derrubar, por meio de ampla mobilização e da luta, Bolsonaro e Mourão. Em grande medida as grandes centrais sindicais como CUT (PT) e CTB (PCdoB) pode cumprir esse papel organizativo da classe, pois essas centrais dirigem a maioria dos sindicatos pelo país. Esses partidos deveriam buscar uma aliança com os trabalhadores ao invés de coligações com partidos golpistas como estão fazendo.

Lutar por Fora Bolsonaro e Mourão porém não pode significar depositar sequer um pingo de confiança no STF, no Congresso ou nos governadores, pois todos se unem quando é para descarregar a crise capitalista sobre a classe trabalhadora, sobretudo sobre os setores mais precários, com contratos temporários e terceirizados ou uberizados. A luta da classe trabalhadora deve ser para mudar as regras desse jogo sujo da política, fazendo as próprias regras impondo pela luta uma Constituinte Livre e Soberana com representantes eleitos em locais de trabalho, moradia e estudo, artistas e o povo em geral para colocar na ordem do dia que todo político ganhe como um trabalhador especializado ou um salário mínimo do DIEESE (que hoje é de R$ 4892,75) por exemplo. Uma luta dessas é o que pode mudar concretamente as vidas das pessoas, uma luta dos trabalhadores para que sejam os capitalistas que paguem pela crise!




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