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Arrocho salarial | No Brasil de Bolsonaro e militares, trabalhador é contratado com salário 2,82% menor que em 2021

O salário médio de contratação em empregos com carteira assinada diminuiu cerca de 2,82% em relação ao ano passado. Apesar da leve recuperação da economia, isso não se reverte em melhoria de condições para a classe trabalhadora e o povo pobre que sofre com a precarização e as reformas

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

quarta-feira 14 de setembro de 2022 | Edição do dia

Segundo levantamento do portal G1 com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, o salário médio de contratação no país em empregos com carteira assinada foi de R$ 1.926,54 em julho – 2,82% abaixo dos R$ 1.982,55 pagos no mesmo mês do ano passado. Isso é um reflexo geral do arrocho salarial promovido pelos grandes empresários com apoio direto de Bolsonaro, tendo sido responsável por desvalorizar o salário mínimo e deixá-lo sem aumento real pelo quarto ano consecutivo.

Dentre os 20 grupamentos econômicos, os piores salários estão concentrados em atividades como a pesca, agricultura, pecuária, alimentação, alojamento e comércio. Enquanto o agronegócio lucra bilhões exportando em dólar e devastando os biomas, gerando intensas ondas de calor e seca, o salário dos trabalhadores do campo são miseráveis.

É preciso levar em conta a alta galopante da inflação que está correndo cada dia mais o poder de compra da população pobre, podendo comprar só restos de queijo, soro de leite e ossos nas prateleiras dos supermercados. A reforma trabalhista, que faz a juventude negra e da periferia trabalhar 14 horas por dia sem nenhum direito trabalhista, assim como os milhões de desempregados, condicionam o salário dos setores de trabalho formal, rebaixando-o. No final, quem lucra bilhões são os capitalistas, e a classe trabalhadora é quem paga a conta.

Ainda segundo o G1, o país registrou novamente recorde nos pedidos de demissão entre os trabalhadores com carteira assinada.Foram 6,467 milhões de pedidos de demissão nos últimos 12 meses até julho - o que equivale a 32,4% do total de desligamentos no período (19,984 milhões). Ou seja, 1 de cada 3 desligamentos foram voluntários (a pedido do trabalhador). Os valores dos salários são um dos motivos para os profissionais saírem de seus empregos.

A extrema-direita de Bolsonaro, com apoio dos militares, quer que a classe trabalhadora pague pela crise. A FIESP, cujo diretor disse que o operário pode operar a máquina com uma mão e almoçar com a outra, a FEBRABAN e o conjunto do capital financeiro e industrial que apoiaram a carta pela “democracia” no dia 11 divergem apenas da forma de governo de Bolsonaro - não de seu projeto econômico. Foram esses setores, que com ajuda do STF, centrão e de figuras neoliberais como Geraldo Alckmin aprovaram todas as reformas que escravizam nossa classe hoje. Lula e o PT abertamente já disseram que não irão revogar as reformas de Bolsonaro e Temer, pois estão junto desses mesmos setores capitalistas que na menor brecha farão de tudo para impor mais ataques à nossa classe e recompor suas taxas de lucro diante de uma crise internacional, muito diferente dos primeiros governos do PT. É essa conciliação com os patrões e a direita, a paralisia eleitoreira das centrais sindicais deixando as ruas livres para o bolsonarismo, que fortalece a extrema-direita, assim como aconteceu no golpe de 2016.

Nesse sentido, é preciso um programa para que sejam os capitalistas quem paguem pela crise, a começar pela revogação integral da reforma trabalhista e a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução salarial, para acabar com o desemprego; se a inflação sobe, o salário também tem que subir: pela indexação dos salários à taxa de inflação! É esse programa que as candidaturas do MRT, pelo Polo Socialista Revolucionário, estão levantando nessas eleições, fortalecendo a batalha pela unidade da classe trabalhadora contra o bolsonarismo, as reformas e ataques, mas sem confiar na direita e nos patrões.

Leia mais: Editorial MRT




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